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Respiro fundo tentando acalmar as batidas irregulares do meu coração. Ele disparou só de saber que é Christopher quem estava tocando a campainha. Abro a porta tentando fingir a maior indiferença possível, mas depois de ter recebido as fotos na noite anterior, é algo difícil de fazer.

— O que foi?

— Oi! Sou Christopher Uckermann é um prazer te conhecer — inclino a cabeça confusa.

— Oi?

— Estou me mudando, sou seu vizinho de cima e vim me apresentar — sorri amplamente — Você é Dulce Maria, não é? A maior autora brasileira da atualidade! — coço minha garganta e abaixo a cabeça para disfarçar minha vontade de rir dessa situação.

— Duvido que essas fontes estejam corretas — cruzo os braços — O que você está fazendo, Christopher?

— Me apresentando a minha nova vizinha. Vim trazer isso para você — ele estende uma cestinha com pães-de-queijo e não hesito em pegar. Só de sentir o cheiro deles, fico com água na boca.

— Está dando isso a todos os seus vizinhos? — arqueio a sobrancelha.

— Não, não — ri pelo nariz — Isso é um pedido de desculpas antecipado.

— Pelo quê?

— Você não vai ouvir barulhos em meu apartamento por algum tempo, mas tenho quatro irmãos mais novos e são terríveis, sabe? São umas verdadeiras pestes — sorri divertido — Não estão morando comigo ainda, mas, se Deus quiser, em breve voltam para casa. Então espero que se lembre desses pães-de-queijos deliciosos e quentinhos que acabei de trazer da padaria quando quiser dar uma queixa a síndica.

Respiro fundo, olhando fixamente a cesta com os pãezinhos em minhas mãos e mordo o lábio inferior.

— No último lugar que eu morei, minha vizinha deu uma queixa. Disse que eu o barulho era insuportável, que eu era arrogante e não conseguia controlar meus filhos — seu tom divertido me faz querer rir. Christopher está pegando pesado demais comigo — Dessa vez, pensei que seria melhor tentar fazer esse agrado antes.

— Claro, desde que o barulho não seja constante, não precisa se preocupar que não darei uma queixa, mas devo dizer... — me encara curioso — Você me parece ser bem presunçoso, então acredito que sua vizinha possa ter razão.

Christopher sorri de lado e meu coração perde uma batida. Meu Deus! Se ele soubesse a vontade que estou de pular em cima dele agora, não brincaria assim comigo.

— Ela estava certa, mas não me arrependo de ter agido daquele jeito.

— Não? — arqueio a sobrancelha.

— Não. Se eu conseguisse controlar meus irmãos naquela época, talvez ela nunca tivesse batido em minha porta e entrado em minha vida feito um furacão — trago a saliva. Não esperava uma declaração tão direta a essa hora da manhã. Nem acordei direito ainda — Eu vou subindo, vizinha. Ainda tenho muitas roupas para arrumar.

Aceno com a cabeça e espero que ele alcance a escada antes de fechar a porta e voltar a respirar normalmente. Quanto tempo eu aguentarei se ele continuar agindo desse jeito?

XXX

Paraliso quando vejo Christopher abaixado em frente a minha porta, apoiando um embrulho de presente nela. Ontem ele não apareceu em nenhum horário e eu entendi que não era um dia bom. Era o aniversário de Luna e estávamos sofrendo por não estar com ela nessa data. Ele postou uma sequência de fotos com a irmã no Instagram e uma delas, era uma em que eu estava recostada na cabeceira de sua cama enquanto Luna estava deitada com a cabeça em minhas pernas, cada uma lendo um livro e juntando isso ao texto que escreveu, fiquei completamente emocionada. Quantas fotos minhas distraída ele tem? Foi a primeira foto dele que curti e comentei, e não tendo como fingir que não vi ele me seguindo, segui de volta. Também postei uma sequência em meu perfil, com um texto que chorei escrevendo, esperando que ela veja em algum momento.

O vizinho de cimaOnde histórias criam vida. Descubra agora