Dança

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO X – ESPIONAGEM DE OUTUBRO

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CAPÍTULO VIII - DANÇA

Eu já participei de muitas missões durante os oito anos em que tenho dedicado à minha vida ao FBI. Já me envolvi com muitas mulheres e participei de muitas encenações para casos onde precisava me disfarçar para desmascarar algum criminoso ou descobrir alguma informação que pudesse ser essencial para o FBI.

E com Sara não deveria ser diferente. Mesmo trabalhando como parceiros, algo que eu não tenho desde a morte de Mick, ainda é uma missão onde não deve haver nenhum sentimento envolvido. Não somos um casal. Não somos casados. Nós nos tornamos amigos porque temos experiências dolorosas do passado e ambos queremos nos vingar de Vandal.

Mas mesmo assim, eu me senti incomodado com a aproximação de Lex Luthor, não gostei de ver os dois dançando de forma tão intensa e sensual. Não me senti bem ao ver a proximidade dos dois, os sorrisos que ela direcionava para ele e nem a forma como ele a encarava, quase como um animal selvagem diante de sua próxima refeição.

No entanto, de toda essa situação, o que eu mais odiei foi o fato de estar me importando com algo que não faz sentido. Durante os últimos três anos, eu tenho sonhado todos os dias com minha discussão idiota com Sara, seguindo do momento em que noto Vandal ativar a bomba e Mick atirar em mim com aquela expressão de que estava conformado que a hora dele havia chegado.

O ódio que cresceu dentro de mim, me consumiu diariamente e me fez odiar Sara na mesma intensidade que eu me odiava. E era exatamente por isso que eu não me podia permitir que meu coração se sentisse afetado por sua beleza descomunal, por seu sorriso fácil, por sua personalidade única ou por sua inteligência surreal. Mas aqui estou eu, beijando-a e sentindo que o mundo estava ganhando novas cores.

Seu corpo se encaixava perfeitamente no meu, o aroma intenso de seu perfume me embriaga. Suas unhas arranhavam a minha nuca e me causava arrepios em meu corpo. Era intenso, alucinante e me tirava o ar, ao mesmo tempo que despertava um desejo incontrolável de experimentar mais de Sara, de prolongar a loucura que não deveria estar acontecendo.

Eu não deveria me sentir tão envolvido assim. Esse beijo deveria ser apenas algo profissional, sem qualquer sentimento. Apenas parte do nosso trabalho. Mas meu coração parecia não entender isso. Eu estou prestes a entrar em um jogo perigoso, onde estou arriscando o futuro da missão e o bem do meu próprio coração.

E em algum momento, alguém acaba esbarrando em nós, no meio a agitada pista de dança, e é como se um estralo me fizesse voltar a realidade. Afasto-me de Sara e a observo. Ela ainda demora alguns segundos para abrir os olhos e posso ver a dúvida presente naquele lindo mar cerúleo, questionando o que tinha acabado de acontecer.

- Eu... – Sara balbucia, atordoada. Desvio o olhar, porque sentia que se continuasse a encará-la tão de perto, acabaria cometendo o erro de beijá-la novamente. E nesse momento, encontro os olhos de Von Strucker sobre nós, acompanhado de Arnim Zola na parte mais afastada da multidão, no outro lado do salão.

- Von Strucker e Arnim estão de olhos em nós. – Sussurro próximo ao ouvido da loira, usando aquela desculpa esfarrapada para justificar minha insanidade. Sara parece refletir sobre a informação e assente, pensativa.

- Entendo. – Responde a loira, inexpressiva. No entanto, vejo um brilho triste passa brevemente pelos seus olhos, antes dela desviar o olhar e encarar a direção onde estavam os agentes da HYDRA. – É melhor nós irmos cumprimentá-los. Eles já perceberam que nós os vimos.

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