Alívio

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO X – ESPIONAGEM DE OUTUBRO

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CAPÍTULO XVIII - ALÍVIO

A fome era dolorosamente torturante. Depois de me atrair para a sua armadilha, Lex aproveitou um momento de distração de minha parte para me atingir com uma nova coronhada na cabeça e me espancar. Já faz pelo menos três dias desde que estou sendo mantido com os braços e as pernas presas na cama no suposto quarto do dr. Zola. Como se não bastasse estar trancado e sem acesso a comida ou água desde que fui preso nesse lugar, eu sentia meu corpo enfrentar uma verdadeira guerra pela sobrevivência.

Isso porque os ferimentos que o maldito de Lex havia ocasionado com facas e outros objetos perfurantes, além de muitos chutes, socos e estrangulamentos, estavam infeccionados, resultando em febre, náuseas, tontura e muito mal-estar. Aos poucos, eu sentia as minhas forças se esvaírem e o desespero me consumir.

A falta de algo em meu estômago e líquidos em meu corpo somado a alta febre estava começando a me fazer pensar que provavelmente não sobreviverei ao fim dessa missão. Eu estava extremamente desidratado e era como se meu corpo estivesse morrendo aos poucos. Mas o pior de tudo isso era pensar que Sara poderia estar em uma situação ainda mais excruciante.

Eu não conseguia parar de pensar na loira. Ela está bem? Será que conseguiu fugir ou, assim como eu, continua sendo feita como refém pelos malditos da HYDRA? Eu sei que ela é resistente a dor, mas Lex havia comentado sobre Arnim ter desenvolvido um sedativo capaz de superar as propriedades de proteção do Mirakuru. Isso me fazia questionar o que eles estavam obrigando a garota a passar apenas para testar os efeitos e comportamento do corpo de uma das poucas pessoas que sobreviveram ao Mirakuru.

Suspiro e me remexo na cama, mas logo me arrependo ao sentir as algemas apertadas machucarem ainda mais a minha pele. Eu não ia ao banheiro há um bom tempo e ninguém, nem mesmo as camareiras do navio, apareceram no quarto desde que Lex me deixou completamente machucado no quarto.

A minha situação era lamentável. Minha cabeça rodava e acho que nunca senti tanta dor em meu corpo como nesse momento. Por mais que eu tentasse, no estado em que eu estou, jamais conseguirei sair sozinho desse lugar, pelo menos, não vivo. O silêncio ensurdecedor do quarto só me fazia crer ainda mais de que minha morte seria patética, solitária e amarga.

E nesse instante, meu estômago se revira e sinto o ácido do estômago subir de uma vez, queimando toda a minha garganta. Viro o rosto para não acabar morrendo sufocado e o vômito sai sem que eu tenha controle. Por estar há muito tempo sem comer nada, sinto o sabor amargo do suco biliar em minha boca, enquanto uma forte fraqueza traz a sensação de desfalecer. Eu não podia morrer agora. Eu precisava encontrar Sara e acabar com Vandal e Lex. Precisava vingar a morte de Mick e destruir a organização que destruiu a vida de inúmeras pessoas inocentes.

- Socorro... – Sussurro, em um pedido desesperado, enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto. Eu não tinha mais condições físicas e nem psicológicas para suportar mais um dia nesse inferno. Eu precisava ver Sara. Ter a certeza de que ela está bem. Precisava de um banho, de comida e água. Eu não conseguia mais lidar com a fome e a desidratação.

Eu estava assado e suado. Meu corpo estava tão quente que parecia estar preso em um forno. Eu tremia de frio pela intensa febre e não conseguia encontrar nenhuma forma de sair de acordar desse pesadelo que tenho enfrentado nesses últimos dias. Aos poucos, eu sentia minhas esperanças se esvair. A morte parecia ser algo muito mais confortável do que toda aquela dor da fome e dos cortes infeccionados.

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