Capítulo 36

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Melinda

Depois daquela pequena discussão com o Max eu não sai do quarto pelo resto da manhã.

Nunca o tinha visto daquela forma.

Sei que passei um pouco dos limites, ela não é minha filha e não deveria opinar sobre isso.

Ouço uma batida na porta me tirando dos meus devaneios.

Vou até a porta a abrindo.

- O almoço já vai ser servido, todo mundo já está lá em baixo - Dona Elisa me avisa.

- Estou sem fome, obrigada - Dou um meio sorriso.

- Você está bem? - Ela quis saber, parecia realmente preocupada.

- Estou sim, não precisa se preocupar - a tranquilizo. - Só estou indisposta para descer.

- Tudo bem, vou pedir para trazerem o deu almoço - ela diz.

Em seguida sai sem ao menos me deixar negar.

A verdade é que eu não estou com fome ou com forças para encarar todas aquelas pessoas e sorri como se nada estivesse acontecendo.

Eu entendo que o Max só quer proteger a filha, mas acho que ele tem mais medo que ela, não consigo entender.

- Posso entrar? - Maya pergunta com uma bandeja de comida em suas mãos.

- Claro - Dou um meio sorriso para a mesma. - Mas não precisava trazer a comida, estou sem fome.

- Parece que isso é contagiante - Ela diz.

- Como? - pergunto confusa.

- O Max disse o mesmo - Ela coloca a bandeja na mesa de cabeceira e senta ao meu lado na cama.

- Acho que o Max precisa mais de você do que de comida, Maya - Digo com um sorriso forçado.

- Acho que não - Ela diz. - O Max me disse a mesma coisa sobre você.

- Eu só queria a Vick aqui comigo - Meus olhos enchem de lágrima. - Acho que nunca passei mais de um dia sem vê-la.

- Bem, você pode ligar pra ela, ou fazemos de conta que eu sou ela e você me conta o que está acontecendo.

- Nós só tivemos uma discussão - Dou de ombros.

- Mas isso tocou em uma ferida maior, não foi?

- Sim, e como.

- Quer me contar?

- Eu sinto falta dos meus pais - deixo uma lágrima escapar. - Meus pais sempre sabiam o que fazer, minha mãe tinha os melhores concelhos.

- Eles se foram há muito tempo?

- Sim, muitos anos, tantos que eu já até perdi a conta - fungo com o nariz. - todos da cidade me ajudaram a me acostumar com a sentir falta deles, eu recebi muito carinho da minha cidade, eles sempre me contam histórias com os meus pais ou falam como eles eram bons.

Meus olhos não paravam de escorrer lágrimas. Ficamos em silêncio por um tempo.

- O Max te falou que eu e a minha mãe não nos dávamos bem? - neguei com a cabeça. - tivemos uma briga feia e ficamos seis anos sem nos falar.

- Deve ter cido difícil. - Digo a ela.

- E foi - Ela olha pra mim. - Por causa da nossa briga eu parei de falar com o meu pai também.

- Não é a mesma coisa, você sabia que ainda podia vê-los.

- Eu sei que não é a mesma coisa. - Ela diz. - Mas eu fui muito boba e deixei que o orgulho me tirasse longos anos longe da minha família. Eu sei o que é não ter pais na sua formatura, vibrando com você em cada conquista, meus pais estavam vivos mas era o mesmo que não estarem, eles sempre foram ausentes, mesmo antes da briga.

- Eu sinto muito. - Ela sorri em agradecimento.

- Sabe quem me convenceu a perdoar minha mãe? - neguei com a cabeça. - A Elisa.

- A mãe do Max? - ela afirma com a cabeça.

- Ela é uma ótima conselheira, ela pode não ser uma Vick, mas com certeza vai saber o que te dizer.

- Eu vou falar com ela mais tarde.

- Claro, mas fala o que te fez magoar a ferida também. - Ela pisca o olho. - Eu já vou indo, não esquece a comida.

- Obrigada. - sorri. - por tudo.

Ela assentiu e saiu do quarto me deixando sozinha com meus pensamentos.

--♡--

Já era tarde quando ouvi a porta sendo aberta. Acabei pegando no sono em algum momento.

- Desculpa, não quis te acordar - Max diz ao entrar no quarto.

- Tudo bem - digo me levantando na cama.

- Só vim tomar um banho e já vou sair. - ele diz.

- O quarto também é seu, não precisa sair - digo. - Não acha que precisamos conversar?

- Sim, mas depois - ele diz ainda frio.

- Claro - começo a caminhar até a porta.

- Para onde vai?

- Vou te da privacidade - digo e saio sem aguardar sua resposta.

Como alguém pode ser tão cabeça dura?

Ouço um barulho vindo de lá de baixo, em seguida conversas e risos. Imagino que estejam todos no andar de baixo então resolvo não descer agora.

- Tia Linda. - ouço a voz da minha pequena.

- Olá meu docinho - digo a pequeno no colo. - Mal te vi hoje.

- Vovó disse que vocês precisavam pensar. - Ela diz. - Já pensou muito, tia?

- Sim, até demais.

- Senti sua falta. - ela me abraça apertado.

- Também senti a sua, meu amor.

Ficamos num abraço apertado por mais uns minutos, até que decido ir para o quarto dela.

- Tia, o papai está bem?

- Não sei, quando ele sair do quarto você pergunta, tudo bem? - ela assenti com a cabeça.

Passamos o resto da tarde juntas e isso me animou um pouco. De alguma forma a Ayla consegue preencher o vazio que os meus pais deixaram, possa ser o amor entre nós que se igualam a de uma mãe e filha e isso me lembra o amor dos meus pais.

Continua...

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Beijos, Larissa.

Minha Pequena AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora