39. Pendência.

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Cumprindo o combinado de três semanas, Castilho não me decepciona e conseguir nossa transferência de volta a Cruz del Norte. Não posso negar que mesmo automático em um lugar tão deplorável como Cruz del Sur, como três semanas que passei aqui, sozinha com minha Zule, foram incríveis. 

Nos protegíamos de tudo e de todas, felizmente ela tinha fama, levantou detentas se atreviam a mexer com ela. Já eu era um grande alvo, mas graças a ela pude passar os dias mais tranquila, pois a maioria das mulheres ficavam receosas em se meter comigo. 

Estava vivendo uma verdadeira lua de mel, no pior domínio possível, confesso. Mas só de estar ao lado dela tudo parecia perfeito. 

A beijava sempre que tinha vontade. Fazíamos nossas refeições juntas, e qualquer outra atividade quotidiana. Transamos algumas vezes no banheiro, na biblioteca, ou de madrugada enquanto as presidiárias estavam dormindo. A cadeia é lotada, a privacidade aqui é zero. Zulema é muito reservada, então tentávamos ser o mais discretas possível. 

...

Já estamos há duas horas dentro do ônibus que nos levará de volta a Cruz del Norte. Sento-me com as algemas amarradas aos meus punhos ao lado da minha pequena. Estou com a cabeça apoiada no seu ombro, ela olha pela janela e observa em silêncio como estradas rurais. 

Enquanto eu estou apoiada nela, não consigo parar de sorrir. De vez em quando toco suas mãos delicadas com os dedos, ou beijo sua bochecha com doçura. Como eu senti falta desse tipo de contato com ela. 

Eu olho para seu perfil e coro. Pareço uma garotinha lutando contra sua primeira paixão. Mas com Zulema é assim, ela tem um charme particular que me consegue intimidar só de olhar para ela. Nunca vi tamanha beleza no mundo. 

Z: Você está tentando me atingir com os olhos, loira? - Ela diz se virando para mim, imediatamente eu me levanto de seu ombro, envergonhada por ter sido pega tão descaradamente por ela.

M: Não, na verdade eu estava pensando na Rizos. - Digo a primeira coisa que vem na minha cabeça. Me ajeito em meu acento, e olho para a janela com o olhar perdido. Meu Deus, um Rizos!

Não sei como vou explicar a situação a Kabila. Ela tem estado perto de mim nesses últimos cinco meses. Ela tem sido doce, atenciosa e paciente. Ajudou-me quando não dormir à noite e durante o dia deixava o tempo passar a mercê das minhas crises e mudanças de humor. Graças a ela eu consegui encontrar contorno para continuar nessa cadeia sem pensar na árabe, ou pelo menos tentar. Mas como eu esqueço alguém como Zulema? 

Eu descanso meu olhar em Zulema, e ela percebe minha tensão, ela olha para mim com aqueles grandes olhos verdes esmeralda pintados com a linha usual de seu delineador. Eu gostaria de dizer que ela é linda, a mulher mais bonita do mundo. Mas a conhecendo, sei que ela ficaria brava comigo e faria uma careta.

Z: Você já está me traindo em pensamento? - Eu sorrio divertida, e por um segundo esqueço da situação que eu tenho pendente. 

Zulema tem esse poder sobre mim, de me fazer delirar, e pousar minha mente em um mundo paralelo no qual só existe eu e ela, e mais nada e ninguém.

Respiro fundo, cabisbaixa, voltando para a realidade que me dói o estômago. Como eu vou dizer a Zule que eu não terminei com a Kabila. Como eu vou dizer a Kabila que agora eu estou com Zule?

Z: Eu vi que você mudou de cela ... Acho que a sua ex não vai gostar de mim ver te fodendo na cama logo acima da dela. - Ela diz com o tom sarcástico de sempre, mas eu continuo séria. 

M: Zulema ... - Eu aponto meus olhos verdes para os dela, com precisão. 

M: Eu não terminei com a Rizos ainda. 

Zulema levanta-se do banco que permanece sentada, e ri irônica.

Z: Você esta de brincadeira, né? - Ela me interroga, não passando despercebida pelo guarda que estava de copiloto no banco da frente.

G: Zahir, sente-se imediatamente. - Ele obriga.

Ela bufa e volta a sentar-se, totalmente séria ao meu lado, apoiando o corpo para frente, colocando os cotovelos nas pernas e as mãos na cabeça.

M: Amor ... - Tento pegar em suas costas, mas a mesma se esquiva.

Z: Mas que porra, Macarena! Você ainda tem duvidas dos seus sentimentos?

M: Não! Claro que não. - Respondo de imediato. 

M: Eu quero ficar com você, eu te amo. - Digo desesperada.

M: É que tudo aconteceu muito rápido. Eu tivo que vir te buscar, e mal tivo tempo de me despedir das pessoas. Rizos estava muito chateada, eu não podia terminar com ela momento, ela ia ficar muito mal.

Z: Ah, claro! E agora ela vai ficar bem tranquila quando você voltar e terminar com ela, né? Vai aceitar numa boa ... - Ela questiona, e eu fico totalmente sem resposta. 

M: Eu vou resolver isso quando a gente chegar, eu só te peço paciência por pelo menos um dia. - Digo depois de alguns minutos em que permanecemos em silêncio. 

Z: Tanto faz. - Ela responde indiferente, dando de ombros, olhando para o lado de fora da janela novamente. 

Ela está nitidamente chateada, e me parte o coração vê-la assim. A gente estava tão bem. Não quero perder-la de novo. Nem de longe quero pensar nessa possibilidade. Assim que eu chegar vou terminar com a Rizos. Hoje mesmo eu já pretendo dormir agarrada com meu escorpião na nossa cela. 

...

Quando chegamos a prisão, noto que as meninas estão jogando queimada no pátio. Saray é a primeira a nos recepcionar, euforica, como sempre, ao ver a amiga. Zulema finalmente sorri, depois do climão que passamos no veículo. Saray tem esse poder sobre ela, de faze-la rir diante de qualquer situação. Apesar de eu não ser fã numero um de Saray, eu amo essa amizade das duas. Sinto que é verdadeira, e que ela quer tão bem a Zule, como eu. 

R: Você voltou! - Sou surpreendida no meio período de combinação com Rizos me recuperar por trás. 

Zulema logo lança um olhar assassino para mim. Eu apenas arregalo os olhos, sem saber o que fazer. Saray percebe a tensão, e distrai a amiga, levando a mesma para parte interna da prisão, eu agradeço em pensamentos. 

M: O que aconteceu? - Eu digo aflita após vez que Rizos está chorando. 

R: Recebi um telefone. É sobre minha irmã ... Ela sofreu um acidente e agora está hospitalizada. Descobri a menos de uma hora. Que bom que você está aqui agora. Era tudo que eu precisava. - Ela diz em lágrimas e me abraça. 

Sem pensar duas vezes eu respondo ao seu abraço, ela retribui afundando a cabeça no meu pescoço. 

M: Eu estou aqui com você, ok? Não vou te deixar sozinha. - Eu sussurro acariciando suas costas. 

...

Passei a noite abraçada com Rizos em sua cama. Enquanto Kabila dorme em meus braços, penso no meu escorpião. Eu me pergunto, o que ela está fazendo agora? Talvez esteja lendo um dos seus livros, talvez esteja conversando com Saray, ou dormindo ...

Eu penso como seria estar com ela nesse momento, eu poderia tocar-la e como eu gostaria de sentir seu cheio, e seu corpo sobre o meu. Eu já estou morrendo de saudades da minha bebê. 

Mas nesse momento é Rizos que importa. Sinto muito por ela e por sua irmã. Ela não merece sofrer, eu quero estar com ela e apoia-la no quer for preciso, não quero que ela se sinta abandonada, depois dela ter estado do meu lado durante cinco meses. 

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora