17. Opostas.

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Procuro Rizos na cantina, no pátio, e nos corredores, até que a encontro sozinha em sua cela, sentada na cama pensativa, com braços apoiados nos joelhos e as mãos na cabeça.

M: Rizos, precisamos conversar... - Início meu discurso.

...

R: O que diabos você quer dizer com ficar afastada de você? - Ela diz com raiva, seus olhos velados de decepção enquanto estamos na sua cela.

Agora ela levanta de sua cama e vem em minha direção na porta.

M: Sinto muito Rizos, mas eu estou precisando de um tempo pra ficar sozinha, pra por a cabeça no lugar, não é nada com você. - Me esforço o máximo pra não magoa-la.

R: Mas que diabos aconteceu? Qual o seu problema? O que eu te fiz? Você se joga pra mim no banheiro e pede pra eu me afastar? - Questiona insatisfeita

M: Aquilo foi um erro, desculpa. Eu só estava carente. - Sofro em dizer essa frase, pois há dias atrás escutei a mesma de Zulema e fiquei com coração em pedaços.

R: Você está apaixonada por outra pessoa? - Com essas palavras eu fico petrificada. Eu olho pra baixo e engulo minha saliva nervosa e culpada.

Culpada porque Rizos não merece ouvir isso. Ela não merece gostar de uma pessoa tão instável como eu. Ela sempre esteve lá por mim. Sempre me apoiou, me protegeu, me incentivou, e em troca, eu me apaixono por alguém que me tirou meus pais, meu filho, minha liberdade, minha dignidade, tudo, mas a pesar disso eu a quero.

Eu quero ser capaz de provar sua pele, seu hálito quente em mim, seus toques. Eu quero sentir isso em todos os aspectos, até que derreta nossas almas. Eu quero provar a ela que ela pode se permitir, que eu serei capaz de cuida-la e compartilhar de todas os momentos ao seu lado, de tristeza, de alegria, de raiva, de angústia, na saúde, na doença... Eu só quero está lá com ela. Eu não acredito que ninguém sinta o mesmo que eu sinto por ela nesse momento.

R: Maca? - Rizos nota que sua teoria tem fundamentos.

M: Sinto muito. - Me retiro do quarto com os olhos lacrimejando.

...

Passo o resto da manhã no quarto, deitada na minha cama, sozinha, muito chateada com o rumo que minha vida levou. Tantas decisões erradas que eu insisto em tomar.

Ainda me pergunto se fiz a coisa certa hoje mais cedo em ter dado ouvidos pra Saray, magoado Rizos.

Por incrível que pareça, é muito mais fácil odiar Zulema Zahir, do que ama-la. Não sei como eu pude deixar isso acontecer. Até que a árabe entra no quarto e eu lembro o porquê.

Você ama o que é diferente de você. Isso é inevitável. Você é atraído como uma aranha que te prende em sua teia. No meu caso, um escorpião, que pra mim, seu veneno é a minha única cura.

Somos como a teoria de yin e yang que expõem a dualidade de tudo que existe no universo, descrevem as duas forças fundamentais opostas e complementares que se encontram em todas as coisas.
Porque isso era eu e Zulema, duas fases constituídas na mesma moeda.
Branco e preto.
Dia e noite.
Amor e ódio.
É um instinto que transcende tudo. E só com ela meu coração bate mais rápido.

Z: Você está bem? - Zule pergunta quando me ver secando uma lágrima no canto do olho após ela chegar.

M: Uhum. - Afirmo com a cabeça.

Ela tira um cigarro do bolso, leva até a boca e ascendente. Senta na cama de Saray na beliche de baixo, traga o tabaco, olha pra mim e solta a fumaça.

Ficamos ali nos olhando por alguns instantes. Nossos olhos gritando todas as coisas que somos incapazes de dizer.

Ficar sozinha com ela me deixa nervosa, mas não posso deixar de admitir, pra mim mesmo, que ao mesmo tempo é como se ela me passasse uma estranha sensação de proteção. Conseguiríamos ficar horas nos comunicando pelo olhar sem precisar dizer nenhuma palavra.

Nossa conexão é interrompida por Goya, Luna, Tere e Saray. Que entram na cela animadas e divertidas.

G: Ânimo meninas, vamos jogar queimada! - Goya anuncia animada.

No mesmo instante distribuí uniformes esportivos que ganhamos de Palácios.

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora