About Love And Loathing, Part 2

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Camila's POV

Eu não sabia para onde estava indo.

Não que importasse, na verdade. Mesmo se eu tivesse um destino certo, dificilmente conseguiria chegar até ele com aquela chuva. Eu havia subestimado a tempestade. O nível de água caindo do céu era tanto que eu me sentia como se estivesse na verdade submersa. A chuva batia contra meu corpo violentamente, e sua quantidade era tanta que me impossibilitava de enxergar qualquer coisa fora de um raio de três metros. Eu não pensava ser possível ficar mais encharcada, mais cansada e com mais frio do que eu já estava.

Não que isso importasse.

Aquele não havia sido meu plano quando eu atravessei as portas do prédio em direção à rua. Há dois minutos atrás só o que eu queria era ficar sozinha. Agora, porém, o desconforto que a chuva me causava se tornara bem-vindo enquanto eu vagava pelas ruas escuras de Miami. Se eu me concentrasse nas sensações físicas, talvez conseguisse esquecer a onda de autopiedade que eu sentia. Eu sabia que o que Ariana me dissera era verdade – ela não tinha me esquecido, e por pior que isso soe, eu queria que permanecesse assim. Me chame de infantil, de imatura, até mesmo de egoísta, mas se eu precisava sofrer com tudo isso, porque ela não devia sentir o mesmo? Eu sei, horrível, mas eu nunca disse que sou perfeita.

Egoísmo à parte, o que doía não era o fato de outra garota gostar de Ariana. O problema, como eu dissera, era que isso explicitava ainda mais o quão longe eu estava dela enquanto ela estava tão perto. De alguma forma, minha mente já se conformara com a distância dela e com a dor que isso me causava, já que eu tinha aquela certeza de que Ariana continuava do mesmo jeito, que de alguma forma ela ainda era minha. Saber que havia outra na disputa agora, porém, mudava as coisas. Eu sabia que Ariana não tinha nada com ela, mas não era isso que doía tanto.

O que deixava tudo diferente era o fato de que ela poderia ter.

Essa foi uma realização que me veio em meio à conversa, enquanto Ariana se explicava. Em um estalo, eu percebi que na verdade ela não precisava ter explicado nada, porque ela não era mais nada minha. Desde que ela fora embora, eu havia me apoiado nessa ideia inconsciente de que não importava se ela estava ou não por perto, ela ainda era minha. Mas ao falar com Ariana Grande no telefone, eu finalmente acordei e vi que não era bem assim. Nós havíamos terminado. No sentido de "cada uma segue o seu caminho e não deve mais nada a outra". Estranho como levara seis meses para eu finalmente perceber isso, mas de vez em quando eu simplesmente não sou a mais esperta das criaturas. Esse tempo todo eu havia enxergado a falta de Ariana como se significasse a distância eterna que eu teria da minha namorada, quando na verdade tal distância não era só física, e sim psicológica também. Ariana não era minha namorada que estava longe. Era minha ex. Por mais que por fora eu pensasse que havia compreendido totalmente o significado dessa palavra, só nessa noite pude entender de fato. Ariana era minha ex. Ariana não era mais parte da minha vida.

Em momentos como esse eu preferiria que a faca penetrando meu peito fosse física. Doeria menos.

A ideia de fugir de mim mesma era o que mantinha meus pés andando, meu corpo indo contra a tempestade. Talvez se eu me afastasse bastante, me afastaria da dor também. Era uma teoria improvável, mas no momento eu seria capaz de tentar qualquer coisa.

– Camila! – eu ouvi uma voz me chamando. De alguma forma eu não estava surpresa. Claro que ela havia me seguido.

Lauren sempre parecia estar por perto em meus momentos mais miseráveis.

Após uma breve hesitação, eu me virei em direção a ela. Era mesmo Lauren, parada na chuva como se essa não a incomodasse nem um pouco. Provavelmente não incomodava mesmo, eu pensei, com uma parte distante do meu cérebro. Ela me encarava com a testa levemente franzida em confusão, os olhos verdes me escaneando como se tentassem enxergar dentro da minha alma. O peito ainda seminu se movia levemente devido à respiração desnecessária, e a água corria pela pele de marfim como se a acariciasse, desconsiderando a violência com a qual a chuva caía. Os cabelos pretos também não haviam escapado ilesos da ação da tempestade, formando agora uma cortinha de fios molhados e bagunçados que estranhamente ficava bem nela. Ali, há poucos metros de mim, Lauren parecia um anjo. Um anjo da morte, provavelmente, mas ainda sim. A postura perigosa, a expressão fechada e o corpo pecaminosamente perfeito coberto apenas pelo top apertado e encharcado e o jeans escuro podiam fazer dela um anjo sombrio, mas não diminuíam em nada a beleza que me fizera fazer tal comparação.

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