Someone You Love | Adrienette

Por Sua Causa

POV Marinette

Tikki estava que nem doida mexendo em seu guarda roupa, uma montanha de roupas coloridas estavam espalhadas pelo chão. Com uma escova ela arrumava os fios rosados e com os pés chutava algumas peças.

- Está me deixando tonta! - exclamo vendo a mesma bufar.

- Vai cair a maior chuva da história. Certeza que é o fim dos tempos. PREPARA A ARCA MOISÉS! - ela exclama brigando com alguns fios rebeldes. Não posso deixar de rir.

- Noé - digo vendo ela arquear a sombrancelha confusa - a arca é de Noé animal!

- Tanto faz - ela da de ombros. Eu não havia contado sobre a noite anterior pra ela pois eu sabia o escadalo que ela faria de descobrir que fiquei sozinha no mesmo comodo que o Adrien Agreste por mais de 10 minutos. - Como pode você acordar antes de mim?

Eu dei de ombros como se não soubesse o motivo mas eu sabia sim. Tinha nome e sobrenome e uma cabeça tão fodida quanto o inferno.

Ele não me deu abertura para tentar conversar e isso era frustrante. Eu sabia que algumas pessoas tinham dificuldades em se abrir mas Adrien Agreste é praticamente uma ostra e tenho certeza que não vai ser uma pérola que eu encontrarei se tentar abri-la com força.

- O que acha? - a voz de Tikki me tirou de meus devaneios. Meus olhos quasem queimam de tantas cores presentes em seu vestido arco iris. Uma faixa vermelha prende seus fios rosados.

- Adorei! - exclamo batento palma não dando a mínima para minha opinião.

Tikki tinha um estilo único e como ela é bonita fica maravilhosa até em jornal amassado.

- Não acha isso mas vou fingir acreditar - ela murmura, dando alguns retoques em seus labios vermelhos.

- Eu ja vou descendo te espero lá em baixo - anúncio, ela concorda e rapidamente desço as escadas ate a cozinha. Meus pais estavam sobre a mesa e me olhavam como se tivesse um terceiro olho em minha testa. Eu conheço esse olhar da última vez que o recebi fomos para o interro de um tio querido.

- Quem morreu? - pergunto me sentando lentamente sobre a mesa.

Pego a faca e começo a passar requeijão sobre uma torrada.

- Mari... temos um assunto sério pra tratar com você querida - a chinesa informa com a voz em um fio. Eu a conheço bem o suficiente pra saber que o assunto não lhe agrada.

- É sobre sua mãe - Meu pai diz. Eu que havia acabado de morder a torrada começo a tossir freneticamente. Eles tentam dar tapas em minhas costas mas não resolve muito, depois de alguns segundos consigo me desingasgar.

- Aquela mulher? - digo com amargura em minha voz. Meu pai me repreende com o olhar mas eu não ligo muito pra isso. - O que ela quer?

- Conversar. Ela acabou de chegar a Paris - Sabine diz. Eu apenas reviro os olhos, não quero conversar com aquela mulher, fiquei anos da minha vida tentando superar o fato de que eu nunca teria uma mãe ate Sabine chegar. Ela era doce e se tornou bem mais que uma madrasta, eu a amo e ela é minha mãe não importa de que útero eu vim.

- Não iremos conversar e fim de papo! - digo firme. Os dois me olham como se implorassem para que eu fosse mais compreensiva. Não porra ela fudeu minha vida e meu psicológico não vou sentar em uma cadeira e conversar sobre os bons tempos não existentes enquanto ela finge ter sido uma boa mãe.

- Marinette... - meu pai sussurra. Eu apenas pego minha bolsa em um gesto brusco e me retiro da local indo o mais rápido possível pra escola ignorando os gritos que eles davam tentando me fazer voltar

O tempo estava meio frio por isso agradeci mentalmente por ter escolhido uma blusa quente. Minhas botas faziam pequenos barulhos pelas ruas e esse som me distraia dos meus pensamentos confusos. Tenho lembranças horriveis sobre minha mãe, ela é o tipo de ser humano que eu abomino. Não tem carater, pisa em cima dos outros para conseguir o que quer. Destruiu a mim, destruiu meu pai.

Me abandonou quando eu tinha três anos por dizer que era muito nova para ter filhos. Se era muito nova não transasse porra!

Eu baseei minha vida toda com ela como exemplo. Ela era o exemplo de tudo o que eu não poderia fazer. Nunca cometerei os mesmos erros que ela. Nunca serei como ela.

Por sua causa eu demorei anos para confiar, por sua causa eu vivi anos escondida da luz. Por sua causa eu tive dificuldades para sair da escuridão.

Não posso simplesmente conversar com ela e fingir que ela não fez um maldito estrago. Tenho marcas ate hoje e não vou deixa-la se aproximar. Não quando eu sei o motivo que ela me procura.

Ela não consegue achar o amor porque o deixou ir quando me deixou com meu pai. Ela me jogou fora e por isso ela não vai conseguir ser feliz, não que eu esteja desejando isso. Só é um fato.
Ela volta porque sabe que sua filha é programada para ama-la incondicionalmente mas não serei a corda dela. Ela vai me usar para se sentir amada e depois vai embora de novo. É o meu ciclo. Eu sei que é.

- Porque correu? - Tikki apareceu ao meu lado ofegante como se fosse invocada e eu sempre a amei tanto por isso. É como se ela soubesse quando eu estava prestes a desmoronar e aparecesse apenas para me segurar.

Meus olhos estão marejados. Estamos no meio da praça perto do colegio mas não fazer uma cena é minha última preocupação no momento.

- Ela tá de volta - murmuro sentindo minha voz tremer. Tikki apenas arregala os olhos entendendo meus medos - Porra Tikki ela voltou como um maldito fantasma pra me infernizar.

As lagrimas que eu tentei reprimir deslizam grossas pelo meu rosto, a rosada me envolve em seus bracos quando meus joelhos sedem ao chão. Estamos ambas abaixadas no meio de uma praça enquanto eu choro como uma criança tremendo nos braços da minha melhor amiga. Eu preciso superar eu sei.

Preciso perdoa-la mas o rancor dentro de mim é tão grande que doi. Doi como o maldito inferno.