Chegamos no meu apartamento e Ayla ainda não expressou nada. Ela fica quietinha só observando tudo.
— Aqui é a minha casa — digo para ela após abrir a porta. — Pode ficar à vontade.
Ela apenas me olha, não faz menção de entrar. Ayla espera que eu segure sua mão e entre com ela.
— Vou arrumar algum lugar pra você dormir, pode me esperar aqui na sala? — pergunto tentando fazê-la ter alguma reação.
Ela balança a cabeça em concordância e anda lentamente para o sofá. Sorri por ter conseguido um balançar de cabeça.
Caminhando até o meu quarto começo a pensar em tudo que aconteceu, parece que só agora a ficha está caindo.
Eu não faço ideia do que fazer agora, tenho uma filha. Uma criança. E não é como se eu estivesse com um filho de um amigo para passar algumas horas ou dias comigo, ela é minha filha, vai passar a vida inteira comigo.
Estou ferrado.
Não preciso procurar um lugar para ela dormir, tenho quartos sobrando, precisava apenas de um tempo pra pensar.
Já comecei errado, quem deixa uma criança sozinha sem supervisão? Sou péssimo nesse negócio de pai, já estou até vendo.
Em meio ao meu desespero só me vem uma ideia a mente:
Ok. Vou ligar para minha mãe, ela vai saber o que fazer.
Ligação on.
— Mãe? — assim que ela atende já suplico.
— Oi meu filho, como você está?
— Bem e a senhora? — tento disfarçar.
— Você não parece muito bem, o que houve? — ela sempre direta.
As mães devem ter algum tipo de radar. Digo a mim mesmo.
— A senhora está sentada? — pergunto preocupado com o que essa notícia pode causar.
— Você está me assustando, fala logo — ela fala.
— A senhora lembra da Angelica, uma ex namorada minha? — pergunto tentando arrumar um começo para essa história.
— Lembro, uma moça que você namorou quando estava passando um tempo com a gente, depois da faculdade — ela diz facilmente.
— Ela faleceu, mãe — sou direto.
— Que horror, mas o que aconteceu?
— Eu não sei direito, mas a questão não é essa, ela tinha uma filha, mãe — digo sem dar mais voltas.
— Ai meu Deus, coitada da menina, você há viu? Como ela está? Deve está péssima com isso tudo.
— Bem, ela não parece muito bem ao meu ver, apesar de não expressar muita coisa. Mas respondendo a primeira pergunta, eu não só vi como ainda estou vendo, ela é uma menina linda de quatro anos — digo orgulhoso.
— Você disse quatro anos? Vocês estavam juntos há uns cinco anos atrás — minha mãe é rápida nas contas.
— Sim, mamãe... Ela é minha filha.
Um silêncio percorre em ambos os lados da linha. Ela não fala nada, acho que desligou.
— Mãe? Mamãe? Ainda está aí?
— Eu tenho uma neta? Você tem uma filha — ela emocionada do outro lado da linha.
Passamos um tempo em silêncio.
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Minha Pequena Ayla
RomanceMelinda, uma professora do jardim de infância que ama o seu trabalho, cansada do amor e de procurar o seu par perfeito começa a crer que sua família se resume aos seus alunos e sua única amiga, mal sabe ela que sua vida acabará de mudar quando um ho...