31. Campeonato.

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Alguns dias depois, a atmosfera da prisão torna-se muito competitiva. Muitas presas estão treinando até os minutos finais do inicio do torneio. 

Vejo que uma detenta traficante está comandando uma rodada de apostas sobre quem será a vencedora de cada disciplina esse ano. Todo acontecimento aqui é bom para dar lucro. Dessa vez as apostas são variadas, ninguém sabe ao certo quem vai ganhar. A maioria das meninas apostam em mim para o boxe, mas confesso que em Cruz del Norte a concorrência é muito grande, há muitas garotas com potencial e preparo físico, terei dificuldade. 

O futebol, sem duvidas é o mais intrigante, pois tanto o time de Saray, quanto o de Rizos, são extremamente fortes, durante o amistoso oscilaram bastante entre os ganhadores. 

Já nas olimpíadas de matemática, ninguém tinha a menor duvida de que Zulema iria ser a campeã, porém, com um gesto que surpreende toda a prisão, ela resolve se inscrever para o campeonato de boxe, fato que tira minha concentração na disputa. 

Todas as presas que vão participar do campeonato foram agrupadas uma ao lado da outra para aguardarem a vez de serem chamadas. Tento de todo meu coração olhar o mínimo possível para Zulema e sua maldita roupa esportiva que fica impecável no seu corpo. Em determinado momento, ela trava seus olhos nos meus e percebe que eu estava olhando para ela. Ela sorri para mim, mas eu imediatamente desvio o olhar para outro lugar. 

Te-la aqui me deixa com raiva, depois de toda dor que ela me causou. Se ela pensava que nesses cinco meses não aconteceria nada, que eu não seguiria em frente e que encontraria tudo como ela deixou antes, engana-se muito. Estou farta dela e toda sua auto-estima elevada, definitivamente. 

Olho para arquibancada e vejo que Kabila ainda não chegou. Provavelmente ainda está na partida de futebol, que começou pouco mais cedo que o torneio de boxe. Por isso também não vejo alguns rostos familiares, como Saray, Goya, Tere e Luna. 

Z: Hey, loira. - De repente ouço um sopro atrás de mim, perto dos meus ouvidos.

Fecho os meus olhos. Eu reconheceria seu perfume entre mil.

Z: Que vença o melhor. - Ela diz em um tom provocativo. 

Eu permaneço imóvel com os punhos cerrados, sem me virar. Eu vou mostrar quem é o melhor para essa vadia. Vou ganhar esse campeonato e gozar do meu prêmio com minha namorada, mostrando que eu já a esqueci, que minha felicidade não depende dela. Ela é apenas uma fonte de ódio para mim, é um aracnídeo venenoso, mas dessa vez eu não vou ser picada pelo seu veneno letal.

Antes que eu caí em sua provocação, ouço alguns nomes sendo chamados ao microfone para iniciar a competição, inclusive o meu. 

...

A disputa de boxe começou muito bem, já se passou quase uma hora e venci todas as lutas, chegando a final como na outra vez. Conforme as detentas são eliminadas, vejo que as apostas em mim estão sendo cada vez mais frequentes. 

Zulema está no ringue, algumas mulheres também apostam nela, ela também não está mal. Na verdade, custa-me admitir, mas ela está ganhando todas as partidas, fazendo jus a sua fama de mais temida da cadeia. Por dentro até que me sinto orgulhosa com seus ataques, pois mostra que eu fui uma boa professora.

De vez em quando percebo que ela desvia o olhar para mim, como se quisesse certificar de que eu estava olhando para ela, gesto que acontece involuntáriamente, pois meus olhos não tem o controle contra seus movimentos, por mais que eu tente, é inevitável, eles são pregados a ela. Eu suspiro sempre que sua adversária dá um soco e ela não consegue se esquivar. Me xingando por ainda me importar tanto com ela.

Naquele momento, Rizos se junta a mim na arquibancada, ao vê-la, eu abro em um sorriso cheio de dentes.

M: Hey, como foi o jogo? - Kabila senta-se ao meu lado e entrelaça nossas mãos.

R: Infelizmente perdemos, amor. Estamos fora da competição. A equipe de Saray ganhou. - Ela responde melancólica. 

M: Sinto muito, Rizos. - Eu sorrio para la docemente, e ela retribui com outro sorriso para mim.

R: Não faz mal. Você vai ganhar, meu amor. Tenho certeza que vai tirar proveito do seu merecido premio. - Ela diz atenciosa.

Enquanto isso o juiz para a luta para intervalo do primeiro round, tomando vossa atenção. Rizos nota que Zulema está na disputa com outra interna. Enquanto eu observo ela beber agua, e passar uma toalha pelo seu corpo molhado para se enxugar, rapidamente desvio o olhar de volta para minha namorada.

R: Você já brigou com aquela vadia? - Kabila endurece o olhar repentinamente com raiva. 

M: Não, mas se ela ganhar essa partida, disputaremos a final. Ela está na penúltima rodada. - Explico tentando não tirar o olhar da morena. 

A mesma não me responde, ela continua a olhar seriamente para a árabe, com um olhar fuzilante, tanto que eu começo a ficar com medo, o segundo round é anunciado.  

Eu ameaço puxar assunto sobre alguma coisa do jogo, mas Rizos se vira para mim, me pegando completamente de surpresa, ela começa a me beijar com entusiasmo, fazendo sua língua cruzar a minha em uma dança estonteante, enquanto segura firme as duas mãos em meu rosto. Eu imediatamente retribuo o beijo, apenas arregalando os olhos ao ver sua impetuosidade, sem entender o motivo repentino das suas caricias. 

Enquanto nos beijamos, coloco os olhos no ringue. Nesse mesmo instante, vejo Zulema se virando em minha direção, meus lábios ainda estão colados nos de Kabila, percebo que meu escorpião olha para nós com o olhar perdido, como se tudo ao seu redor de repente vacilasse. A presidiária oponente aproveita a sua distração momentânea e dá um soco no rosto dela, fazendo com que ela caia brutalmente no chão. 

Eu suspiro pesado e meu coração pula no meu peito, então afasto a Kabila no impulso, mas ela agarra novamente meu rosto com mais força e continua a me beijar. 



Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora