Amor Irresistível

Capítulo Trinta e Dois

 

-Você me ouviu, garota? Se derrubar outra bandeja vou chamar o Brian até aqui para saber o que está acontecendo com você!

Jenna levantou seu olhar para Nicole do outro lado do balcão e assentiu rapidamente depois de colocar várias xícaras de porcelana sobre a bandeja. Jenna tinha deixado cair duas bandejas naquela manhã e quebrado muitas xícaras, não saberia dizer quantas. Nicole estava impaciente enquanto observava Jenna ajeitar uma nova bandeja cuidadosamente com o olhar meio perdido.

-Qual é o seu problema? Parece que ainda não acordou! – reclamou Nicole com a cara fechada.

Jenna deu de ombros a ignorando, pegou a bandeja e seguiu para o salão de mesas que estava apinhado. Aquela manhã estava fria e por conta disso o Kee's estava lotado e as pessoas só pediam bebidas quentes. Jenna circulou entre as mesas servindo cuidadosamente cada xícara de chocolate quente, cappuccino e café expresso e se desculpando novamente com os clientes que tiveram suas bebidas derramadas no chão alguns minutos atrás. Muitos dos clientes eram frequentes ali e já a conheciam, por isso não se importaram muito com o descuido de Jenna naquela manhã. Todos sabiam como ela trabalhava bem e o quanto era atenciosa com cada pedido servido, por isso apenas acreditaram que ela estava tendo uma manhã ruim e não precisava ser punida por isso.

Jenna agradeceu imensamente a compressão dos clientes que a fizeram se acalmar e não entrar em pânico. Até a ameaça de Nicole em chamar o gerente não a preocupou. Jenna já tinha sua mente perturbada por um motivo longe de serem as xícaras quebradas em seu trabalho.

Luke.

Jenna não conseguia esquecer o que tinha acontecido entre eles na última madrugada. Quando acordou naquela manhã nos braços dele, Jenna pensou que estava sonhando. Estavam deitados de lado no sofá, com Luke deitado atrás dela, um braço a cercava pela cintura, seu rosto estava afundado em seus cabelos, sua respiração profunda fazendo cócegas na nuca dela, suas pernas entrelaçadas... Ao abrir os olhos a lembrança do que tinha acontecido a atacou provocando um enorme sorriso em seu rosto. Mas logo se transformando em pânico.

Ela o beijou! Luke a tocou! E tudo foi tão... Foi tão lindo... Tão perfeito... Mas também tão errado! Jenna levantou cuidadosamente para não acordá-lo, subiu para o quarto, trocou de roupa rapidamente e saiu para o trabalho como se fugisse da polícia. Ela estava confusa, atordoada, mas ao mesmo tempo, maravilhada, estranhamente feliz. Nunca tinha se sentido daquela forma, nunca tinha experimentado sensações tão prazerosas em seu corpo, nunca tinha amado tanto uma pessoa como amava Luke. A maneira como ele foi carinhoso, a forma como demonstrou estar tão atraído por ela como Jenna estava por ele, era perfeita.

Mas o pensamento de que tinha cometido um erro a perturbava. Ela não controlou o que aconteceu, simplesmente aconteceu e não pôde fazer nada para impedir. Pegou no sono enquanto assistia televisão com Luke porque estava muito cansada, acordou no meio da noite sobre o corpo dele e não resistiu à vontade de tocá-lo, de beijá-lo. Foi mais forte que ela. No momento Jenna não se importou com nada, apenas deu vazão aos seus sentimentos, se jogou de cabeça nas sensações que entorpeciam sua mente, que inebriavam seu corpo. Porém agora, ela não se reconhecia. Sempre se via como a Jennifer Lloyd, a garota tímida desprezada pela família, covarde demais para tentar se defender ou desafiar alguém. Essa Jennifer Lloyd não era capaz de beijar um garoto lindo como Luke e se deixar levar pela emoção do momento sem pensar nas consequências. Jenna sempre tomava uma atitude pensando nas consequências. A coisa mais rebelde que já fez na vida e não se arrependia, foi ter saído da Califórnia para estudar na Carolina do Norte sem a autorização do seu pai. Nesse caso era diferente, afinal ela estava assegurando seu próprio futuro e correndo atrás do seu sonho. Ela sabia que esse ato poderia ter consequências, mas no momento não se importava. Acreditava que elas viriam depois que se formasse e ela estaria madura o suficiente para encará-las sem medo.