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Ainda não consegui voltar a escrever, mas isso não me frustra tanto depois da tarde que passei com Christopher há duas semanas. Na verdade, depois daquele dia comecei ir à orla todos os finais de tarde para caminhar na praia, descobri que o barulho das ondas me acalma. A única exceção foi no dia das mães, que não consegui evitar a tristeza e passei o dia inteiro trancada no quarto, ignorando as ligações de Paco e minha mãe outra vez.

Meu relacionamento com Christopher melhorou bastante depois da nossa conversa. Nos cumprimentávamos sempre que nos víamos, até parávamos para jogar conversa fora quando não estávamos com pressa e essa também foi a solução para os meus sonhos eróticos,  não tive mais nenhum depois daquela tarde. O que significa que os brinquedos sexuais que Liana me convenceu a comprar, estão dentro da gaveta desde que chegaram. Na última vez que conversamos, brinquei que ela deveria me fazer umas sessões gratuitas para compensar o meu pequeno prejuízo.

Alcanço o patamar do meu andar e ouço gritos da Luna e Alexandre no andar de cima, disparo pela escada, sem nem pensar duas vezes. A porta está entreaberta e entro com tudo, com medo que estejam em perigo, mas paraliso ao ver Natalia apertando o braço de Luna com força e Alexandre chorando no chão.

— Que porra é essa? — grito, fazendo-a se assustar — Por que você está machucando ela?

— Quem você pensa que é para entrar aqui assim? Saia daqui!

Ignoro completamente o que ela diz quando os dois correm em minha direção e se agarram em mim. O braço de Luna está vermelho e vejo uma marca igual no de Alexandre. A raiva que estou sentindo por ela tê-los machucado é tão grande, que minha vontade é voar em seu pescoço, mas me concentro em dar atenção as crianças.

— Mandei sair daqui! Isso não é da sua conta!

— Se pensa que vou sair e deixar você sozinha com eles depois do que vi, está muito enganada — rebato, irritada — Luna, cadê o Gael?

— No berço — murmura chorosa.

Segurando as mãos deles com firmeza, sigo para o quarto deles com Natalia atrás de mim, me mandando embora. Ignorando suas palavras, tiro Gael do berço e pego a bolsa que Christopher costuma deixar semipronta.

— Vou sair sim, mas eles vão comigo. Não vou deixá-los aqui.

— Você não pode levá-los! Não é nada deles e Christopher não autorizou — sorri, sarcástica.

— Com ele, me entendo depois. Pode ter certeza de que ele vai saber exatamente o que aconteceu aqui — sem dar a chance dela falar algo, saio do apartamento levando as crianças comigo.

Alexandre e Luna estão tão assustados com o que aconteceu, que nem mesmo correm até Pantera quando entramos. Coloco Gael para dormir em minha cama, fazendo um muro de travesseiro envolta dele e volto para ver os mais velhos, que estão sentados em meu sofá.

— Me digam exatamente o que aconteceu.

Foi Luna quem me contou tudo. Alexandre achou que seria muito divertido colocar cola no shampoo de Natalia, que descobriu e não pensou duas vezes antes de parti para cima dele, quando ela conseguiu agarrá-lo, beliscou seu braço e Luna tentou intervir, foi nessa hora que cheguei.

A travessura não foi algo correto, mas nada justifica usar de violência com duas crianças, ainda mais ela sendo adulta. Os dois estão com os braços vermelhos e ficarão com um grande hematoma.

Mesmo não sendo minha função, dou uma verdadeira bronca sobre a travessura, mas não hesito nem um pouco em abraçá-los e fazê-los me prometer  me contar caso ela encostasse em mais um fio de cabelo deles. Então deixo os dois assistirem a um desenho na televisão e faço um lanche caprichado para eles.

O vizinho de cimaOnde histórias criam vida. Descubra agora