23. Biblioteca.

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Meu domingo prossegue cansativo. O que era para ser um dia de descanso, acabou me deixando mais estressada.

Tere teve outra recaída nas drogas essa tarde, sobrou para mim, Luna e Antônia, suas amigas, lhe ajudar. É uma situação realmente triste e lamentável. Me dá muita pena uma pessoa que esteja destinada a viver com o vicio. Olhando para ela na enfermaria, penso nos milhões de caminhos que ela poderia ter seguido na vida, e por consequência veio parar no mais prejudicial e obscuro. Sua vida não deve ter sido fácil para ela precisar chegar nesse ponto. Desejo que um dia ela possa se libertar e ter uma vida feliz.

...

A noite, por volta das oito horas, e vou tomar um banho para descarregar as más energias que eu acumulei durante o dia, lavo meu cabelo, na esperança que a água limpe até minha mente.

Quando volto para cela, vejo que Goya e Saray já estão descansando, enquanto Luna está lendo um livro. Está faltando alguém aqui.

M: Você viu a Zulema? - Pergunto para Luna, enquanto guardo minhas coisas no meu espaço.

L: Aí amiga, eu vi ela mais cedo na biblioteca quando eu fui buscar esse livro, mas não sei se ainda está lá. - Ela me responde atenciosa.

...

Sigo para biblioteca com objectivo de encontra-la. Avisto ela sentada sozinha em uma mesa ao fundo, com vários livros espalhados, e as folhas de actividade que o professor de finanças nos havia passado de tarefa na semana anterior.

M: Hey! - Comprimento-a carinhosa sentando ao seu lado.

Z: Parece que finalmente acabou sua conversa com a Kabila. - Ela segue concentrada em suas folhas, e eu não posso deixar de sorrir com sua fala repleta de ciúmes.

M: Aconteceram mil coisas no dia de hoje, mas eu não quero falar disso. Eu só quero ficar sozinha com você. - Digo sussurrando em seu ouvido, envolvendo a mesma em um abraço.

Z: Agora eu não posso, loira. Preciso terminar essa folha de calculo. - Ela diz tentando fracassadamente se esquivar do meu ato.

M: Muito bem, vamos terminar então, mas depois você é minha. - Afasto meu rosto do dela, mas continuo envolvendo meus braços em sua cintura, enquanto ela pega uma caneta e a folha.

...

Acompanho sua dedicação com um riso bobo no rosto. Ela é tão linda concentrada, sem precisar fazer esforço nenhum.

Até agora, ela acertou todas as questões de primeira, seu raciocínio é lógico e rápido. Ela sempre faz uma comemoração fofa com as mãos quando isso acontece, como se ela não soubesse que é extremamente inteligente. Seu caderno é totalmente organizado devido seu carácter perfeccionista. Ela tem uma caligrafia perfeita, parece até que está escrevendo em árabe. Eu tenho dificuldade de encontrar defeitos nessa mulher.

Z: Exercício 8 - Se alguém considera que receber 1000€ hoje é equivalente a receber 2000€ daqui a 10 anos, calcule a taxa de juro anual implícita na avaliação que o indivíduo faz. O que pode dizer da taxa de inflação? - Já comentei como ela fica absurdamente sexy dizendo essas palavras com seu leve sotaque muçulmano?

Z: Bom se o valor futuro de 1000€, daqui a 10 anos, é 1000 × (1 + i) 10 que deverá igual o valor os 2000€, logo: 1000 × (1 + i) 10 = 2000 ⇔ i = 21/10 − 1 = 7.2% ao ano. O valor actual dos 2000€ é 2000 × (1 + i) −10 que deverá igual a 1000€... - Ela tenta me explicar, mas eu não consigo parar de sorrir apaixonada.

Z: Qual a graça, loira? - Me pergunta séria.

M: Não, nada, pode continuar. - Busco me recompor.

Z: Logo: 2000 × (1 + i) −10 = 1000 ⇔ i = 1 2 −1/10 − 1 = 7.2% ao ano. Podemos concluir que o indivíduo espera que a inflação média dos 10 anos seguintes seja inferior à taxa de juro 7, 2% anuais. - Concluí.

Z: Hmmm, deixa eu ver... Irra! Acertei. - Toda alegre ela faz sua comemoração.

M: Você é tão linda. - Não consigo me controlar.

Ela me encara por um instante e depois volta o seu olhar para os livros me ignorando.

M: Eu estou morrendo de saudades. - Me entrego cheirando seu cangote, fazendo a mesma se arrepiar.

A sala de livros estava vazia, as luzes já estavam quase todas apagadas, só tinha uma lanterna iluminando nossa bancada.

Zulema olha a nossa volta e depois me encara novamente, morde os lábios inferiores me fazendo enlouquecer com aquele gesto.

M: Me beija? - Imploro.

Ela pousa suavemente os lábios nos meus. Eu queimo com o contacto. Sua boca macia começa a provar a minha, lenta e delicada, com uma doçura que eu nunca pensei que eles seriam capazes de me dar. Suas mãos quentes pousam-se nas minhas bochechas, de vez em quando ela move os dedos para me acariciar, e com meu coração batendo rápido por ela, não posso deixar de retribuir aquele beijo com força, com desespero, como se para fazê-la sentir todos sentimentos conflitantes que ela continua a transmitir para mim, mas aos quais já me rendi.

Nossos corpos se unem e eu estremeço com aquele contacto tão quente. Ao mesmo tempo que ela faz meu coração pegar fogo, ela consegue fazer minha calcinha inundar.

Nosso beijo fica cada vez mais húmido entrelaçando nossas línguas com cada vez mais paixão, transformando nosso primeiro beijo, que até recentemente era carinhoso, em algo desesperado e mórbido.

Zulema, de repente, me pega em seu colo deixando minhas pernas envolverem sua cintura e meus braços envolvem seu pescoço, nos beijamos de novo, e de novo, até um barulho vindo do corredor quebrar nossa conexão.

Z: Vem aqui. - Ela me arrasta para trás de uma prateleira da biblioteca, do lado em quem ninguém possa nos ver.

Estamos uma de frente para outra, ela segue encarando meus lábios que agora estão inchados, loucos para sentir seu gosto novamente. Sinto que eu já não poderia mais viver sem ele.

O barulho que a gente ouviu era uma guarda. Ela entra na biblioteca observa alguns corredores, enquanto nós permanecemos imóvel, quase sem respirar. Então, sem avistar ninguém, ela desliga a lanterna na mesa, e sai do cómodo. Deixando-nós a sós apenas iluminadas pela a luz da lua vinda de uma pequena janela na parede.

Z: Se você quiser eu te levo para cela. - Ela está preste a falar e se afasta um passo para trás.

M: Não... - Eu ando até ela e me jogo em seus lábios novamente, precisando do seu gosto.

Coloco minhas mãos em seu rosto e nossos corpos ardem com impaciência. Beijo-a forte, com vontade de senti-la. Tento deixar minhas mãos vagarem pelo seu corpo, mas Zulema não gosta de ser comandada, então me empurra para trás e com um gesto brusco me faz encostar os ombros na estante da frente.

Eu olho para ela com um sorriso, e ela volta a colar nossos lábios, passando suas mãos magras nas minhas costas, até parar na minha bunda, na qual ela agarra com força, apertando em sua direcção, eu envolvo seu corpo com um lado da perna e suspiro com esse contato possessivo, estou animada e completamente excitada, não posso deixar de sorrir enquanto continuamos nos beijando com nossas respirações ofegantes.

Zulema resolve morder meu lábio inferior, me fazendo gemer louca.

Z: Shhh, loira, quer que a gente seja pega? - Ela me questiona antes de colar seus lábios nos meus, segurando meu cabelo loiro.

M: Pensei que você fosse a menina mais rebelde da prisão. - Digo brincando com a sua ultima frase que parecia estar carregada de medo.

Ela lambe os lábios com a língua e me olha atentamente. Seus olhos castanhos ficam esverdeados com a claridade da lua, sua pele parece estar mais pálida com o contraste do seus cabelos pretos, e seus lábios estão em um tom rosa escuro, graças a todo contato violento com os meus. Observo-a angustiada querendo senti-la dentro de mim.

Z: Quem disse que eu não sou? - Ela responde com esperteza, começando a brincar com o elástico da minha calça. Deixando-me escapar um sorriso feliz.

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora