Traição

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO X – ESPIONAGEM DE OUTUBRO

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CAPÍTULO XXIV - TRAIÇÃO

Sara parecia a ponto de chorar ao ouvir a voz do pai. Ela se levanta e posso ver seus olhos brilharem com intensidade, provavelmente sentindo a saudade falar mais alto. A irmã mais nova de Sara a observa com atenção e eu tinha quase certeza de que ela desconfiava da identidade de Sara. Levanto-me também e coloco minha mão sobre o ombro de minha namorada. A partir de agora, as coisas poderiam sair de controle.

Jim Hopper aparece na sala vestido de seu uniforme de xerife da cidade e encara Sara e eu com curiosidade. Por alguns instantes, o tempo parece parar. Vejo os olhos do homem quase dobrar de tamanho e sua boca se abrir em descrença. Ele retira seu chapéu e pisca algumas vezes, como se tentasse ter certeza de que não estava vendo coisa.

- Sara...? – Ele sussurra e posso sentir o corpo da loira ficar tenso.

- Oi, pai. – Sara cumprimenta o homem que parece ainda mais assustado com a fala. Lágrimas se formam seus olhos e seu rosto empalidece.

- O quê...? Como... como isso... como isso é possível? Você... você não deveria estar aqui. Você... você morreu. Eu te vi morta! Eu... – Hopper estava atordoado e completamente perdido.

- Pai, fica calmo! Sua pressão não pode aumentar. – Pede a irmã de Sara, correndo até o homem que continuava a encarar a primogênita completamente atônito. A garota o puxa pelo braço e o guia até o sofá. – Vem. Vamos nos sentar. Eu vou pegar uma água para o senhor.

- O que está... acontecendo aqui? – Pergunta Hopper, sentando-se no sofá com a mão no peito.

Eleven corre para a cozinha e por alguns instantes, tudo o que conseguimos ouvir é a movimentação da adolescente em busca de água para dar ao pai. Sara permanecia em uma espécie de estado de choque, encarando Jim Hopper como se também ainda não conseguisse acreditar que estava de frente para o homem depois de tantos anos.

A garota de cabelos curtos castanhos não demora a aparecer com o copo de água, entregando ao xerife Hopper, que bebe tudo de uma vez e entrega o copo a Eleven novamente. O clima estava tenso e pela forma como pai e filha se encaravam, a conversa não se iniciaria tão cedo.

- Sr. Hopper, eu me chamo Leonard Snart. Eu sou o namorado da Sara. É um prazer conhecê-lo. – Digo, estendendo minha mão para o homem que me encara ainda mais surpreso.

- O quê? – O tom raivoso e seu olhar severo me fazem recolher a mão. Eleven solta uma risada discreta, mas também acaba sendo repreendia com um olhar nada amigável do pai.

- Pai... – Sara se aproxima e pega em minha mão, que tremia e estava incrivelmente fria. Aperto-a em resposta e sorrio, tentando transmitir alguma confiança para a mulher, que suspira e encara o pai. Hopper continuava a observar Sara sem acreditar na visão que seus olhos lhe proporcionavam. – Eu sei que isso é meio óbvio agora, mas eu estou viva.

- Como isso é possível? – Sussurra Hopper, atordoado. – Eu enterrei você. Como você pode estar aqui, quando eu vi com meus próprios olhos o momento em que os aparelhos ligados a você indicaram que seu coração não estava mais batendo? Eu me lembro claramente daquele som maldito indicando que você tinha perdido os sinais vitais e que jamais voltaria a abrir seus lindos olhos. Como... como você pode simplesmente estar viva?

- Eu... – Sara suspira e me puxa para nos sentar no sofá. – É uma longa e complicada história, então eu peço que possa me ouvir primeiro. Por mais que queira gritar, xingar, espernear, peço que apenas me deixe falar antes que eu perca toda a coragem que eu reuni para vir até aqui confessar que eu estou viva e que meu enterro no passado foi uma grande mentira que eu criei, em minha tentativa de me libertar.

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