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Magnus Bane Point of view

Hoje era um daqueles dias em que eu não queria levantar de jeito nenhum da cama, já haviam se passado duas semanas desde o meu termino com o Alec e como já era previsto esses dias longe dele estava sendo sufocantes, mas eu estava aprendendo a lidar com a saudades que vez ou outra rasgava o meu peito ao meio. Durante esse período ele me procurou diversas vezes, tanto em minha casa como aqui no apartamento de Cat onde eu estava passando uns dias, ele me mandou também, incontáveis mensagens que eu as apaguei antes mesmo de lê-las. Estava sendo muito difícil para mim, mas com a ajuda de Catarina eu estava conseguindo lidar com tudo aquilo de cabeça erguida.

Nos primeiros dois dias, eu passava o dia inteiro deitado com uma garrafa de uísque ao lado enquanto assistia a algum filme de comedia romântica onde no final tudo dava certo e eu chorava feito um condenado ao lembrar dele. No terceiro dia eu havia acordado chorando de madrugada depois que havia sonhado com ele, meus amigos me consolaram. No quarto dia eu me peguei chorando ao ver nossas fotos juntos, então eu as apaguei do meu celular e das minhas redes sociais. No quinto dia eu sai de casa, já que antes não tinha forças nem para se levantar. No sexto dia eu já sorria, pouco mas o suficiente para provar que eu poderia sorri sem ter ele como o motivo. No sétimo dia tudo se repetiu novamente.

Términos nunca foi uma coisa fácil de se lidar e quem falar que foi é porque não amou o suficiente ao ponto de sentir o peito se rasgar ao meio só de ouvir o nome da pessoa que um dia veio e lhe fez feliz. Eu sentia uma parte de mim sumir sempre que via alguma coisa que me lembrava dele e a saudade me atingia de uma forma desesperadora, eu tentava escapar de tudo aquilo, mas como eu iria conseguir lidar com a dor se eu não me permitir senti-la? Eu não poderia simplesmente camufla-la ou ignora-la, isso é a vida e a única coisa que eu podia fazer pra mudar aquilo tudo era enfrentá-la.

Mesmo sem querer me levantei e fui me arrastando para o banheiro onde eu tomei um demorado banho de água quente. Hoje o dia estava nublado e eu iria acompanhar a Cat em a sua consulta mensal ao obstetra, então optei por um sobretudo e coturnos, depois de vestido fui para a cozinha onde encontrei Cat, Ragnor e Rapha que estavam discutindo sobre quem iria cozinhar a noite.

- Não posso cozinhar, estou grávida. – Cat deu de ombros.

- Amor, se a gente ainda quiser um teto pra morar, você não cozinhar nem é motivo de discussão e sim de alivio. – Ragnor beijou a bochecha da morena que bufou.

Eu sorri vendo meus amigos. Ragnor, Catarina e Raphael eram o trisal mais louco que eu conhecia (eu sei que só conhecia apenas um, mas enfim) o relacionamento dos três era de causar inveja em qualquer um, menos em mim, é claro, eu tive tudo aquilo que eles tinham enquanto ainda estava com Alexander. Mesmo vivendo em uma completa mentira eu não posso negar que fui feliz.

- Bom dia, Mags! – Ragnor e Rapha falaram em um coro assim que me viram.

- Bom dia! – falei com um sorriso no rosto.

- Meu menino está sorrindo gente. – Cat falou se aproximando e beijando minha bochecha – Se sente melhor?

Eu assenti.

- O café da manhã já está servido. – Ragnor falou colocando as panquecas em nossos pratos.

- Eu particularmente estou ficando muito mal acostumando com toda essa mordomia. – falei me sentando ao lado de Raphael que riu.

Fitei a mesa a minha frente que estava repleta de comidas gostosas, todo o santo dia meus amigos se juntavam e preparavam um café da manhã digno de novela para mim, segundo eles comer bastante ajudava a superar ligeiro um termino, o que era mentira, é claro.

- Tudo pra você, meu ursinho. – Ragnor beijou minha bochecha antes de se sentar.

- Ursinho? – fiz uma careta – Sério?

-Gatinho? – arqueou a sobrancelha.

- Magnus, por favor. – falei risonho.

O homem assentiu e deu uma piscadela para mim.

Está com meus amigos era incrível, eles me apoiavam em absortamente tudo e eu não sabia nem como agradecer por tê-los em minha vida. Eu tenho a plena certeza que se eu não os tivessem eu não iria conseguir lidar com tudo isso. Ficamos ali conversando sobre tudo, até sobre o projeto de Ragnor de escrever um livro.

- Eu tenho um projeto, mas não sei se ele vai ser aprovado. – ele falou.

- O que você tem em mente? – perguntei – Digo do que você pretende escrever?

Ele me fitou.

- Queria escrever uma história de amor, mas não do tipo tradicional. Eu já até tenho alguns rascunhos prontos... – deixou no ar o resto da fala.

- Isso é maravilhoso! – falei – E sua história de amor não tradicional fala sobre o que?

Ele me encarou sério.

- Você!

Eu lhe encarei confuso.

- Eu? Como assim? Meus relacionamentos são um fracasso. – sorri fraco.

- Eu escrevi sobre você e Alec...

Eu senti minha garganta arranhar, Raphael e Catarina estavam em silencio me encarando, eu respirei fundo.

- Do que se trata a história? – perguntei baixo.

- De princípio a minha ideia era escrever sobre dois melhores amigos de infância que haviam se apaixonado, mas achei um tema muito clichê. Mas depois do que você nos contou minha criatividade fluiu e eu tive a brilhante ideia de escrever sobre uma história de amor verdadeira, um jovem humilde que se apaixona por um Príncipe confuso que foge do seu pais em busca de paz.

Eu engoli em seco.

- Acho que essa sua história vai ficar sem um final feliz então...

Ragnor me fitou por alguns segundos.

- Quero saber se você me permite dar continuidade a minha escrita e se você quiser que eu pare de escrever é só falar, afinal a história está sendo escrita baseada em sua vida.

Eu poderia pedir para que ele parasse, mas uma parte de mim queria ver até onde aquilo iria.

- Qual o nome dos personagens?

- Harry Shum Jr. é o nome do seu personagem e Matthew Daddario o de Alec.

Eu fitei Ragnor me encarava com expectativas.

- Pode escrever sem problema nenhum. – falei deslizando os dedos pela borda da xicara.

- Sério? Eu sei que esse é um assunto delicado e que você ainda está sofrendo por isso e se...

- Ragnor pelo amor de Deus, você pode escrever sem problema nenhum. – falei lhe cortando.

- Magnus você é um anjo.

- Agora tem uma condição...

- O que você quiser.

- Ragnor, você está tão desesperado assim pra aceitar qualquer condição? – Rapha debochou.

- Rapha! – Rag o repreendeu.

- Eu quero ser a primeira pessoa a ler quando você terminar.

- Claro, você será a primeira pessoa.

Pisquei um dos olhos para ele que sorriu.

- Droga! Estou atrasado pra reunião! – ele falou se levantando rapidamente – Rapha, você vem?

- Hoje eu pego mais tarde, amor.

Ragnor o olhou brevemente e assentiu.

- Mags, tome conta dos meus namorados e por favor não deixe Catarina cozinhar. Rapha quando sair do trabalho me avisa para mim poder te pegar. Cat, qualquer coisa que acontecer no médico pode me ligar, ok?

A mulher assentiu e o homem beijou nossas bochechas antes de se retirar as presas.

- Acho que sobrou apenas nós. – Rapha falou comendo uma uva.

Terminamos o café da manhã e enquanto Cat e Rapha foram se vestir para sairmos eu arrumei toda a cozinha e quando terminei me sentei em uma das bancadas e comecei a mexer no celular. Assim que abrir o Instagram uma foto me chamou atenção, Alexander estava segurando a mãozinha de Max e aquilo foi o suficiente para que meu coração batesse de forma acelerada. A foto não mostrava os seus rostos apenas as suas mãos que estavam entrelaçadas, sobre a mão de Max havia um cateter o que me fez deduzir que a foto havia sido tirada durante uma das seções de quimioterapia, logo em baixo da fotografia estava escrito "You make me Strong".

Eu tinha que admitir que sentia muitas saudades do pequeno Max, eu havia me apegado a ele tão ligeiro que era até assustador. O garoto levava luz e força por onde passava e não era atoa que ele era amado por todos ao seu redor. Eu havia conseguido falar com ele duas vezes durante esse período de distanciamento da família Lightwood e o garoto havia me dito que tinha começado a quimioterapia e que se sentia muito mal por causa dos efeitos colaterais e aquilo fez meu estomago revirar, ele me falou também que estava morrendo de saudades e que não via a hora de me ver novamente. Eu queria também poder lhe encontrar, mas quando a ideia de ter que se esbarrar em Alexander durante a visita fazia com que eu volta-se atrás. Fiquei fitando aquela foto e perdido em meus pensamentos por tanto tempo que só percebi que Catarina estava ao meu lado quando a mesma pigarreou.

- Cat... – sussurrei e rapidamente travei o celular.

A mesma me lançou um olhar questionador, mas não falou nada e eu agradeci mentalmente por aquilo.

- Vamos? – Raphael falou ajeitando seu relógio.

Assentimos e então saímos do apartamento. Depois de muitos protestos da minha parte sobre não querer dirigir, eu havia perdido o debate pra Cat que usou sua gravidez como desculpa. A nossa primeira parada foi em frente a um gigantesco prédio onde Raphael trabalhava, Rapha desceu deixando apenas eu e Cat no carro. Eu havia percebido que a morena vez ou outra me fitava com uma cara de quem queria perguntar algo e estava com vergonha.

- Você está me olhando como quem quisesse perguntar algo, mas está com vergonha. – falei.

- Está tão na cara assim?

Eu assenti.

- Você é muito transparente Cat, não consegue esconder nada.

Ela revirou os olhos.

- Em minha defesa eu não estou com vergonha de perguntar algo, apenas não sei se esse é o momento certo pra tocar no assunto.

- Você nunca irá saber se é o momento certo ou não se não perguntar.

- Você e suas frases prontas e irritantes.

Eu sorri debochado.

- Estou esperando.

- Ok, não me responsabilizo se você começar a chorar.

Eu nada falei, Cat respirou fundo antes de começar a falar.

- Tem certeza que você se sente confortável com o Ragnor escrevendo sobre sua vida?

- Cat, ele não vai escrever exatamente sobre mim, ele vai se inspirar na minha história com o meu namo.... Com Alec. – falei ligeiro.

Era tão estranho falar de Alec e não poder me referir a ele como meu namorado. Quando estávamos juntos eu tinha um prazer imenso em gritar nos quatro cantos do mundo que ele era o meu namorado, mas agora eu sentia um certo incomodo em meu peito.

- E outra, vamos ver se pelo menos nessa história eu tenho um final feliz. –completei rindo.

- Sabe, você me parece está lidando com tudo isso muito bem.

- Cat eu tenho que lidar, já chega de estar sofrendo aos cantos da parede por alguém que não me merece.

Eu não estava tão bem como afirmava que estava e a Cat sabia muito bem disso, mas ao invés de debater comigo ela apenas falava "você está lidando com tudo isso muito bem" e admito que aquelas palavras me davam um pouco de motivação.

- Você é a pessoa mais forte que eu conheço, Mags. – ela fez um carinho calmo em meu braço.

- Eu preciso ser, Cat.

Ela sorriu com gentileza para mim. Fomos o resto do trajeto conversando e rindo da piadas sem graças da Cat. Catarina Loss era o que eu chamava de remédio para tristeza, era quase impossível ficar um minuto sem rir perto dela.

- Muito bem senhor superado, pode parar na cafeteria para que eu possa comprar uma fatia de bolo de chocolate?

- Senhor superado? Sério? Você está com os apelidos piores que o do Rag.

A morena gargalhou.

- Nenhum apelido que colocar em você se compara a ursinho, esse foi o pior de todos. Lembra no tempo de escola que eles te chamavam de Purpurina gostosa? Esse apelido sim era fantástico.

- Nem me lembre disso. – revirei os olhos, quando eu estudava eles me chamavam de Purpurina por conta das roupas exageradas e cheias de brilho que eu usava – Eu acho que ursinho ainda bate de frente com senhor superado. – falei mudando de assunto.

- Vai parar ou não para eu comprar meu bolo?

- Você tomou café não faz nem uma hora! – protestei.

- Ah Bane, você não sabe o que é esta gravida.

Aquilo me fez lembrar de Alexander "Estou gravido de você", que ódio tudo ao meu redor por mais simples que fosse me fazia lembrar daquele filho da puta. Como que eu iria conseguir lhe superar assim?

- Magnus!? – Cat me chamou.

- Hum...

- Já passamos da cafeteria. – murmurou.

- Ah.

Cat me fitou caridosa.

- Eu vou estacionar o carro enquanto você compra sua torta, ok?

Ela assentiu, eu parei mais a frente para que ela pudesse descer.

- Te encontro daqui a dez minutos. – gritei para ela que mandou beijinhos no ar para mim.

Sai com o carro e adentrei na rua estreita que dava acesso aos fundos do hospital para poder voltar pela mesma principal que vim, enquanto esperava os carros passarem para eu poder andar comecei a batucar com os dedos sobre a direção de acordo com o ritmo da música que tocava no som do carro. Os carros então passaram e eu virei a cabeça para o lado pra ver se vinha mais algum e antes de dar partida fitei o pequeno retrovisor e de longe eu avistei uma figura bastante familiar que caminhava tranquilamente pelos fundos do hospital. Poderia ser qualquer pessoa, certo? Não é por que ele usava sobretudo azul e tinha cabelos pretos que deveria ser ele. Balancei a cabeça e foquei no transito a minha frente, em menos de dois minutos eu já havia estacionado o carro e agora estava caminhando em direção da cafeteria.

Lá estava eu enfrente da mesma cafeteria em que havia descoberto sobre o noivado de Alexander e depois iria para o mesmo hospital que só me trouxe sofrimento, as vezes eu acho que a vida me odiava. Adentrei na cafeteria e fui até onde Cat estava sentada comendo.

- Você não deveria estar já na sua consulta? – perguntei fitando meu celular que já marcava nove horas.

- A consulta pode me esperar, essa criança aqui dentro não. – ela falou colocando a mão sobre a barriga – Você não vai comer nada?

- Estou cheio. – falei me sentando ao seu lado.

Depois de esperar a Cat terminar de comer saímos da cafeteria e fomos até uma pequena loja de incensos que ficava logo abaixo.

- Você está completamente atrasada. – falei fitando algumas velas aromáticas que estavam sobre a prateleira – E nem venha me falar que a consulta pode esperar e a crianças que está ai dentro não!

Catarina gargalhou alto.

- Você parece o meu marido! – falou brincalhona.

- E você só sabe chegar atrasada nos lugares. – dei de ombros.

- Sabe Bane, a consulta está marcada para ás dez horas.

- Eu não acredito que você me fez acordar cedo em vão! – esbravejei.

- Calma ursinho, eu só falei que era as nove porque sabia que você não iria se levantar na hora certa.

- Eu sempre sou pontual! – rebati.

- Eu sei, só te fiz levantar cedo pra passarmos mais tempo juntos fora de casa, não aguento ver você mofando e chorando dentro daquele apartamento.

- Eu não fico chorando. – rebati.

- Ah não? Então qual é a explicação para os ruídos vindo do seu quarto durante a madrugada? – ela falou colocando as mãos em sua cintura e me fitando.

Eu não lhe respondi, na verdade eu não sabia nem como rebater aquela acusação já que ela era completamente verídica. Quase toda madrugava eu chorava baixinho em meio aos lençóis quando eu me lembrava dele e de tudo que vivemos.

- Foi o que pensei. – falou.

Passamos mais um tempo na loja e quando saímos eu carregava uma sacola cheia de incensos que na minha humilde opinião eram desnecessário.

- Não tem precisão esse monte de incensos. – resmunguei de cabeça baixa.

- Oh meu Deus, aquele não é o...

Eu levantei a cabeça e me senti fraco.

- Alexander! – sussurrei ao ver o homem parado em frente da cafeteria com o mesmo cara que eu havia visto nesse mesmo local há duas semanas atrás.

- Você está viajando? Aquele é o Kieran....

Eu não lhe dei atenção e continuei a fitar Alexander que andava graciosamente com seu sobretudo azul, eu fiquei aliviado ao saber que eu não havia fantasiado ele na mente a minutos atrás.

- Magnus! – ela estralou os dedos na minha frente me fazendo fita-la com raiva.

The Prince (MALEC)Onde histórias criam vida. Descubra agora