Melinda
Saio assim que vejo o sol nascer, como todos os dias. Meu trabalho é bem próximo a minha casa, então vou sempre andando.
Hoje, como todos os dias, meus alunos estavam bem agitados e conversadores, aproveito e faço uma atividade mais interativa.
O dia passa rápido como uma estrela cadente passa no céu, quando vejo o sinal toca e meus alunos correm para esperar os seus pais na entrada.
— Crianças, amanhã lembrem de trazer as atividades prontas — digo assim que passo por eles.
Costumo esperar meus alunos irem embora para depois ir, mas isso não costuma demorar, pois os pais deles já ficam na porta os esperando.
— Obrigada, tia Linda — uma das minhas aulas fala quando a ajudo a colocar a mochila nas costas. — Até amanhã.
— Até amanhã — digo enquanto a vejo sair correndo atrás da sua mãe.
E essa foi a última a ir embora hoje.
Olho para minha amiga que estava ficando sem paciência de me esperar, e a chamo para irmos juntas para minha casa.
Cheguei em casa após uma manhã de trabalho cansativa. Sou professora do jardim de infância e dou aula apenas meio período, assim como todos os professores da escola onde trabalho, as aulas são pela manhã e a tarde temos atividades extracurriculares, como dança, aula de pintura, futebol, entre outras.
Geralmente eu fico na escola e ajudo a minha amiga, que é professora de pintura, a Victória, mas ela só da aula de pintura alguns dias na semana, e hoje ela não dará aula. Vick trabalha também pela manhã na escola, ela é professora também, só que da primeira série.
— A gente podia aproveitar que não tivemos atividades hoje para sair — Vick fala.
— Não dá, tenho que preparar o material para aula de amanhã — digo para ela.
— Chega de trabalho, Linda — ela fala fazendo careta. — Eu passo o dia com crianças e o que eu menos quero é pensar nelas na minha folga.
— Tá — me dou por vencida. — Mas vamos fazer alguma coisa aqui em casa.
— Tudo bem! — ela grita animada. — Vamos fazer pipoca e brigadeiro, e assistir filme de romance.
Assinto e vamos para a cozinha.
Minha casa é de andar, e tem quatro banheiros e a mesma quantidade de quartos, é uma casa considerável grande, comparada as outras casas da cidade, moro na rua principal e as melhoras casas são a minha e a que fica ao lado, porém não mora ninguém lá há um tempo.
A casa onde moro era dos meus pais, eles morreram há uns anos e a casa ficou para mim, é uma das poucas coisas materiais que tenho deles.
Moro sozinha aqui desde que se foram. Ofereci a Vick para dividir comigo a casa, logo quando ela saiu da casa dos pais, por a casa ser espaçosa, caberia as duas aqui, mas ela se recusa a ficar aqui. Ela sempre gostou de ter o seu próprio espaço, então moro sozinha aqui, mas ela sempre aparece para tentar me tirar de casa ou fazer com que eu fique longe do trabalho.
— Você vai queimar o brigadeiro, Melinda! — ela grita e só aí saio dos meus pensamentos para prestar atenção no que estava fazendo.
— Não é pra tanto, só queimou um pouco. — digo calmamente enquanto estou desligando o fogão. — Só não raspa a panela que não sente o gosto.
Ela me olha com uma cara fechada, mas assente.
A melhor parte do brigadeiro de colher é raspar o que sobra na panela, segundo a Vick.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Pequena Ayla
RomanceMelinda, uma professora do jardim de infância que ama o seu trabalho, cansada do amor e de procurar o seu par perfeito começa a crer que sua família se resume aos seus alunos e sua única amiga, mal sabe ela que sua vida acabará de mudar quando um ho...