5. Guerra.

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No dia seguinte, somos acordadas com arrogância por alguns guardas. Eu sou uma das primeiras a me levantar, enquanto observo que as outras meninas estão morrendo de preguiça.

Aos poucos elas vão se levantando, mas percebo que Zulema não da a mínima e continua deitada de costas para eles. Um dos guardas, com ódio no olhar diante da cena, ameaça chegar perto para puxa-la da cama com força. Mas meu instinto protector consegue ser mais rápido e eu corro em direcção a ela, tocando seu braço e a sacudindo depressa antes que o guarda pudesse machuca-la, ele dá meia volta para trás, enfurecido.

G: Vocês tem 5 minutos para estarem prontas, putas! -Ele bate o bastão em cima de uma das camas. Todos saem deixando a gente em privacidade para nos vestir.

Zule levanta com seu cabelo todo bagunçado, me olhando feio.

Z: Você poderia ser mais delicada para me acordar, loira. - Protesta.

M: Você deveria me agradecer, poderia ser muito pior. - Eu rio, garantindo.

Ela se levanta devagar. De costas para mim, ela ajeita seu cabelo liso em frente o espelho. Lentamente tira seu shorts de pijama deixando a mostra a suas longas pernas e seu traseiro. Eu nunca vi uma mulher com o corpo mais bem feito que o dela. A sua bunda era toda redonda e empinada, parecia esculpida pelos deuses. Fico inconformada em como aquela mulher tinha aquele corpo sem praticar exercícios físicos diariamente. Sua pele é clara, quase da cor da calcinha branca. Ela tem alguns hematomas nos joelhos e nas canelas, mostrando que ela é uma verdadeira menina rebelde.

Acompanho toda a movimentação em camera lenta. Graças a Deus as outras detentas estão muito ocupadas se vestindo e reclamando de tudo, que nem percebem que eu estou a ponto de ter um orgasmo só com aquela miragem.

Mais ou menos 5 minutos depois 3 guardas entram na cela novamente.

G: Zahir e Ferreiro, comigo. -Um deles nos chama.

...

Na caminhada até a estufa, Zule habitualmente está andando atrás de mim. Sinto sua respiração perto. Com tanto espaço nessa merda. Eu acho que ela quer me por louca.

G: Vocês terão que limpar essa bagunça. Regrar todas as plantas e poda-las. Guardem aqueles sacos de terra mais pesados e organizem-os. Em uma hora venho busca-las para o café da manhã. -O guarda nos da as ordens e sai batendo a porta.

Z: Entendeu tudo, né, loira? - Ela ri, balança a cabeça e vai se sentar em uma bancada que está iluminada pelos primeiros raios de Sol.

Encosta na parede, estica as pernas e tira um cigarro do bolso. Lentamente ela o acende e da uma tragada. Seus olhos estão verdes devido a iluminação que vem do céu. Será que ela tem noção do impacto que ela causa na minha alma com esses gestos tão simples?

Movida pela fúria, vou até ela que graças a altura da bancada está na mesma direcção que eu.

M: você deve estar louca se acha que eu vou fazer tudo sozinha enquanto a bonita fica fazendo fotossíntese. -Ela ri, desdenhosa pelo elogio.

Pego o cigarro da mão dela, que me olha irritada. Dou uma tragada, jogo no chão e piso.

M: Levanta agora e vem me ajudar porque eu não estou nem um pouco afim de ir pro isolamento mais uma vez por sua causa. -Digo a ela que me retribui com um olhar furioso.

Nossos olhos se encontram e entram em guerra, já que nossas bocas não são capazes de dizer nada devido a tanto orgulho de ambas as partes.

Z: Tudo bem, assassina. -Ela ri debochada com minha tentativa de dominadora.

...

Depois de alguns minutos permanecemos sem trocar nenhuma palavra. Eu resolvo limpar a as prateleiras, enquanto ela vai fazer a manutenção da vegetação.

Sempre que tenho a oportunidade olho para ela. Aquelas mãos finas e delicadas harmoniza perfeitamente com as flores. Ninguém no mundo poderia dizer que a bandida mais temida da cidade pode ser tão amável e sutil com as plantas. Ela falta conversar com elas de tanto carinho. Eu não consigo tirar o riso frouxo dos lábios admirando aquela cena. Sinto vontade de abraça-la por trás e beija-la.

Quando ela finaliza com as plantas, ainda não está falando comigo, por orgulho, ela tenta carregar sozinha os sacos pesados de terra para organiza-los. Eu percebendo que ela não vai aguentar leva-los, me prontifico em ajudar.

Z: Solta, eu não preciso da sua ajuda. - Ela me diz com soberba.

M: Zulema, deixa de ser trouxa, esses sacos são pesados. É para nós duas organizar essa merda. Eu só quero ajudar. -Retruco, puxando para mim.

Z: Ajudar? Para você ficar jogando na minha cara depois? Não, obrigada. -Ela puxa o saco de volta para si.

Agora ela tocou na ferida. Eu não queria ter jogado na cara dela que eu fui pro isolamento só por ajuda-la. Porque no fundo eu também queria matar o Sandoval. Ambas temos culpa. Todas as detentas, na verdade. Ninguém queria aquele monstro vivo.

Puxo saco outra vez para mim bruta, pois não consigo administrar meus sentimentos diante da situação. Automaticamente começamos uma guerra pelo objeto. Até que sem querer ele abre na parte da frente, bem do meu lado. Caindo uma quantidade razoável de terra sobre meu uniforme.

Ela olha assustada e, involuntariamente, cai na gargalhada. Eu tento permanecer valente, mas não consigo segurar meu riso ao escutar aquele som que ela raramente proporcionava para alguém.

Começamos a rir juntas. Eu agarro um pouco de terra nas mãos e atiro sobre ela, que me olha incrédula. Automaticamente ela também agarra um pouco sobre suas pálidas mãos e atira em mim. Começamos outra guerra, porém muito mais leve e divertida que a primeira.

Pego Zulema por trás a encoxando, seguro firme com um braço, e com o outro passo a palma da mão suja pelo seu rosto.

Z: VADIA! -Ela ri virando para mim, voltando ficar no controle, e me sujando ainda mais.

Nossos corpos estão muito perto. Uma descarga de adrenalina está circulando por todo meu corpo. A estufa está inundada pelo som da nossas gargalhadas. Me sinto eufórica como uma criança. Como se eu estivesse brincando com minha melhor amiga. Minha cúmplice. Meu amor.

Um som vindo da porta nos paralisa tirando a gente daquele momento mágico.

G: O que é que está acontecendo aqui?!

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora