Defesa

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO X – ESPIONAGEM DE OUTUBRO

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CAPÍTULO XI - DEFESA

Lex Luthor estava me seguindo desde que deixei o cassino do navio, fazendo questão de esbarrar em Ophelia. Se Leonard tinha problemas com Lex, eu tinha muito mais motivos para não gostar da mulher, que além de se jogar mais do que deveria para cima de Leonard, havia sido uma agente da CIA e traiu o país por ganância.

Ciente de seu olhar e aproximação, continuo a exibir a expressão desolada, raivosa e ainda deixo algumas lágrimas rolar pelo rosto, enquanto sigo para a proa do navio. Lex se manteve afastado, observando-me, como se esperasse uma ação mais brusca de minha parte.

Assim que alcanço a proa, apoio-me na grade de proteção e encaro o céu estrelado. Um vento mais forte me atinge e eu acabo estabelecendo de frio. Lex aparece atrás de mim e coloca um casaco por cima dos meus ombros. Finjo me surpreender e faço questão de dar uma cotovelada em Luthor, apenas para descontar minhas frustrações e acabo acertando seu nariz.

- Ai meu Deus! Lex! O que você está fazendo aqui? - Questiono, fingindo estar desesperada, vendo o homem caído no chão, enquanto apertava o nariz sangrando. - Eu sinto muito. Você está bem?

- Sim... Eu só... - Ele se levanta e ri, mas não demora a fazer uma careta de dor. - Eu não sabia que você era tão forte.

- Sinto muito mesmo. Eu estava tão perdida em pensamentos que não notei você se aproximando. E quando você colocou o seu casaco em cima de mim, eu achei que fosse alguém perigoso. - Respondo, encarando-o como se estivesse me sentindo culpada por quase ter quebrado o nariz do homem de quase dois metros de altura.

- E quem disse que eu não sou um homem perigoso? – Provoca Lex e eu reviro os olhos, empurrando-o fracamente. Ele ri divertido, ainda que fosse possível perceber que sentia dores.

- Você entendeu o que eu disse. – Resmungo e volto a me aproximar, encarando melhor seu nariz. – Droga! O que eu faço com você? Por que eu tenho que ser tão estabanada?

- Não se preocupe. Eu que deveria ter anunciado minha chegada. Eu sinto muito por ter assustado você. – Lamenta Lex, pegando um lenço no bolso de seu casaco que eu havia jogado no chão. Continuo a encará-lo com preocupação. Ele assopra o nariz e me dá um fraco sorriso. – Não precisa me olhar assim. Está tudo bem.

- Tem certeza? Talvez fosse melhor que fôssemos a enfermaria do navio para darmos uma olhada nisso. – Recomendo, mas ele nega, voltando a colocar o casaco sobre mim. – Obrigada.

Lex limpa o nariz por mais um tempo e quando finalmente para o sangramento, ele guarda o lenço encharcado de sangue dentro do bolso da calça e se aproxima da grade de proteção da proa. Observamos a paisagem em silêncio e eu começo a pensar sobre o curto, mas decisivo diálogo que troquei com Leonard.

Eu estava determinada a conversar com ele sobre esse clima estranho que está crescendo entre nós. Eu não sou idiota. Consigo ver os sentimentos conflitantes nos olhos de Leonard, assim como eles estão dentro de mim. Sabemos que é errado nos envolver, ao mesmo tempo em que é difícil controlar essa atração intensa que nos faz cometer loucuras sem que tenhamos controle de nosso corpo.

No entanto, a incerteza de um futuro entre nós me amedronta. Somos de mundos complicados, onde relacionamentos só nos colocam em perigo e nos deixam vulneráveis. Ainda assim, como posso fazer meu coração entender que Leonard é alguém com quem eu não posso sentir vontade de beijar, alguém que eu não posso ficar horas velando seu sono, observando seus detalhes mais ínfimos?

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