One Step Forward Two Steps Back Part 1

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Camila's POV

Gargantilha?

Não, fina demais.

Cachecol?

Seria excelente. Se os climatizadores da sede subterrânea da Organização não mantivessem a temperatura constantemente amena, é claro.

Eu tinha milhões de motivos para querer matar Lauren. Mas, naquele momento, as marcas em meu pescoço eram o mais forte.

Pela milésima vez desde que acordei naquela manhã, eu chequei os dois pontos vermelhos em minha pele pelo reflexo no espelho. É, ainda estavam lá. Meu corpo geralmente cicatriza feridas com uma velocidade impressionante, mas fazer isso em menos de vinte e quatro horas seria pedir demais. Ou seja, eu precisava urgentemente arranjar uma forma aceitável de cobrir meu pescoço sem que parecesse suspeito.

Bem mais fácil na teoria do que na prática.

Mas eu precisava admitir que o motivo pelo qual eu passara a última hora revirando meu quarto em busca de cachecóis e blusas de gola alta era que eu precisava de uma distração. Se eu empenhasse todas as minhas forças em procurar uma solução para aquele problema, eu esqueceria os mais complicados. Melhor ficar obcecada com as marcas no meu pescoço do que, bem... Com o resto.

Resto esse que eu estava fazendo o possível para bloquear.

Eu não tinha outra escolha, na verdade. Encarar tudo o que havia acontecido na noite de ontem seria implorar por uma internação no manicômio mais próximo. Para início de conversa, eu quase morrera. Duas vezes.
Esse era o pensamento que diminuía um pouquinho a minha raiva por Lauren. Porque a minha segunda "quase morte" não foi realmente perigosa. Lauren Jauregui apenas fez um grande teatro para tentar me ajudar a perceber a gravidade do que eu estava sentindo.

É difícil explicar, porém não mais do que é difícil entender. Mas eu finalmente começava a compreender o que exatamente Lauren fizera por mim na noite passada. Claro, a primeira coisa que eu senti ao acordar e me lembrar da noite de ontem foi um ódio mortal por Lauren. Tendo "boas intenções" ou não, ela me mordera. A filha da puta havia me mordido e para um caçador essa é uma das piores ofensas do mundo. A mordida é o maior símbolo do que faz um vampiro ser um monstro. É por ela que eles se alimentam, sugando a vida de seres humanos. É a coisa que eu aprendi a abominar durante os anos, então o fato de Lauren ter me mordido me irritava profundamente.

Principalmente pelos arrepios excitados que percorriam meu corpo toda vez que eu me lembrava do que acontecera.

Mas isso não vem ao caso. O que importa é que Lauren havia tentado me ajudar. Claro, de sua maneira estranha e deturpada que já me era familiar, mas mesmo assim... Mesmo assim eu conseguia entender as diversas intenções por trás do que ela fizera. A primeira era me assustar, óbvio. Se o vampiro naquela fábrica fosse qualquer um além de Lauren eu não teria saído viva dali. Eu teria morrido de qualquer jeito, fosse do modo mais definitivo ou sendo transformada. E, bizarramente, acho que essa proximidade com a morte é parte do que torna uma mordida tão... Intensa. O perigo, o medo... A possibilidade que tanto excita quanto apavora. Eu sabia que a excitação era o bônus do pavor que ela quis instaurar em mim, porque mesmo enquanto eu me entregava àquela deliciosa sensação, parte de mim tinha medo. E era isso que Lauren queria, me fazer temer a morte, porque se eu a temesse, talvez esse sentimento fosse o suficiente para reprimir o bizarro desejo por ela que, agora eu sabia, existia em algum lugar dentro de mim, já que meu pouco apego à vida não era o suficiente.

Olhando no espelho agora, eu podia dizer com sinceridade que havia funcionado. Eu não queria morrer, não mesmo. Entretanto, eu sabia que aquele desejo mórbido não era algo constante. Eu não sou nenhuma maníaca suicida, prova disso é que, até a noite anterior, eu nunca me dera conta de que por vezes algo dentro de mim ansiava por destruição. Não, o desejo de morte era algo que aparecia quando eu me encontrava vulnerável. Por hora eu sabia que o "plano" de Lauren teria efeito, mas a longo prazo a vontade de botar um fim em tudo isso voltaria. Era isso que me assustava e me fazia entender que eu precisava de Lauren perto de mim. Porque, além do medo, eu sabia que ela havia tido ainda outra "boa intenção" além das óbvias mais egoístas como o simples prazer de me morder e me punir pelo que eu quase havia feito comigo mesma.

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