Capítulo Dois

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–Você sabe falar? – ele perguntou com um sorriso torto, ainda debruçado sobre o balcão.

Jenna se amaldiçoou silenciosamente e voltou a respirar. Ela desviou os olhos para o chão.

–Você... Você me assustou! – Merda! Eu disse que ele me assustou? – Eu só... Eu bati na porta, mas você não atendeu. Então, entrei. E... – Merda! Por que era tão difícil assim conversar com um garoto? Jenna estava se sentindo ridícula.

Jenna conseguiu olhar pra ele novamente. Luke ainda estava com aquele estúpido e sexy sorriso torto nos lábios.

–Tudo bem, não se apavore. Eu deixei a porta aberta para você entrar. – ele se aproximou dela e Jenna fez o possível para olhar somente para os olhos dele e não para o seu abdome definido. – Sou Luke Barker.

–Jennifer Lloyd. – respondeu ela estendendo-lhe a mão tão rápido que Luke poderia se afastar achando que ela lhe daria uma bofetada. Ele, no entanto não pareceu notar o nervosismo dela. Apenas segurou a mão dela com firmeza franzindo as sobrancelhas.

–Pensei que fosse Jenna. – disse ainda segurando a mão dela.

–Meus amigos me chamam assim. – respondeu ela tentando puxar sua mão.

–Claro, não sou seu amigo. – Luke a soltou e lhe deu as costas seguindo na direção das escadas carregando suas malas. – Jennifer...

Luke usava somente uma calça moletom cinza e tênis Nike. Havia tatuagens até nas suas costas largas. Jenna desviou os olhos antes que pudesse ter um ataque cardíaco.

–Não... Não foi o que eu quis dizer.

–Venha, vou mostrar o seu quarto.

Jenna o seguiu pegando a mala menor que ele deixou para trás e subiu as escadas para o segundo andar. Ela estava nervosa e já havia falado o que não devia e só tinha passado dois minutos desde que conheceu Luke. Droga! O que seria dela no decorrer dos meses que ainda estavam por vir?

Jenna não queria pensar nisso agora. Ela tinha que tentar se acalmar. Não queria dar mais motivos para Luke pensar que ela era uma esquisita.

Quando chegou ao segundo andar, Luke esperava por ela em frente à quarta porta do corredor.

–Este é o seu quarto. – Jenna o seguiu para dentro do quarto e seus olhos se arregalaram. O quarto era maior do que ela esperava, com certeza caberia todas as suas telas e materiais de pintura.

Havia uma cama enorme no centro do quarto abaixo de uma enorme janela de vidro, um criado-mudo e um closet. Só faltava um toque especial na decoração, como pinturas, fotos, tapete e cortinas. Jenna se sentiu empolgada ao se imaginar decorando o lugar e deixando com a sua cara.

–Pelo seu sorriso, parece que você gostou. – disse Luke encostado na parede com os braços cruzados.

–Sim. – Jenna sentiu suas bochechas corarem – Eu adorei. É bem maior do que eu pensava.

–Essa porta dá no banheiro da Sarah, você terá que dividir com ela, espero que não se importe. – Luke caminhou até a parede oposta e abriu a enorme janela de vidro. – Vou voltar para o meu treino. Logo a Sarah estará em casa. Precisa de mais alguma coisa?

–Não, estou bem. Vou desfazer as malas.

–Ok.

Luke saiu do quarto e Jenna pôde respirar normalmente outra vez.

~.*.~

Luke desceu as escadas e seguiu para a mini academia de ginástica que havia próxima à varanda. Ele ligou a música novamente e subiu na esteira.

Quando sua prima perguntou se ela poderia trazer uma amiga para morar com eles, Luke havia aceitado sem reclamar. O namorado da Sarah, seu melhor amigo Jason, havia se mudado depois que aceitou uma proposta de emprego no centro da cidade e o aluguel havia ficado mais caro. Sarah só não havia ido morar com o namorado porque ainda estava estudando e o apartamento ficava bem perto da faculdade. Luke era estudante de pós-graduação e também precisava morar perto da escola, mas só com o salário do seu estágio não seria possível pagar o aluguel. Uma terceira pessoa ajudaria muito até que ele se formasse.

Mas se Luke soubesse que sua nova companheira de quarto era Jenna Lloyd ele teria recusado. Quando Sarah veio com a proposta ele perguntou: Ela é gostosa? E a Sarah só havia respondido: Ela é uma garota normal. Normal para ele queria dizer baranga, mas ele nunca entendeu a linguagem das garotas.

Jennifer Lloyd não era baranga. Era uma garota bonita e porra, gostosa! Quando ele a viu entrar no apartamento, sentiu uma vibração nada boa no pé da barriga. Jenna estava usando jeans, tênis all star e uma blusa preta de manga comprida. Não era o tipo de roupa que dá tesão a um homem, mas quem não reparasse na bunda redonda e nos peitos roliços dela seria um cego ou gay. Não, seria um cego bem gay. Não era só o corpo dela que era bonito, mas seu rosto era angelical. Tinha o cabelo castanho, os olhos caramelados. Quando ela sorriu e uma maldita covinha apareceu em sua bochecha ele xingou a sua prima. Qual era o problema dela, afinal? Não era possível que Sarah confiasse tanto assim em seu autocontrole!

Luke desligou a esteira e foi até a cozinha pegar uma garrafa de água.

Luke não queria uma garota como a Jenna morando sob o mesmo teto que ele. Ele só tinha contato com garotas bonitas na faculdade, no trabalho e nos clubes que frequentava nos finais de semana. Seu apartamento era como um refúgio, seu forte. Ele não queria uma garota desfilando pela sala com um shortinho sexy o convidando para sua cama. Principalmente em respeito a sua prima que era como uma irmã para ele e por sua própria comodidade. Ele só se divertia com as mulheres fora do seu apartamento, lá era um lugar sagrado.

Luke abriu a geladeira, pegou uma garrafa e voltou para a esteira.

Jenna parecia muito tímida, mas há muito Luke deixou de ser enganado pela timidez de uma garota. Ele teve experiências suficientes para perceber quando uma garota dava uma de inocente. Ele não se deixaria enganar nunca mais, era o seu juramento.

–Porra! – Luke sentiu alguém cutucar em suas costas e quase caiu da esteira com o susto. Ele olhou para trás e lá estava Jenna com os olhos arregalados e as mãos na boca.

Luke desligou a música usando o controle remoto.

–Me desculpe, eu chamei, mas você não ouviu. – Jenna não queria jogar na cara dele que o volume da música estava muito alto e que o iPod com fones de ouvidos já havia sido inventados, mas só fazia poucos minutos que havia chegado ali, ainda não podia fazer uma lista das suas exigências. Como ficaria a sua primeira impressão sobre ela?

–Que susto, porra! Qual o seu problema? Não faça isso de novo, garota! Não gosto de ser surpreendido, eu odeio surpresas! – Luke parecia mesmo irritado o que também deixou Jenna irritada. Primeiras impressões que se danem!

–Se não gosta de ser surpreendido, deveria treinar ouvindo música com o volume um pouco mais baixo, não acha? – Jenna poderia ser tímida e ficar desconfortável na presença dos garotos, mas não quando estava com raiva. Qual era o problema do Luke para trata-la daquele jeito? Ele acabou de conhece-la! Pelo amor de Deus!

Luke respirou fundo e engoliu as palavras que vieram a sua cabeça. Ele não tinha que jogar na cara dela que aquela era sua casa e tinha o direito de ouvir música no volume que quisesse, porque, primeiro isso seria muito insensível e uma puta de uma grosseria para se dizer a uma garota e segundo aquele lugar também seria dela pelos próximos meses. Se ela não se comportar como uma vadia e eu ser obrigado a manda-la cair fora.

–Ok, foi mal por isso. – disse ele sarcasticamente e Jenna fez o possível para não se irritar ainda mais. – Antes de tudo, precisamos ter uma conversa. Existem regras nesse apartamento, das quais você deve estar ciente. E a primeira delas é...

–Não surpreender você? – ela o interrompeu. Jenna cruzou os braços e o fitou desafiadoramente. Ela viu uma veia pulsar na testa de Luke.

Antes que Luke pudesse responder, eles ouviram uma porta bater.

–JENNA! VOCÊ ESTÁ AQUI?

Jenna respirou aliviada. Sarah acabara de chegar.

Amor IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora