33. Piscina.

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Depois de mais ou menos meia hora na estrada, o ônibus da prisão estaciona e todas as setes presidiárias que ganharam o prêmio, inclusive eu, somos trazidas com algemas nos punhos, escoltadas pelos policiais, até a entrada do spa.

Ao longo da viagem, Zulema sentou-se longe de mim, em alguns acentos à frente, proximo de Saray e sua namorada. Tentei ignora-la o tempo todo, mas de vez em quando meus olhos pousavam no seu cabelo preto. Se eu fechar meus olhos, posso imaginar o perfume que ele tem.

Após os vigilantes falarem com os responsáveis, somos liberadas para entrar no predio. Uma senhorita simpática vem fazer nossa recepção. Ela indica onde ficam a zona da restauração, a sala de massagem, o spa de estética e a piscina de hidrogenagem.

Ganhamos roupas de baixo pretas com rendas, que são parecidas com um biquini, mas também passa por uma lingerie mais sexy, além de limpos e cheirosos roupões de banho.

Eu olho ao redor e me espanto, é surreal para mim estar em um lugar como este depois de tanto tempo sonhando com isso. Eu sempre fui muito vaidosa, quando estava em liberdade ia ao salão de beleza todas as semanas. O lugar é incrível, e a piscina é linda. E pra nossa sorte, está fechado só para a gente, ou pelo menos pelas horas em que vamos estar aqui. Porém, tem guardas espalhados por todo lado, defendendo todas as saídas.

Zulema pega suas coisas e desaparece pelo local. Com certeza está magoada com o que viu no dia anterior. Mas ela pensava o quê? Que eu não fosse seguir minha vida?

Resolvo me libertar de todos os pensamentos que envolve ela, pelo menos por hoje. Eu mereço esse prêmio e vou aproveita-lo ao máximo possível. Vou fingir que ela nem está aqui.

Goya e mais algumas detentas correm para a atacar os petiscos, coisa fina, que nem de longe comemos em Cruz del Norte. Eu resolvo fazer uma massagem relaxante, é tudo eu que estava precisando depois da competição.

Ao longo do dia, trato do meu cabelo, das minhas unhas, e até faço uma limpeza de pele com direito a acupuntura. Como frutas frescas, e bebo uma taça de espumante. Hoje é um dos melhores dias da minha vida desde que eu entrei na cadeia.

Só mais tarde, quando ainda restam um pouco de tempo, resolvo me juntar a Saray e sua namorada na piscina. As mesmas estão tomando sol em uma cadeira de praia. Tiro meu roupão e arrumo meu traje de banho que me caí perfeitamente, estou me sentindo muito atraente depois de dar uma repaginada no visual, e nada melhor do que vestir outra coisa que não seja aquele uniforme amarelo.

Me aproximo a beira da piscina e coloco meus pés na água. Está em uma temperatura perfeita, balanço minhas pernas de um lado pro outro, feliz com a visão que tenho das minhas unhas feitas.

S: Hey, Maca. - A cigana me cumprimenta, então me viro para ela.

S: Parabéns pelo torneio de boxe, você foi ótima.

Eu sorrio, ultimamente não tenho falado muito com a mesma devido aos últimos acontecimentos.

M: Obrigada, Saray. Você e sua equipe também estão de parabéns. - Eu elogio, mandando um sorrio para sua namorada também.

Ela é alta e tem os cabelos longos e castanhos. Está sempre sorrindo, mas não é de conversar muito. Aparenta ser tímida. Mas por alguma razão me simpatizo, e fico feliz que Saray seguiu em frente.

S: Você sabe nadar? - Ela pergunta rindo, e lentamente vindo em minha direção.

M: O quê? - Pergunto confusa.

Antes que eu pudesse reagir, Saray corre e me empurra na piscina, arruinando todo meu penteado.

Levanto rápido minha cabeça da água, depois esfrego minha mão em meus olhos, lanço um olhar assassino para cigana, que está em gargalhadas.

M: Eu juro que você vai me pagar, filha da puta. - Eu digo com raiva, mas acabo entrando no clima da brincadeira.

Talvez eu merecesse isso, depois de ter feito Saray sofrer tanto pela Rizos.

Estamos todas em um estado relaxado, curtindo nosso precioso dia de folga, continuo conversando com Saray, e conhecendo mais a sua companheira, quando de repente vejo de longe uma figura esguia se despindo, fazendo meu coração falhar.

Zulema tira o roupão, e por baixo está envolvida em um biquíni preto, que realça amaldiçoadamente suas curvas. Ela é tão magra que consigo ver os ossos de suas costelas e sua barriga chapada. Ela tem algumas tatuagens pelo corpo, naquela pele tão clara. Observo suas pernas finas enquanto ela corre sua mão delicada, para passar o protetor solar. Seus quadris e seus seios estão destacados por aquele maldito tecido apertado.

O efeito que essa mulher tem sobre mim, por mais que me custe admitir, ninguém foi capaz de causar, nem mesmo Rizos, que foi a primeira mulher que eu senti atração.

É como se ela tivesse uma adrenalina que me puxa para ela de forma descontrolada, suga toda minha sanidade, fazendo com que cada particula do meu corpo desejasse ela ao mesmo tempo.

No entanto, tenho que me conter, porque eu a odeio. Estive sim preocupada com ela no torneio, mas eu estaria por qualquer outra em seu lugar, diante da situação.

Depois de tudo o que ela fez comigo, durante esses cinco meses de tortura, no qual eu só consegui me desintoxicar graças a Rizos, minha namorada, eu não irei cair em sua armadilha novamente. Não vou me deixar levar por uma simples atração física, nada mais que isso.

Vou apagar Zulema da minha cabeça e do meu coração para sempre. Vou eliminar todas as memórias que eu tenho com ela. Memórias que só me fazem sofrer.

Enquanto ela estava lá fora se divertindo, meu coração dentro daquela cela se espremia de dor e gritava por ela. E só de pensar nisso eu sinto raiva. Uma raiva inevitável.

Ela finalmente se próxima, com um cigarro apagado na boca e eu não posso deixar de corar, especialmente ao vê-la vestida assim.

S: Fiu, Fiu... - Saray assobia para amiga, admirando seu corpo de cima pra baixo.

S: Uma assassina gostosa dessa é impossível não se apaixonar, né, loira? - A cigana me provoca, fazendo meu coração ir de encontro a minha garganta.

Sua namorada apenas ri, aposto que ela se diverte muito com a companheira palhaça que ela tem. Zulema não dá a mínima, acende seu cigarro impaciente. Eu nado rápido até a outra ponta da piscina, cruzo meus braços na margem, e olho para o outro lado, tentando ignorar a situação, tenho vista para belas árvores.

Inusitadamente, as pombinhas resolvem entrar na sala de massagem, deixando eu e a árabe a sós na zona da piscina. Meu corpo estremece com a ideia de tê-la sozinha ali comigo.

Meu coração para de bater quando ouço o barulho da mesma pulando na água. Ela nada até minha direção, apoia os cotovelos na borda, e busca contato visual comigo.

Z: A gente pode conversar?

Me apaixonei pela minha inimiga - ZURENA.Onde histórias criam vida. Descubra agora