That Cold, Eventful Night Part 1

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Camila's POV

Eu não havia percebido antes o quanto a noite estava fria.

Claro que não havia percebido. Antes havia estado preocupada demais em descontar minha fúria e minha dor em vampiros. Havia espreitado as ruas que conhecia desde criança à procura daqueles cuja existência era o motivo de toda a minha desgraça. Eu havia encontrado no rosto de cada vampiro que encontrara naquela noite a face desconhecida do monstro que matara uma criança. Simplesmente porque aquele caso era um símbolo de todos os meus problemas.

Eu só existia por causa deles. Era filha de um deles. Malditos vampiros. Se hoje eu sofria, a culpa era deles. Se hoje eu odiava a mim mesma, era porque eu odiava a eles. Todos eles... Até mesmo Ariana, às vezes. E Lauren.

Principalmente Lauren.

Era até ela que eu estava indo. Atravessando ruas enquanto abraçava meu próprio corpo para combater o frio que eu agora era capaz de sentir. Antes eu havia estado esquentada pela fúria assassina. Agora, porém, só o que eu sentia era o incômodo frio da incerteza.

O porquê da incerteza eu não sabia. Havia deixado a Sede decidida a ir até Lauren para ter com ela aquela que seria nossa conversa definitiva. E eu ainda estava indo fazer isso, o problema era aquela sensação estranha dentro de mim. Uma espécie de aceitação. Como se parte de mim soubesse de algo que minha mente consciente se recusava a aceitar. E essa parte me fazia questionar meus reais motivos para estar indo até Lauren.

Eu precisava vê-la, essa era a única certeza. A conversa era apenas a desculpa que eu arranjara para justificar aquela necessidade a mim mesma. Afinal, de que adiantaria conversar com Lauren? Eu diria não a proposta dela e o que mudaria? Aquilo não faria Lauren desistir de mim. Eu começava a achar que nada faria. Dizer não a Lauren apenas a faria mudar de tática. Aquilo não terminaria nunca. Ou pelo menos não até uma de nós estar morta.

Oh, não. Eu também não estava indo matar Lauren. Não seria capaz e sabia bem disso.

A verdade era que eu não sabia o que estava indo fazer na cripta dela. A ideia havia aparecido em minha mente como o canto de uma sereia enquanto eu ainda estava em meu quarto. Forte, irresistível... Aquela ideia me dominou bem rápido e meu mecanismo natural de negação havia criado quase imediatamente a desculpa de "pôr um fim naquilo que existia entre nós". O verdadeiro motivo era um mistério até mesmo para mim. Em um momento eu estava confusa e sofrendo, e no outro a necessidade de ir até Lauren surgiu como um clarão. Como o modo de agir mais óbvio. Como a solução para todos os problemas.

Eu não sabia direito o que estava indo fazer lá. Só sabia que precisava ir.

Eu cheguei até a porta dela como se em um sonho. Eu quase não sentia meus próprios passos, nem o contato de minha mão contra a madeira velha da porta que rangeu alto ao ser aberta. Meu coração batia forte. O que eu estava fazendo ali? Meu Deus, o que eu estava fazendo?

O andar de cima estava vazio, óbvio. Os sarcófagos continuavam onde estavam e havia poeira por todos os cantos. Era o cenário de um filme de terror. Não me surpreendia o fato de nenhum humano costumar entrar aqui, quanto mais descobrir a entrada secreta. Entrada essa da qual eu lentamente me aproximava.

Encontrei o alçapão com facilidade, é claro. Já havia estado lá antes. Mais vezes do que gostava de admitir.

Não me incomodei em descer os degraus. Apenas pulei pela abertura, aterrissando com facilidade poucos metros abaixo.

Ela estava na cama, encostada contra a cabeceira e usando apenas seus jeans e um sutiã branco. Sem olhar para mim, ela marcou a página do livro que lia e o colocou sob a mesinha ao lado da cama. A precária iluminação de velas me impedia de ver a capa do livro, mas eu não estava preocupada com isso. Estava concentrada demais nas ações de Lauren.

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