1. Despertar.

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Macarena on:

Ainda inconformada que eu passei os últimos 8 meses em coma. Quanta coisa pode ter acontecido? Acordei mais magra, mas me sentindo incrivelmente mais forte. Já dei uma lição em um filho da puta que tirou fotos do meu corpo sem meu consentimento. Porco! Essas pessoas deveriam ser banidas da sociedade.

Hoje tive uma visita do Castilho, não sei porque mas estava com saudades dele. Quando Castilho chegou, me actualizou de tudo o que aconteceu nesses últimos meses em Cruz del Norte. Sandoval é o novo director, aquilo deve está um verdadeiro inferno. Eu pergunto por Rizos. Eu me preocupo com ela, desejo muito seu bem estar.

Mas tudo parece perder o sentido quando Castilho me informa que quem me tirou da lavandeira e salvou a minha vida foi Zulema. Por que ela faria isso? Não faz sentido. Ela sempre quis me matar. Ela nem precisaria se esforçar dessa vez, era só ela fingir que não viu as chinesas me colocando naquela máquina. Mas ela me salvou. Passo o resto do dia martelando isso na minha cabeça.

Castilho tem um plano de me tirar da cadeia, ele sente que me deve isso, pelo ocorrido com a minha mãe, ele sempre teve muito carinho por mim. Dessa vez eu resolvo aceitar. Foda-se tudo o que pode acontecer. Eu só quero a minha liberdade. Me apavora saber que eu tenho que voltar para prisão sabendo que Sandoval é o novo director. Mas para cumprir a fuga eu tenho que ir para cadeia na mesma, para me apresentar por uma noite para seguir o plano.

...

Chegando em Cruz del Norte, eu tenho a pior recepção possível. Depois de passar pelo procedimento quotidiano de ficar nua para ser examinada por uma guarda, Sandoval aparece me provocando nauseá, quando percebo que ele está olhando meu corpo nu.

Aquele estúpido me conta que ia me visitar todas as semanas enquanto eu estava em coma. Após saber isso, imediatamente eu tenho vontade de tomar banho com soda cáustica, para limpar qualquer vestígio que eu possa ter dele.

Naquele momento eu só tenho vontade de procurar o Castilho e dizer que eu quero ir embora hoje mesmo, agora! Eu não vou suportar ficar mais uma noite ali. Mas tudo parece mudar quando eu entro pelo portão, e todas as meninas me recebem com uma festa, com alegria, beijos, como se eu tivesse feito falta. Não sei porque, mas sinto um amor tão grande ali. Me sinto tão feliz quando vejo Sole, ela me dá um abraço acolhedor, cheio de amor. A sensação que tenho é de que eu estou abraçando minha mãe. Me permito relaxar um pouco e festejar com elas.

Estou feliz em estar ali, mas meu pensamento está em outro lugar. Zulema. Eu sinto uma ansiedade dentro de mim em vê-la. Quase como uma necessidade.

No meio de toda aquela festa pergunto para Sole:

M: E Zulema?

...

Sigo em direcção ao pátio, pois sou informada de que é onde ela está desde a morte de sua filha. Ao encontra-la abaixada, respiro fundo e me preparo para trocar olhares com aqueles olhos de felino. Me surpreendo ao ver sua maquiagem toda borrada, provavelmente devido as noites em claro chorando. Zulema chora?

Algo ali me faz sentir uma empatia, quem diria que um dia eu veria a maior bandida e assassina do país em estado de tanta vulnerabilidade. Agradeço a ela por ter me salvado e garanto que se ela tiver feito isso para me matar com suas próprias mãos, ela terá muita dificuldade. Ela não da a mínima a minha ameaça. Diz que está em um outro nível acima de mim (como sempre), o da vingança.

Não consigo dormir naquela noite. Pela primeira vez em todos esses anos eu e Zulema dividimos a mesma cela. Era para termos dividido desde o inicio, quando cheguei em Cruz del Sur, naquele dia o nosso destino tinha sido traçado, mas ela não me aceitou. Fico imaginando quanta coisa poderia ter sido diferente se estivéssemos sido colegas de quarto. Eu não teria conhecido Yolanda, não saberia do dinheiro, não colocaria minha família em risco... Mas tudo já passou, não tem como voltar atrás.

Olho para Zulema que está deitada na beliche de cima ao lado da minha. Está com os olhos fechados. Por um momento tenho vontade de cobrir seus braços para ela não sentir frio pela madrugada. Mas acredito que seria um erro. Resolvo tentar fazer o mesmo que ela, fecho meus olhos me virando de barriga para cima, mas sou surpreendida com uma barulho e um peso em cima da minha cama.

Zulema quer me convencer a matar Sandoval. Eu sei que aquele verme merece morrer, eu sentiria prazer em vê-lo morto. Mas não posso abrir mão da minha liberdade. Amanhã é minha última oportunidade de deixar tudo isso aqui. E por mais que eu sinta carinho por muitas das detentas, ainda sim, minha liberdade vem em primeiro lugar.

...

No dia seguinte, quando tudo parece certo para minha fuga. Eu não paro de pensar um segundo nela. Desde que eu conheci Zulema, eu confesso que penso nela com uma certa frequência. Mas ultimamente isso está perturbando a minha paz.

Ao passar por ela pelo corredor, ela me olha com aqueles olhos felinos e profundos que tanto me amedronta, a procura da minha lealdade. Eu sei de todo meu coração que se ela tivesse a oportunidade de fugir igual a que eu estou tendo agora, ela jamais voltaria atrás por mim, então eu reúno todas as minhas forças para não olhar para ela, por que eu não posso cometer o erro de ficar.

Passar por ela naquele corredor foi a caminhada mais longa que eu já fiz em toda a minha vida. Eu sempre quis impressiona-la. Aquela era minha chance. Saber que Zulema contava comigo e precisava de mim para alguma coisa, me causava uma euforia. Até uma excitação. Eu tinha essa necessidade de mostrarmos que éramos iguais.

Eu estou preste a ir embora, escuto muito barulho e movimentação dos guardas em direcção a cantina. Algo de errado está acontecendo. Eu não paro de tremer, e de pensar em tudo que eu to deixando para trás. Não paro de pensar que eu, de certa forma, posso ter decepcionado Zulema, passando por ela sem olhar em seu olhos. E então, por um maldito impulso, eu pego a arma de Castilho, beijo seu rosto em agradecimento, e corro para cantina. Deixando-o de boca aberta, decepcionado, mas não surpreso. Não é a primeira vez que eu faço isso com ele.

Corro por aqueles corredores com a arma na mão, sinto dentro de mim que Zulema não está bem, que ela precisa da minha ajuda. Ao chegar na cantina, vejo um guarda em cima dela, prendendo-a no chão. Automaticamente uma chama de raiva toma conta de todo o meu corpo. Ninguém deve se dar ao luxo de tocar no meu escorpião.

M: Solta a Zulema, seus filhos da puta.







----------Autora----------

Hola Chicas, estou iniciando essa fanfic de Zurena. Se você leu, por favor, deixe-me saber da sua opinião. Espero que ela agrade a si, como está agradando a mim. Beijinhos.

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora