That Cold, Eventful Night Part 3

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Lauren's POV

Vampiros não deviam se incomodar com o frio.

Não devíamos nos incomodar com nenhuma temperatura, na verdade, mas principalmente não com o frio. Todo calor que possuíamos era roubado, tanto do sangue de nossas vítimas quanto da proximidade com coisas quentes. Nosso estado natural era o frio, por isso eu já devia estar acostumada. Naquela noite, no entanto, o frio era insuportável.

Simplesmente porque ele evidenciava a ausência do calor dela.

Camila havia saído a o quê, quinze minutos? Um pouco menos, talvez? Eu não fazia ideia. Pareciam horas para mim.

Ela saíra sem beijos de boa noite, sem nem um sorriso. Depois da segunda vez – bom, minha segunda vez, terceira dela –, Camila havia permanecido deitada ao meu lado por alguns silenciosos, quase sagrados minutos até de repente se levantar e começar a procurar suas roupas. Eu continuei deitada, apenas a observando enquanto ela se vestia, um toque de nervosismo óbvio em cada um de seus movimentos. Assim como eu, ela não sabia o que fazer a partir dali. Nós não conhecíamos as regras de um relacionamento como aquele simplesmente porque relacionamentos como aquele não existiam. Um acordo como o que tínhamos em meio a uma história como a nossa era algo incomum. Não havia um guia geral sobre como prosseguir.

Ao terminar de se vestir, Camila havia parado próxima a escada e olhado em minha direção, parecendo confusa e desconfortável, como se não soubesse o que dizer. Como se tivesse medo de dizer a coisa errada.

– Eu... Vejo você amanhã. – foi o que ela disse, finalmente. Eu só pude assentir com a cabeça e vê-la subindo as escadas.

E então eu estava sozinha, e de repente tudo era insuportavelmente frio.

Eu achei que estava preparada para aquilo. Era parte do plano, não era? Convencer Camila a aceitar a proposta. Esconder meus sentimentos para que ela não percebesse que tê-la apenas daquela maneira me machucava. Eu sabia que doeria vê-la partir, mas havia decidido que valia a pena. Se o seu corpo era só o que Camila estava disposta a dividir, eu aceitaria. Aceitaria qualquer coisa que ela estivesse disposta a me oferecer. Eu era uma infeliz apaixonada e Clarke estava certa. Eu não tinha amor próprio nenhum.
Só o que eu tinha era uma ponta de esperança, e eu me agarraria a ela até o fim. Porque por mais que eu tivesse disposta a aceitar qualquer coisa de Camila, eu não podia evitar sonhar que um dia ela me daria mais. Eu podia me ver forçada a me contentar com pouco, mas isso não significava que eu não era ambiciosa. Eu queria Camila em minha cama, sim, mas também queria mais. Queria abraços. Um olhar de carinho, uma risada realmente feliz... Ao menos um sorriso de afeto. Queria que ela me amasse, ou pelo menos que gostasse de mim de verdade. Eu queria alguma coisa... Algo que aquecesse meu coração da mesma forma que ela aquecia o meu corpo.

Mas aquilo ia contra uma das malditas condições.

O próprio fato de ela ter condições já mostrava o quão errado era aquilo tudo. Eu não devia estar com uma garota que tinha condições para me ver. Devia fazer o que Clarke havia me dito e juntado um pouco de respeito por mim mesma. A coisa certa a fazer seria dizer não a Camila. Fazê-la parar de pisar em mim. Eu não devia aceitar condições, não devia dar tanta moral a ela, mas era o único jeito. Porque em seu discurso, Clarke não havia levado em conta um pequeno detalhe.

Camila era mais orgulhosa do que eu. Se eu a afastasse de alguma maneira, ela continuaria afastada.

Ao contrário do que eu fazia, ela não viria atrás de mim. Se eu desse um fora em Camila ou a desagradasse seriamente, daria a ela o motivo que ela estava procurando para ficar longe de vez. Daria força para a luta dela contra o que sentia e acabaria a perdendo de vez. E aquilo eu não estava pronta para enfrentar.

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