Festa

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO X – ESPIONAGEM DE OUTUBRO

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CAPÍTULO VII - FESTA

Eu sabia que esse momento chegaria. Depois de conviver alguns anos com minha família nada tradicional e trabalhar desde os treze anos na CIA, em algum momento, minha sanidade quase inexistente se esgotaria de vez. Essa era a minha única explicação para simplesmente ter confiado em Leonard e revelado sobre meu passado complicado.

Simplesmente aconteceu. Sem uma razão plausível ou circunstâncias incontroláveis. Ao ouvir a história sobre a sua família, eu me lembrei da dor que sinto por ter abandonado aqueles que tanto amo e então, as palavras fluíram sem que eu pudesse me conter. Quando eu percebi, já havia contado a Leonard os meus maiores segredos. E o pior de tudo. Eu não me arrependia de ter contado.

Eu enlouqueci. É isso. Porque não faz sentido algum eu revelar meu segredo que demorei três anos para contar a Ava e ainda não me importar com as perguntas que Leonard fazia. Logo eu, a pessoa que detesta falar sobre si mesma.

- Então vocês são doze primos no total? – Questiona Leonard e eu assinto, concordando. – Por que doze? Existe algum motivo específico ou foi um número aleatório que Clint Barton escolheu?

- Nada do que tio Clint faz é aleatório. Todas as duas ações tem algum motivo. – Respondo, encarando o colar que ele havia me dado. Suspiro e retiro o relicário do meu pescoço para mostrar a Leonard. – A família Barton é composta de duas gerações. Na verdade, três, se levarmos em conta que Oliver já tem um filho. Enfim, tudo começou com tio Clint sendo abandonado em uma igreja apenas com uma carta dizendo que o nome dele seria Clint Barton.

"Depois disso, ele foi parar em um orfanato católico. Como você já sabe, tio Clint é um homem excêntrico e de uma inteligência acima da média. E isso o fazia ser ignorado pelas outras crianças, que tinham medo de se aproximar e lidar com sua personalidade singular. E era exatamente por isso também, que mesmo sendo adotado com frequência, as famílias sempre acabavam o devolvendo ao orfanato por nunca saberem como lidar com a maneira como ele encarava o mundo.

Mesmo sendo tão diferente, tio Clint apenas queria fazer parte de uma família. Ser amado e se sentir acolhido, algo que ele nunca conseguiu, não importava onde ele fosse. Não importa o quão inteligente e independente ele fosse, tio Clint se sentia triste e deslocado. Ele não sabia o que era amor. Ainda que lesse em diversos livros, assistisse diversos filmes e tivesse passado por pelo menos quinze famílias, ele não entendia o que era ter uma família. E foi por isso que ele jurou a si mesmo que um dia criaria uma família que se amasse e compartilhasse de laços muito mais fortes do que os sanguíneos.

E foi aos doze anos que ele conheceu Joseph e Linda Hopper, uma família amorosa que sonhava em ter uma família grande. Infelizmente, depois da gravidez complicada do meu pai, eles não conseguiram ter mais filhos. Então quando meu pai já tinha dezesseis anos, eles decidiam adotar mais um filho. Foi então que eles visitaram o orfanato de tio Clint e se encantaram por ele.

Pela primeira vez na vida, tio Clint entendeu o que era fazer parte de uma família. Ao contrário das outras pessoas, a família Hopper não tinha medo de sua genialidade. Pelo contrário, todos o incentivavam e eram fascinados pelas invenções e modo de pensar de tio Clint. Meu pai amava o irmão mais novo e fazia questão de leva-lo para todos os lugares que iria com seus quatro amigos inseparáveis Robert Queen, Kyle Puckett, Adam Florian e Henry Allen. Todos o adoravam.

E foi nesse momento que a primeira geração da família Barton foi criada. Tio Clint amava tanto os amigos do irmão que sugeriu que eles fizessem uma própria família, onde todos seriam irmãos de coração. Estranhamente, os cinco adolescentes adoraram a ideia. Na época, com exceção de tio Kyle, todos já estavam namorando e as futuras esposas de meus tios também gostavam muito do tio Clint. Então mesmo depois de casados, eles ainda se autonomeavam como família Barton. No entanto, foi somente na segunda geração da nossa família que as ações de tio Clint começaram a fazer sentido.

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