O vizinho de cima

21

Saio dos braços de Christopher em um pulo, olhando-a na porta. Blanca tem os olhos arregalados e não consigo definir se está mais assustada, indignada ou constrangida pelo que presenciou, mas eu estou completamente envergonhada. Sinto todo meu corpo queimar e não é mais de desejo.

— Dulce — Christopher reclama puxando a blusa para baixo. Me lembro, tarde demais, que sua calça está aberta e seu membro levemente para fora.

— O que a senhora está fazendo aqui? Por que não avisou que vinha? — pergunto constrangida tentando ajeitar o vestido. Céus, eu devo estar um caos.

— Paco me trouxe — arregalo os olhos quando ela aponta com a cabeça para trás de mim. Droga, é realmente tudo o que eu preciso para aprender a não ficar de amassos no corredor do prédio.

— Tentamos te ligar a manhã inteira, ficamos preocupados, então usei a chave reserva — suspiro pesadamente ao ouvir sua voz atrás de mim, mas não tenho coragem de encará-lo — Acho melhor eu ir indo, busco você mais tarde, Blanca.

— Paco... — chamo antes que ele possa sair.

— Dulce, estou atrasado para encontrar um amigo, nos falamos quarta-feira — me corta antes de sair do apartamento e eu suspiro pesadamente.

O fato de Paco sair do apartamento não deixa o clima menos constrangedor.

— Não vai nos apresentar? — minha mãe pergunta.

— Mãe, esse é o Christopher. Chris, essa é a Blanca, minha mãe.

Christopher estende a mão para cumprimentá-la, mas ao vê-la arregalar os olhos pelo fato da blusa dele subir um pouco, ele rapidamente agarra a barra da camisa, puxando-a para baixo outra vez. Não sei se é possível eu corar ainda mais e enterro o rosto entre as mãos. Tem como essa situação ficar pior?

Minha mãe e meu ex-marido, acabaram de me pegar no maior amasso. Eu não sei até que ponto ouviram antes de abrir a porta e, sinceramente, não sei se quero saber.

— É um prazer, dona Blanca, mas acho melhor eu ir agora.

Christopher olha para mim de relance antes de sair do apartamento de cabeça baixa e posso ver que ele está tão ou mais vermelho do que eu, e ainda segura a barra da camisa com mais força que o necessário. Quando a porta se fecha, minha mãe não espera nem dar tempo dele se afastar antes de gritar.

— O que foi isso, Dulce? Tem noção do quanto acabou de magoar o Paco?

— E como eu ia adivinhar que vocês estavam em minha casa, mãe? — pergunto impaciente me jogando no sofá.

— Você não dava notícias há dias, Dulce. Estávamos preocupados com você.

— Eu vi o Paco na quarta-feira. Fiquei sem entrar em contato por três dias, eu estava ocupada, mãe. Estava na reta final do livro e escrevendo praticamente o dia inteiro.

— Você não parecia tão ocupada assim para ficar de safadezas na porta de casa — a ironia não me passa despercebida, mas eu resolvo ignorar — Pensei que tinha se mudado para se reencontrar, não para ficar fazendo esse tipo de coisa. E o Paco?

— Paco e eu estamos separados, mamãe. Eu estava prestes a entrar em minha casa, nunca imaginei que estivessem aqui — respondo pausadamente. Eu não estou com ânimo para brigar, agora que o constrangimento passou, a frustração sexual se apodera de mim.

— Você não estava atendendo as nossas ligações, não respondia às mensagens dele. Vimos seu carro, mas toquei a campainha por um bom tempo antes de entrarmos. Eu estava aflita, pensando que você...