Questão de Tempo

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO X – ESPIONAGEM DE OUTUBRO

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CAPÍTULO XXVII – QUESTÃO DE TEMPO

O clima não poderia estar pior do que naquele momento. Eu me sentia culpada pela briga recente de Oliver com Felicity, que para a minha surpresa havia se mostrado bastante empática pela minha situação. Não que eu esperasse um ataque de sua parte. Sendo uma amiga de longa data de tio Clint, eu esperava que ela fosse se manter mais neutra em relação ao caos que eu já esperava acontecer e não que iria me defender dos ataques dolorosos de Oliver.

Os olhos decepcionados e abalados de meus primos me atingiam como lâminas afiadas contra a minha pele. Era claro que eles estariam furiosos. Eu menti e desapareci. Descumpri as promessas que fiz e quebrei o código de amizade que Nancy e eu tínhamos de nunca mentirmos uma para outra. Dez anos se passaram, então é claro que seria pedir demais ser recebida com compreensão por aqueles que eu abandonei.

- Por que agora, Sara? Por que demorou dez anos para voltar? Você por acaso faz ideia do quanto foi difícil para o Oliver superar a sua morte e seguir em frente? Por que teve que voltar somente quando ele finalmente encontrou o amor da vida dele e está vivendo feliz com a esposa e o filho? - Questiona Damon, aproximando-se com os olhos carregados com uma profunda mágoa e tristeza. - Não é justo você ter escolhido sair de nossas vidas de forma tão cruel e voltar dez anos depois. Oliver perdeu a pessoa que ele mais amava e se culpou todos esses anos por não ter sido capaz de cumprir com as promessas que fez a você. E ele ficou tão abalado que se prestou ao papel de viver ao lado de Laurel por dez anos, apenas porque ele não queria quebrar as promessas que fez a ela também. Você por acaso tem a consciência de que todo o sofrimento que ele passou e todas as merdas que ele enfrentou poderiam ter sido evitados com uma simples conversa antes de simplesmente forjar a própria morte como se não houvesse pessoas que se importavam com você?

- Eu sinto muito, Mon. - Lamento com sinceridade e ele suspira, voltando a passar as mãos pelo rosto. Nancy ainda chorava intensamente e nem mesmo fazia questão de olhar em meus olhos. Mesmo Jonathan ao seu lado, ela parecia bastante nervosa e isso me preocupava. Ela está grávida. Não pode passar por fortes emoções. - Eu sei que deveria ter aparecido antes, que deveria ter contado a verdade a vocês antes de tomar minha decisão, mas...

- Nós sempre te apoiamos, Sara. Sempre! Mesmo nas maiores loucuras, nós confiávamos uns nos outros. Por que nos traiu e nos fez passar por tanto sofrimento em vão? Não teríamos ido contra a sua vontade. Confiávamos em tio Clint o suficiente para saber que você ficaria bem. Todos nós queríamos a sua felicidade. Não contaríamos a ninguém sobre a sua decisão. Você sabe disso. - O tom de voz de Nancy aumentava mais a cada palavra proferida. Seu corpo tremia e ela parecia mais pálida que o normal. - Você ao menos faz ideia de quantas noite eu passei visitando seu túmulo e conversando com uma lápide para conseguir lidar com a dor que sentia por ter perdido a única pessoa no mundo que eu pensei que me entendia? Tem noção de quantas vezes eu precisei ter minha melhor amiga ao meu lado durante esses dez anos? Sabe o quanto eu desejei compartilhar com você os momentos bons da minha vida? Você por acaso imagina o quanto eu odiei o mundo por supostamente não ter mais você nele?

- Nana, acalme-se, por favor. - Peço com preocupação e tento me aproximar mais uma vez, mas teimosa como minha melhor amiga é quando está furiosa, ela me rejeita novamente.

- Não, Sara! - Nancy parece ficar ainda mais nervosa e Jonathan a encara com preocupação.

- Nancy, você precisa ficar calma. Pense na Hope. - Pede o marido de minha melhor amiga, abraçando-a com cuidado.

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