Problemas

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O fim de semana se arrastou com uma lentidão agonizante, fiquei no meu quarto com meu moletom velho assistindo alguns filmes enquanto me enchia de doces. Tikki havia vindo para me fazer companhia no meu quarto e eu nunca agradeci tanto por meu pai ter a acolhido para o programa de intercâmbio.

Fazia exatos 5 meses que a garota havia se mudado para minha casa, meu pai era amigo da familia dela e a aceitou de braços abertos em Paris.

- Hey - Ela exclama com sua animação matinal insuportável entrando em meu quarto de supetão. Já era segunda-feira e minha vontade de ir pra aula era inexistente. Assim como a vontade de passar duas horas na detenção. 

- Sai! - jogo um travesseiro em sua direção antes de me enrolar novamente em meus lençóis. Sinto as mãos pequenas de Tikki me cutucarem e quase a soco em frustração. - Porra tu é irritante demais!

Ela ri quando eu praticamente pulo da minha cama indo em direção ao banheiro, tomo um banho rapido enquanto escuto a rosada tagarelar sobre o curso que estava planejando fazer. Me enrolo em uma toalha e saio do banheiro, meus olhos quase são cegados pela roupa multicolor que minha amiga está usando. 

- Porra! Parece que um maldito unicórnio defecou em você - digo tentando cobrir minha visão de suas roupas. 

Ela usava uma blusa rosa que destacava seus longos fios, sua saia era amarelada xadrez e tinha algumas correntes de enfeites, sua meia era listrada parecendo uma abelha e sua bota cano alto era uma mistura de rosa e preto.

- Tem certeza que está no ensino médio? - pergunto vendo sua expressão perdida. Tikki tinha um estilo único.

- Qual o problema com minhas roupas? - ela pergunta analisando seu look. Eu reviro meus olhos, andar com Tikki era pedir pra chamar a atenção mas não posso reclamar ela é uma ótima amiga.

- Nada - suspiro abrindo meu guarda roupa. Pego uma blusa preta e uma calça jeans clara sem muita animação. Visto minhas roupas o mais rápido possível escondendo meu corpo da rosada. A última coisa que eu preciso é que ela veja as marcas que ainda não saíram. 

- Animada para a detenção? - pergunta com uma pontada de humor. Eu a olho feio antes de lhe atirar minha toalha molhada em seu rosto. 

- MINHA MAQUIAGEM VAGABUNDA! - grita pegando o travesseiro. Eu corro para minha prateleira e agarro um dos meus antigos ursos de pelúcia. E assim começa uma guerra de travesseiros improvisada. Infelizmente no final disso meu travesseiro estava destruido e Teddy estava todo descabelado. Caimos no chão gargalhando alto.

- A AULAAA! - grito depois de alguns minutos. Tikki me olha assustada mas parece perceber meu desespero. Pegamos nossas bolsas e corremos como duas condenadas pela cozinha. Com uma torrada em mãos nos despedimos dos meus pais e corremos contra o tempo para não nos atrasamos para a aula.

- Sério? - o diretor diz arqueando as grossas sombrancelhas, assim que chegamos exaustas e ofegantes demos de cara com o ele. E por incrível que pareça ele apenas me lembrou da detenção e nos mandou para a aula.

Respiramos aliviadas assim que sentamos em nossas cadeiras. Alya me olhava preocupada e eu apenas lhe dei um sorriso pequeno.

Arrisquei olhar para o loiro que havia me salvado mas ele apenas estava ocupado demais mexendo em seu aparelho celular. 

A aula passou lentamente, a cada dez minutos deixava um gemido de tedio escapar de meus labios. Tikki me deu um golpe com seu cotovelo, a olhei feio pelo gesto massageando o local.

- Aluno novo? - perguntou baixinho, segui seu olhar para o moreno sentado ao lado do Agreste. O mesmo que havia aparecido na balada.

- Provavelmente - respondo. Ele parece outro garoto problema. Ótimo! 

- É gostoso - sussurra. Eu a repreendo com os olhos arregalados. - O que vai dizer que não achou?

- Sim ele é mas não faz meu tipo. - digo. E é verdade garotos como aqueles são o tipo que eu mais detesto na vida. E pior vou ter que agradece-lo em algum momento.

(...)

Quando o sinal toca me direciono a sala de aula que é usada para a detenção. Sento na cadeira colocando minha bolsa no chão. Minhas mãos começam a batucar na mesa a espera da professora que parece estar demorando uma eternidade.

Um barulho me faz olhar para a porta e bem ali na minha frente está a ultima pessoa que eu imaginaria ver.

Adrien Agreste olha ao redor da sala deixando um suspiro frustrado sair de seus labios. Tinha uma marca roxa em sua bochecha. Ele havia brigado? 

Ignorando minha presença ele se senta a três cadeiras atrás de mim. Meus olhos o analisam tentando buscar em minha mente se eu o vi sendo machucado ou não. 

- Tira uma foto que dura mais - ele cospe de maneira rude, pisco meus olhos pedida com seu comentário - Se vai ficar olhando pra minha cara seria mais facil fotografar.

Reviro os olhos voltando minha atenção a uma caneta que eu tinha deixado sobre a mesa.

- Por que está aqui? - pergunto depois de uma eternidade. O loiro que estava mexendo em seu celular me olha com uma expressão entediada.

- Não vai gostar de descobrir, azuzinha - Responde com um sorriso debochado. Seu comentário me confude. Porque eu não iria gostar de saber? 

- Bom... obrigada - murmurro apertando minhas mãos uma na outra devido ao nervosismo. Mordo meu labio tentando evitar o constrangimento - Por... bom... por ontem. 

Ele levanta os olhos e por um segundo vejo a sombra de humor em sua expressão. 

- Quem diria que iria me agradecer, hum? - comenta parecendo se divertir com meu constrangimento. Fecho a cara me arrependendo amargamente por agradece-lo. Eu sabia que ele iria continuar o mesmo babaca de sempre. 

- Não devia me agradecer... - ele murmura, me viro para ele assustada com a mudança em seu tom de voz. 

- Porque está aqui? - pergunto sentindo o clima ficar estranhamente tenso. Sua expressão fica amarga quando seus olhos vão em direção a porta. Engulo em seco assim que acompanho seu olhar.

Na porta com um terno preto e um sorriso nos labios estava o maldito que eu nunca mais gostaria de ver. Seus olhos pareciam brilhar em divertimento ao notar minha presença.

Não pude evitar a satisfação de ver seu rosto machucado. Seu rosto já não estava assim tão bonito. 

- Josh? - minha voz sai fraca. Olho novamente para o loiro no fim da sala e ele apenas mantém um olhar mortal ao homem parado na porta da sala, com uma pasta em mãos denunciando sua profissão. 

Ele era o maldito professor!

Someone You Love | Adrienette Onde histórias criam vida. Descubra agora