13. Reencontro.

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Isso não pode estar acontecendo. Meu Deus, o que será que ela está pensando agora? Eu não fazia ideia de que ela estava aqui. Eu nem queria vir. Queria ficar no quarto esperando por ela, pra poder recepciona-la com muitos beijos e abraços.

Eu quero saber como ela está, se eles lhe trataram bem, se ela comeu, dormiu, tudo. Eu quero saber tudo sobre ela. Ela estava tão linda, com cabelo tão brilhoso, essas vitaminas conseguiram deixa-la mais bonita do que ela já é, se é que é possível.

R: Hey, o que aconteceu? - Rizos me olha preocupada depois que eu soltei sua mão no impulso.

M: Não, nada. Rizos, deixa que eu sigo sozinha até minha cela agora, tá? - Falo agoniada.

R: Não amor, que isso. Eu posso te levar. - Ela contesta atenciosa.

M: Não! - Engulo seco.

M: Eu não quero. A gente se vê. - Saio de perto dela o mais rápido possível, deixando-a com cara de tacho sem entender nada.

Ando rápido no meio daquelas presas a procura de Zulema. Eu quero me explicar, dizer que aquilo que ela viu, não é o que ela está pensando. Que eu já não tenho nada com a Rizos, só carinho de amigas. Que o fato de eu assisti o filme ao lado dela, não significa nada.

Esbarro várias vezes em algumas mulheres que reclamam da minha agitação. Não a vejo em nenhum lugar. Meu Deus, cadê ela?

Sou empurrada no meio daquela pessoas para dentro da sala de limpeza vazia.

Z: Está me procurando? - Reconheço aquela voz, mesmo no escuro.

M: Zule! - Meus olhos brilham, abro os braços e tento abraça-la mas sou impedida.

Z: O que você quer? - Me pergunta séria.

Engulo seco. Vai ser mais difícil do que eu imaginava esse reencontro.

M: Você está bem? Você ficou doente? O que você tinha? - Tenho inúmeras perguntas pra fazer, mas sinto que ela não quer essa aproximidade.

Z: Eu estou ótima, mais alguma coisa? - Responde fria.

M: Não, eu só estava preocupada... Eu... - Fico sem palavras.

Z: Otimo, não me procure mais então. - Ela me abandona destruída.

Sinto meu coração desmoronar em mil pedaços. A lembrança daquela tarde de repente parece anos luz de distância. Como um daqueles sonhos que seu coração bate forte de felicidade e você se ilude achando que tá tocando o céu, mas assim que volta a vida real, a merda do cotidiano, o impacto é tão bruto que te faz cair em um abismo profundo, como um balde de água fria no seu rosto.

Tudo que eu queria agora era estar com ela, acaricia-la. Fecho minhas pálpebras por alguns segundos e depois que as abro sinto duas lágrimas escorrer em meu rosto.

Dentro daquela sala escura sozinha eu me atormento pensando nas merdas que eu estou fazendo. Eu estou fazendo tudo errado, como sempre. Ela não sabe ainda que eu a esperei incansável todos esses dias. E mais uma vez, inconsciente, eu iludi Rizos. Eu tenho que dá um jeito em concertar isso antes que fique pior.

Espero aquela multidão passar, e sigo pra minha cela. Zule já está deitada. As meninas conversam sobre o filme. Aproveito a distração delas e vou até sua cama.

M: Hey, a gente pode conversar? - Pergunto baixinho, suplicando pela sua atenção.

Z: Não, eu quero dormir. - Responde de imediato.

Z: Vocês calem a boca que eu tô cansada, eu estava hospitalizada, caralho. E apaga a porra dessa luz. - Diz em um tom alto para todas ouvirem.

Todas obedeçem sem questionar. Saray apaga a luz. Vejo que não tem conversa com hoje. Espero que amanhã ela esteja mais calma.

...

De manhã, quando fomos pra estufa, ela estava completamente calada. Cuidou das plantas como sempre, mas sem o entusiasmo dos outros dias.

M: Com lincença, eu preciso de uma escada pra alcançar a parte de cima das prateleiras pra conseguir limpa-las. - Invento uma desculpa ao inútil do guarda que fica nos vigiando. Quero ficar sozinha com ela.

G: Não precisa limpar lá em cima, ninguém vai ver. - Responde desinteressado.

M: Você não percebe que isso aqui é abafado? Todo esse pó pode ser prejudicial não só pra saúde da vegetação, como a nossa. Tem muitas presidiárias que tem renite, por exemplo, vem pra cá, espirra no alimento, que depois comemos. Inclusive você. - Alerto.

O homem, vencido pelo cansaço, bufa e saí a procura da escada. Me aproximo da árabe, a procura do seu olhar, mas ela me nega. Vou direto ao ponto porque com ela as coisas funcionam assim.

M: Zule, o que você viu ontem entre eu e a Rizos, não quer dizer nada. Nós não estamos mais juntas. A gente só sentou juntas porque... - Procuro as palavras certas pra justificar a cagada.

Z: Eu não me importo com quem você trepa ou deixa de trepar. Pra mim tanto faz se você está com a Kabila ou não. Eu não estou nem aí. - Responde ríspida.

M: Mas aquele dia a gente... - Persisto

Z: Aquele dia foi um erro! Foi uma coisa tonta. Eu me deixei levar pelo calor da emoção. Mas não vai acontecer de novo. Tira isso da sua cabeça. -Ela responde finalmente olhando nos meus olhos, fazendo meu coração falhar.

Antes que eu possa responder o guarda volta com as escadas e ajeita elas no lugar para mim. Ela volta a dar atenção ao que estava fazendo. Me deixando a míngua.






----------Autora----------

Olá, tive problemas nas minhas últimas publicações por não aparecer a notificação. Não sei se é só no meu aparelho ou de mais alguém. De qualquer forma, deixo aqui meu twitter para quem quiser, pois estou sempre atualizando por lá também: @MaggieNajwantos
Beijinhos.

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora