Power Play Part 1

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Camila's POV

Dormir era o tipo de privilégio que alguém como eu não devia ambicionar.

Não adiantava tentar, minha mente simplesmente não desligaria. Meus olhos não fechavam por mais de segundos, porque o que me mantinha desperta era algo que simplesmente não parava. E não, eu não estava falando de Normani roncando ao meu lado, por mais que aquilo também fosse um pouco incômodo. O que não me deixava dormir era o excesso de energia nervosa que me atacara pouco tempo depois da ligação de Ariana.

Eu não queria lidar com aquilo. Com nada daquilo. Eu precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa que me impedisse de pensar. Eu estava inquieta e meu corpo parecia implorar para que eu me levantasse, me movesse, saísse, quebrasse algo, fizesse qualquer coisa para liberar aquela agitação.

Eu tentei virar pra um lado. Pro outro. Tentei meditar. Lembrei a última palestra de Simon sobre História do Vampirismo na América, e nem isso me deu sono. Por fim levantei, coloquei uma blusa de alça e uma calça de moletom qualquer, peguei meu celular e saí do quarto, tendo cuidado para não acordar Mani.
Segui para a sala de treinamento, porque para onde mais eu poderia ir? Aquele lugar era mais meu refúgio do que meu próprio quarto. Talvez alguns rounds contra o saco de areia me relaxassem o suficiente para dormir. Parecia uma boa ideia.

Tão boa, de fato, que não fui a única a tê-la.

Eu não estava de todo surpresa ao ver Lauren ocupando meu saco de pancadas. Nos últimos tempos ela andava passando quase tanto tempo quanto eu naquela sala. Mas o fato de ela estar ali, no meio da madrugada, esmurrando o saco de pancadas como se esse fosse a causa de todos os seus problemas era meio preocupante.

Ela não estava bem, isso era óbvio. Eu tinha experiência com pessoas estressadas, tendo sido uma minha vida inteira, então sabia reconhecer os sinais. O jeito como ela socava, os sons que ela emitia... Lauren não estava simplesmente irritada, ela estava seriamente perturbada com algo. E, droga, como eu queria saber o quê. Parte de mim se sentia curiosa o suficiente para perguntar, mas a outra parte era racional o suficiente para me segurar.

Perguntar seria o mesmo que dizer que eu me importava, e aquilo eu não podia fazer.

Ela sabia que eu estava ali, mas não parecia querer se dar ao trabalho de reconhecer minha presença. Eu tinha certeza que ela havia me escutado abrir a porta. Tinha certeza que ela sentia meu cheiro, minha presença... Mas ela continuava a agir como se estivesse sozinha.

Infelizmente para ela, eu sou Camila Cabello. E eu detesto ser ignorada.

– Boa noite, Lauren. – eu disse, em voz alta e clara, com um toque de doçura e uma tonelada de sarcasmo.

Ela socou o saco com mais força que antes, fazendo com que a corda que o prendia ao teto rompesse e o objeto voasse até o outro lado da sala.
Arregalei os olhos e dei um passo instintivo para trás, odiando a mim mesma por ter me assustado. Mas era como se o som da minha voz a tivesse irritado, e aquilo não fazia sentido. Eu podia não ser a melhor pessoa do mundo, mas tinha certeza absoluta que não havia feito nada para irritá-la daquela maneira nas últimas vinte e quatro horas. O que quer que tivesse perturbando Lauren não podia ser culpa minha.

Ela estava parada ainda de costas para mim e ofegava, o que no caso dela era engraçado. Ou talvez não. O que quer que tivesse levado a vampira a subitamente inalar bizarras quantidades de oxigênio não podia ser algo bom.
Ela virou a cabeça para trás, finalmente me encarando.

– O que você está fazendo aqui? – ela perguntou, tirando as luvas que tinha nas mãos e as devolvendo à prateleira no canto da sala.

– Levando em conta que eu moro aqui e essa é a minha sala de treinamento, eu que devia estar fazendo essa pergunta. – eu disse, sentando no banco simples de supino.

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