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Eu abraço Luna pelos ombros enquanto subimos as escadas e Alexandre nos conta sobre o filme que assistiu na escola. Christopher está bem atrás de nós, trazendo um Gael sonolento no colo e Lucas, que encontramos na entrada do prédio, está trazendo as mochilas das crianças.

Assim que alcançamos o patamar do meu andar, vejo Paco saindo do meu apartamento e paralisar ao me ver. Franzo o cenho ao vê-lo arregalar os olhos.

— O que está fazendo aqui tão cedo? Pensei que só viesse mais tarde.

— Dulce! Meu Deus, você está bem! — Paco avança em minha direção, segura meus ombros com força e me puxa para seus braços, apertando-me como se quisesse ter certeza de que eu sou real.

— Paco o que aconteceu? — pergunto assustada, ainda presa em seus braços.

— Meu Deus, Dulce! — quando sinto seu tórax sacudir, entendo que está chorando e fico ainda mais assustada — Você mandou aquela mensagem, não me atendeu mais e...

Trago a saliva ao entender o que ele pensou e o abraço com força, passando as mãos em suas costas, tentando acalmá-lo.

— Paco, está tudo bem. Calma, por favor, se acalma.

— O que está acontecendo, Dulce? — a voz trêmula de Alexandre soa e Paco se afasta, limpando o rosto, mas ainda é possível ouvir seus soluços.

— Nada, querido — forço um sorriso — Paco só não está sentindo-se muito bem.

— Ele está chorando por causa disso? — Luna nos olha desconfiada.

— Lucas, por que você não os leva lá para cima? — Christopher sugere, entregando Gael ao irmão. Só agora percebo como os dois estão tensos e confusos — Vou ajudar Dulce a levar Paco para o apartamento, ele não parece está passando muito bem.

Passo um braço pela cintura de Paco e o guio em direção ao meu apartamento enquanto ouço Luna e Alexandre resmungarem por terem que subir com Lucas. Christopher passa em minha frente e abre a porta, que já está destrancada e entro com Paco, guiando-o para o meu sofá.

Meu ex-marido senta-se, enterrando o rosto entre as mãos enquanto tenta se acalmar. Meu coração se aperta ao vê-lo tão fragilizado e por saber que é minha culpa. Pantera pula rapidamente em seu colo, miando como se buscasse entender o que está acontecendo de errado.

— Paco... — me sento ao seu lado, com corpo virado em sua direção — Paco, eu estou bem.

— Eu tive tanto medo, Dulce. Saí desesperado e... Você não atendia minhas ligações, não abria a porta, mas seu carro estava lá embaixo e pensei... O porteiro me garantiu que você não saiu do condomínio — diz entre soluços.

— Ele não deve ter me visto passar com Christopher, não pensei que fosse ficar assim por causa da mensagem — digo, sentindo meus olhos marejarem.

— Foi tão parecida com aquele dia...

— Eu sei, mas eu estou bem — seguro suas mãos — Agora, se acalma, por favor.

— Acredito que o suco de maracujá seja melhor que água nesse momento — Christopher diz ao se aproximar estendendo um copo para Paco.

— Sim, obrigado.

— Acho melhor deixar vocês conversarem, agora que estão mais calmos. Ou você prefere que eu fique? — pergunta me olhando e maneio a cabeça.

— Pode ir, Chris. Vamos ficar bem, obrigado.

— Qualquer coisa, me liga.

Vejo em seus olhos a indecisão entre se aproximar de mim para se despedir ou simplesmente ir embora, então estico minha mão em sua direção, ajudando-o a decidir. Christopher segura minha mão com um sorriso tímido e inclina-se até encostar seus lábios em minha testa. Um gesto carinhoso, que me aquece a alma.

O vizinho de cimaOnde histórias criam vida. Descubra agora