The Sour Taste Of Betrayal

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Camila's POV

Camila,

Não tenho palavras para expressar meu desapontamento. Ninguém nunca te ensinou que não é certo entrar na casa dos outros sem ser convidada? É esse o pagamento que recebo por poupar sua vida?

Eu sei que você voltou para a fábrica na noite de ontem. Você em breve descobrirá que sei de coisas com as quais você sequer sonha, doce Camila. Por isso meu conselho é que pare de me procurar. Será inútil. Não estou mais usando as casas abandonadas e não permitirei que me encontre até que essa seja minha vontade.

Isso não é uma ameaça. É um mero aviso.

Eu.

Era a milésima vez que eu lia aquela carta.

Como se já não bastasse eu ter passado a maior parte daquela madrugada relendo, dissecando, analisando cada linha daquela mensagem, essa havia sido a primeira coisa que eu fiz quando acordei, também. Não que eu tenha dormido muito bem. Meu cérebro não havia parado de trabalhar naquela questão por nem ao menos um segundo, de forma que meus sonhos foram infestados de palavras confusas, lembranças estranhas e a constante presença de uma figura encapuzada, me encarando à distância. Assim que meus olhos finalmente se abriram e eu me rendi à certeza de que era incapaz de dormir tranquilamente com tantas dúvidas em mente, me pus a analisar novamente aquela maldita carta. Mas não importava quantas vezes eu a lesse, o conteúdo permanecia o mesmo. Nenhuma pista genial pulava do papel, nenhuma solução para aquele mistério parecia sair do meio daquele pequeno conjunto de palavras. Por que o Mestre havia me enviado aquilo? Era possível que fosse medo de eu estar chegando muito perto da verdade? Mas como, se eu me sentia ainda no ponto zero quanto à resolução daquela questão?
Talvez o objetivo fosse apenas me intimidar. Apenas me deixar saber que ele sabia o que eu estava fazendo. Era meio assustador, de fato. Uma coisa era ele saber que eu havia seguido seus capangas. Outra bem diferente era saber que eu havia voltado para aquela estrada. E como ele sabia, afinal? O desgraçado, ou desgraçada, devia mesmo ter alguém de olho em mim. Já desconfiava disso, mas agora começava a ter certeza... Eu só podia estar sendo vigiada.

Jogando a carta sobre o colchão da minha cama em pura frustração, eu me levantei e segui até meu armário, abrindo uma de minhas gavetas. Afastando algumas calcinhas para o canto, eu levantei o fundo falso e tirei a pasta que escondia ali. Ok, eu sei que é meio ridículo guardar a carta do Mestre em um lugar tão idiota, mas eu me baseava na ideia de que, sendo aquele um lugar tão óbvio para se esconder coisas, ninguém olharia com mais atenção ao não achar nada de estranho em uma primeira análise. Meu fundo falso estava relativamente seguro.

Voltei a sentar na minha cama com a pasta em mãos, espalhando o conteúdo dela sobre meu colchão e lutando para ignorar certas coisas que estavam ali dentro. Eu guardava tudo naquela pasta. Tudo que eu não queria que o resto do mundo visse, de forma que estava me concentrando para não dar atenção a uma certa foto. Mas era difícil. Os olhos de Ariana pareciam me encarar e, por algum motivo, eu tinha a impressão que eles me condenavam. Devia ser a culpa que eu sentia, é claro. Um dos motivos para Ariana ter ido embora era que ela queria que eu tivesse alguém "melhor" na minha vida. Ela havia insistido que eu merecia mais do que namorar uma vampira. E aqui estava eu agora, tendo recusado na noite passada minha melhor chance de ter um relacionamento normal. Eu havia dado um fora em Aramis e andava me agarrando com Lauren pelos cantos. Ariana com certeza me condenaria se soubesse disso.

Não que eu tivesse uma relação com Lauren... Mas havia atração. Atração em um nível que me assustava... Mais do que isso, me apavorava totalmente. Por isso eu me sentia tão culpada ao olhar a foto de Ariana. Eu a amava, mas desejava Lauren com uma intensidade nunca antes sentida. Desejava Lauren como nunca havia desejado Ariana ou pessoa nenhuma. Era estranho, assustador e doentio se levarmos em conta que não havia nenhum sentimento da minha parte além de ódio. Eu odiava Lauren, eu queria Lauren... E além de tudo, por alguma razão, eu necessitava da proximidade dela mais do que necessitava de ar. Não era apenas questão de gostar, ou de me sentir atraída por ela... Era algo mais. De alguma forma aquela necessidade de estar próxima a Lauren crescera dentro de mim sem que eu a entendesse. Como um sexto sentido me avisando que eu precisava daquele vampira na minha vida, nem que fosse como inimiga.

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