15. Perdão.

2.6K 289 151
                                    

Z: Maca... - Eu olho pra ela pasma, com um salto no coração.

Z: Fique comigo?

Não posso deixar de dar um sorriso doce pra ela enquanto asseguro.

M: Eu já volto.

Encho um copo com água de uma garrafa que estava ao pé da cama. Entrego para Zulema que está sentada com as pernas cruzadas, ofegante. Fico em pé observando a cena. Enquanto aliso suas pernas. Ela é tão linda e delicada. Ali naquele momento, tão indefesa que até parece uma criança. Ela estica o copo de volta pra mim e eu o retorno ao lugar que estava. Pulo para a beliche dela novamente tentando não fazer barulho.

M: Vai ficar tudo bem, não esquece que eu estou aqui. - Digo para ela se acalmar, depois que me ajeito em sua cama e acaricio seus cabelos.

Decido não perguntar nada sobre sua filha, é um assunto delicado demais. Zulema é muito esquiva, ela poderia se afastar de mim com a mesma rapidez que se jogou em meus braços.

Ela não diz nada. Depois de alguns minutos, ela solta uma respiração profunda, vira-se pra mim, e pela primeira vez desde que eu subi na sua cama essa madrugada, faz contato visual comigo.

Ela está linda, mesmo com a maquiagem derramada. Coloco uma mecha rebelde do seu cabelo pra trás da orelha. Enquanto ela me encara fixamente.

M: Você quer que eu vá? - Sussurro quebrando o silêncio.

Z: Espera eu dormir primeiro, senão eu não adormeço. - Responde grave.

Eu sorrio como uma criança que acabou de saber que vai passear.

Jorrando alegria por todos os poros, sigo Zulema que se deita, deslizando pra baixo do cobertor. Coloco meu braço atrás das costas dela, enquanto ela se acomoda ao meu lado. Depois de alguns segundos ela chega ainda mais perto afundando o rosto no oco do meu pescoço. Eu posso sentir seu hálito quente na minha pele, enquanto meu corpo treme e meu estômago se ilumina ainda mais.

Fecho meus olhos e estendo minha mão livre em direção a dela. Esperando que ela precise tanto desse contacto quanto eu. Provavelmente agora ela deve estar olhando atordoada com aqueles olhos lindos que ela tem. Porque Zulema era assim, ela sabia como planejar uma fuga, sabia como matar, sabia como foder com a polícia, mas ela não sabia como reagir se alguém demonstrasse que se importava com ela.

Segundos que pareciam intermináveis quando de repente sinto os dedos de Zulema, tão macios e tão quentes, timidamente tocarem os meus. Uma onda de calor me atinge violentamente no estômago, fazendo meus lábios se abrirem.

Nossos dedos se encontram em uma lentidão cruciante, tocando um ao outro como uma dança sedutora, eu juro que meu coração está galopando em meu peito. Minha mente vagueia fazendo perder fragmentos de racionalidade. Nos tocamos com carícias delicadas, em movimentos que parecem tão certos, tão nossos, como se as nossas mãos estivessem há um tempo se procurando, gritando aos nossos orgulhosos corações que parem de guerrear.

Z: Me desculpe por ontem. -É perceptível o esforço que ela teve pra dizer essa frase.

M: Tudo bem, só não fala aquilo de novo, por favor. - Suplico com meu coração explodindo no meu peito.

Beijo sua testa, sua pálpebra esquerda, a ponta do seu nariz, e sorrio quando sua delicadeza desaparece, ela solta minha mão, aperta minha cintura e abaixa a cabeça contra meu peito.

Z: Boa noite, loira. - Diz séria.

Eu não consigo parar de sorrir como uma verdadeira idiota, as borboletas parecem lutar na minha barriga. Meu escorpião me picou com seu veneno.

No dia seguinte eu acordo pouco antes que a sirene soasse. Sou imediatamente invadida pelo seu perfume, eu reconheceria em um milhão.

Um leve sorriso abre espaço no meu rosto, quando noto que estamos dormindo de conchinha, ela está totalmente envolvida nos meus braços, dormindo pacificamente. Tenho a sensação de ainda estar sonhando.

S: Mas que porra essa? -A voz de Saray imediatamente me acorda daquele momento celestial abraçada com minha rainha, fazendo meus olhos revirar de medo.

Olho pra cima e ela está parada em frente a nossa cama, olhando para nós sem acreditar no que está vendo.

M: Saray, não é o que parece. Ontem a Zulema teve uma espécie de ataque de pânico a noite, e não tinha ninguém acordada, eu só queria ajudar. - Tento explicar detalhadamente pra não ocorrer nenhum equívoco.

S: Eu sei, eu ouvi ela chorando, mas é que geralmente a Zulema não deixa ninguém se aproximar dela nesses momentos, por isso eu nem levantei. - Ela sussurra olhando pra sua melhor amiga que ainda estava dormindo.

Sem saber, eu a aperto mais forte contra mim. Cada ponta da minha pele sobre seu corpo queima com o contato, me amaldiçoando por deseja-la tanto.

S: Mas vamos ao que interessa. Vocês duas...? - Ela ri maliciosa pra mim e arqueia as sobrancelhas

M: N-não, não, Saray! - Eu explodo indignada, tentando manter o meu tom baixo pra não acordar às outras.

Ela me olha com um olhar confuso. Ainda incrédula por nós flagrar agarradas assim.

S: Porra, eu não posso acreditar que a Zule gosta disso. O que você fez com ela? Enfeitiçou ou algo assim? - A cigana ri.

Z: Olha, eu estou ouvindo. - A voz de Zulema nos silencia no mesmo instante.

Saray levanta as mãos recuando um pouco.

S: Ok, ok. Eu vou deixar vocês em paz. - Lentamente volta para sua cama, mas depois de alguns segundos a sirene da prisão toca, forçando a gente a se levantar.

Sendo hoje domingo, teremos o dia de folga. Zulema aos poucos abre os olhos, se levanta, desce da beliche pega suas coisas e saí.

Acompanho-a com os olhos em todos os movimentos, sentindo falta da nossa junção. Procuro por um contato em seus olhos, mas ela me nega.

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora