The Power Of Tequila Part 1

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Camila's POV

Eu odeio livros velhos.

Há duas semanas atrás, se você me perguntasse, eu responderia o contrário, na verdade. Eu sempre gostei de volumes antigos. Mas passar tardes e tardes no meio de milhares de diários de caçadores não é algo exatamente divertido. Eu estava tomando horror àquilo. Alguns diários até tinham passagens interessantes, e admito que acabei aprendendo uma coisa ou outra com as histórias dos que vieram antes de mim, mas a grande maioria era tão absurdamente chata e escrevia tão mal que dava vontade de parar de ler. Não que eu pudesse, claro. Mesmo ainda não achando nada realmente útil naqueles diários, Simon continuava dividindo os volumes entre nós e insistindo que procurássemos e anotássemos qualquer coisa estranha. Nomes de vampiros, para o caso de eles aparecerem em mais de um volume, situações estranhas, etc. Qualquer coisa que pudesse nos dar alguma ideia de quem esse Mestre podia ser. Realmente parecia impossível que um vampiro tão velho nunca tivesse encontrado um caçador, mas todas as nossas suspeitas acabavam se mostrando erradas. Ou o vampiro do qual suspeitávamos tinha a morte descrita em outros diários ou se mostrava novo demais para se encaixar no perfil. Ainda tínhamos uma lista de nomes, mas minha intuição me dizia que o nome certo não estava ali.

Fechando o milésimo diário daquela tarde, eu suspirei, jurando para mim mesma que a partir de agora passaria a escrever com mais atenção no meu diário de caçadora, simplesmente para facilitar a vida das gerações futuras caso algum coitado precisasse ler. Os diários eram algo que Reid e os chefes que vieram antes dele sempre insistiram que nós mantivéssemos. Era a única forma de se documentar o conhecimento obtido com o trabalho, e era a única fonte de pesquisas sobre o assunto que os caçadores mais novos podiam ter. Eu confesso que antes de ter que ler todos aqueles cadernos eu apenas colocava notas nos meus, ou descrevia brevemente algum acontecimento fora do comum. A parte mais detalhada de todos os meus diários era a época em que Lauren e Cora chegaram aqui e o inferno se abriu abaixo de mim. Mas a partir de agora eu faria algo ao menos um pouco interessante de se ler. Os coitados que viessem depois de mim não mereciam ter que aturar esse tipo de coisa.

Pensar em diário me fez lembrar o que eu achara naquela casa abandonada. Reid me garantiu, de forma até meio grossa, após minha insistência, que era impossível alguém ter roubado um diário. Que todos estavam em posse da Organização. Mas eu sabia o que tinha visto – e escutado. Além daquele diário específico, havia outros em posse do Mestre. Pelo menos havia sido isso que o tal Drigger dissera. Talvez o Mestre tivesse conseguido pôr as mãos em diários que o mencionavam. Mas como ele conseguira? E por que Reid negava?

Minha cabeça começou a doer.

Você já se sentiu como se tivesse tanta coisa em sua cabeça que seu cérebro começa a sofrer com o peso de tudo isso? Era assim que eu me sentia. Por isso espantei os pensamentos, guardando-os em alguma parte distante da minha consciência para analisar quando eu estivesse me sentindo melhor. Era isso que eu andava fazendo nos últimos três dias, desde que Lauren saíra misteriosamente da cidade. Fugia ao máximo de pensamentos complicados que envolvessem a ela, ao Mestre, a Ariana e a qualquer outra coisa preocupante. Se eu não pensava sobre isso, não existia. Essa era minha filosofia. Até que estava funcionando, de certa forma.

Eu vivo em meu próprio mundinho de negação. E daí?

– Algo promissor? – eu perguntei à Normani, que estava sentada na poltrona à minha frente.

Ela e eu havíamos escapado das pesquisas naquela manhã, de modo que Simon insistiu que ficássemos sozinhas trabalhando à tarde. E nós havíamos obedecido. Eu era uma híbrida com força sobre-humana e Normani, uma feiticeira até bem poderosa, mas nenhuma de nós ousara desafiar aquele homem na facha dos cinquenta sem nenhuma habilidade excepcional. Simplesmente havia algo quando Simon clareava a garganta, levantava uma sobrancelha e nos olhava como um pai rigoroso que nos fazia sentir como criancinhas levando uma bronca. Não que ele fosse sempre assim. Quando eu era criança, o adulto severo na minha vida era Reid. Simon era meu treinador, meu conselheiro e acabou se tornando uma espécie de pai pra mim. Fora Simon quem cuidara de mim esses anos todos, e eu sabia que ele me amava como a uma filha. Mas quando ele queria, sabia ser sério e meio intimidador.

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