Queen Of Denial

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Camila's POV

Todo mundo já se sentiu um lixo algum dia.

Não só mental ou emocionalmente, já que se sentir um lixo por dentro de vez em quando é consequência direta de se viver nesse planeta. Não, falo de se sentir um lixo por fora. Não há no mundo quem possa dizer que nunca vivenciou um dia no qual se achou horrível. No qual a mera ideia de um espelho é o suficiente para te deixar apavorado. Sem sombra de dúvidas, eu não era a primeira pessoa do mundo a me sentir monstruosa.

Mas com certeza era uma das únicas a estar mal o suficiente para receber gritos de horror.

– O QUE ACONTECEU COM VOCÊ? – a voz de Normani, ecoando pelos corredores normalmente vazios do terceiro andar da Organização, foi à primeira coisa que eu ouvi ao sair do elevador. Oh, que sorte a minha. Quando tudo o que eu queria era chegar até meu quarto sem que ninguém me visse, sou forçada a encarar Normani, Dinah, Simon, Ally e Clarke correndo em minha direção como se vindo em socorro de uma vítima de atropelamento. Ótimo. Simplesmente tudo que eu precisava.

Alguém lá em cima devia ter acordado com vontade de me punir.

– Eu estou bem. – eu respondi, grata pelas paredes grossas daquele lugar serem bons isolantes sonoros. Tudo o que eu não queria no momento era que o ataque histérico de Mani acordasse a Organização inteira.

– Bem?! Camila, tá parecendo que alguma coisa mastigou e cuspiu você!

Eu pisquei longamente.

Uau. Aquilo realmente levantou minha autoestima. Muito obrigada pela ajuda, Normani.

– Camila, onde você estava? – Simon perguntou, agarrando-me pelos ombros, o que me fez gemer levemente de dor. Eu não conseguia me lembrar de quando exatamente havia machucado o ombro, mas em comparação com todo o resto, aquilo não importava muito – Você some a noite inteira e volta assim? O que houve com você?

– Calma, uma coisa de cada vez. – eu pedi, começando a sentir minha cabeça doer. Bom, uma dor a mais ou a menos não faria muita diferença, faria? – Eu explico, mas antes... Eu pareço tão mal assim? – eu perguntei, fazendo uma careta de desgosto enquanto olhava para mim mesma. Minha saia já havia visto melhores dias, mas por sorte eu já não usava a camisa de Lauren. Digamos que eu tenha... Pego emprestado sem intenções de devolver discretamente uma camisa branca com os dizeres "I <3 MIAMI." no mesmo estilo das "I <3 NY" de um vendedor de rua no caminho para cá.

– Hm... Você tem um cortezinho em uma das maçãs do rosto, um lado da sua mandíbula está meio inchado e seu braço está todo arranhado. – disse Clarke, sorrindo com um pouco de pena. Eu chequei meu braço, lembrando-me de tê-lo ferido ao cair pelo buraco.

– E seu cabelo está uma bagunça, sua saia está toda empoeirada e você está com cara de quem veio correndo da Califórnia até aqui. – acrescentou Normani, sempre prestativa.

– Obrigada. Mais alguma coisa? – eu perguntei, com meu melhor sorriso sarcástico.

– Oh, seu rímel está um pouco borrado. – continuou Mani, sem aparentar ter percebido meu sarcasmo – E você está mancando.

Meu sorriso sumiu.

Por sorte, eu consegui abaixar a cabeça antes que alguém notasse minhas bochechas coradas.

– Hm... Man-mancando? É, eu... – passei a noite inteira fazendo sexo selvagem com Lauren – Machuquei o pé.

– Agora que os assuntos estéticos estão resolvidos, – começou Simon, parecendo irritado – Será que você podia me fazer o favor de explicar exatamente o que aconteceu ontem à noite?

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