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— Você se chama Dulce Maria Saviñon Alvarez, correto?

Rolo os olhos ao ouvir a pergunta estúpida de Manuel. Paco passou as últimas semanas me preparando para esse depoimento, sei que eu preciso manter o controle para não prejudicar Christopher.

— Como eu te contei da última vez que nos falamos, doutor Velasco, me separei. Então não uso mais o meu nome de casada — sorrio sarcasticamente ao sentir o olhar irritado de Manuel em cima de mim — Agora me chamo Dulce Maria Espinosa Saviñon.

— A quanto tempo está divorciada, senhorita Saviñon?

— Onze meses, aproximadamente.

— E quanto tempo conhece o senhor Uckermann?

Inclino a cabeça, um pouco confusa sobre onde ele quer chegar, mas respondo normalmente.

— Oito meses,  eu acho.

— Não é um pouco estranho que tenha se divorciado em dezembro e engatado um relacionamento tão rápido com o seu vizinho? — arqueio a sobrancelha.

— Protesto, isso não tem relevância nenhuma com a guarda dos menores — Paco intervém.

— Deixe-me reformular a pergunta. A senhorita se divorciou após sete anos de casada e engatou um relacionamento rapidamente com seu vizinho. Esse relacionamento em questão está fluindo tão rápido que está praticamente morando com ele e seus irmãos...

— Não estou entendendo onde quer chegar, doutor? — o interrompo, sentindo meu sangue começar a ferver.

— A senhorita estava tendo um caso com senhor Uckermann?

— Protesto! Isso é irrelevante ao processo.

— Eu discordo totalmente, doutor Alvarez — Manuel o olha sorrindo ironicamente — É importante saber se o seu cliente estava expondo os menores a algo tão imoral assim. Já que ambos estavam em outros relacionamentos quando começaram a se envolver.

— Desculpe, doutor Velasco, mas em momento nenhum confirmei isso — o fuzilo com os olhos — Não tive um caso com Christopher, nem o conhecia até me mudar para o condomínio. Eu disse que o conheci há oito meses, mas só começamos a nos envolver intimamente há quase cinco meses, quando ele terminou o antigo relacionamento.

— Não é coincidência de mais que...

— Doutor Velasco, tenho certeza de que se eu tivesse traído o meu marido, ele não estaria representando meu namorado nesse caso. Então espero que deixe as insinuações de lado, caso não tenha provas sobre o que está falando.

Manuel traga a saliva e ergo meu queixo, mantendo meu olhar preso ao dele. Se ele está pensando que conseguirá me atingir desse jeito, está completamente enganado. Não permitirei que ele constranja a mim ou Paco dessa forma. Ele me estende uma folha de papel, depois de respirar fundo e voltar a sorrir presunçosamente, apenas de passar o olho nela, trago a saliva e olho de relance para Christopher e Paco.

— Pode ler o trecho destacado, senhorita? — passo a língua nos lábios e aperto a borda da mesa quando começo a ler.

— Eu, Dulce Maria Saviñon, moradora do 24C, quero deixar registrado uma queixa de barulho constante e insuportável vindo do apartamento 34C. Tentei conversar amigavelmente com o morador, mas ele agiu de maneira arrogante, dizendo que não poderia fazer nada para controlar os filhos — Christopher baixa a cabeça quando termino de ler e respira fundo, voltando a olhar para o sorriso irônico de Manuel.

— Essa queixa foi registrada no final de fevereiro, o que o senhor Uckermann fez para mudar sua opinião em tão poucos meses? — arqueia a sobrancelha sugestivamente. Vejo Christopher e Paco cerrarem o punho em cima da mesa. Esse babaca está tentando criar um caos entre nós três, algo que atrapalhe todo o processo, mas eu não vou permitir.

O vizinho de cimaOnde histórias criam vida. Descubra agora