The Prince (MALEC)

Desfile

Gideon Lightwood Point of view

  Com delicadeza deslizei os dedos sobre a corda do violino, eu sempre fui um grande amante de música e isso se dava ao fato da minha mãe sempre cantar para mim e meus irmãos antes de dormimos. O retirei do estojo e um pequeno envelope caiu do violino, eu sei que eu não deveria fazer aquilo, mas eu o peguei e engoli em seco quando eu vi a letra dela nele.

- Gideon, o que está fazendo aqui? – Sophie perguntou assustada.

  Eu encarei Sophie e minha vista começou a ficar turva, coloquei novamente o violino no estojo e segurei com força o envelope e o fitei, no envelope tinha o nome da minha mãe escrito com sua letra impecável. Meu coração começou a bater de forma descontrolada.

- Por que um envelope com a letra da minha está guardado no estojo do seu violino? – minha voz saiu tremula e baixa.

Sophie me encarava sem expressão alguma.

- Sophie, por favor, apenas me responda... – implorei.

- Gideon eu... – ela não conseguiu terminar sua fala.

  Eu precisava saber o que estava escrito e em um ato de desespero abrir a envelope revelando uma foto minha junto da minha família e dois papeis perfeitamente dobrados. Eu não fazia a menor ideia do que estava escrito naquelas cartas, mas naquele momento eu simplesmente não conseguia mais respirar.

- Gideon, você está bem? – Sophie perguntou preocupa.

  Eu assenti e me sentei na cama. Coloquei a foto ao meu lado e desdobrei uma das cartas, tudo sobre o olhar preocupado de Sophie. Meus olhos se encheram de lagrimas assim que li a primeira frase "Se você encontrou essa carta, significa que eu não tive mais forças para continuar lutando.” Encarei Sophie que agora me fitava sem expressão, as lagrimas escorriam de forma desesperada sobre a minha bochecha, abaixei a cabeça e voltei a ler.

  "Eu não imaginava que sabia escrever uma carta de despedida, até o dia em que eu vi que a morte talvez fosse meu único meio de conseguir a paz que tanto anseio há anos.

  Há dias que venho tentando buscar em meus filhos forças para continuar viva, mas acontece que eu não consigo mais. Há anos eu venho guardando esses segredos comigo e toda noite quando deito minha cabeça no travesseiro eles me sufocam e me fazem gritar de medo e pavor. Mas antes de lhe contar o que me fez tirar a minha própria vida quero me desculpar com todos aqueles que me amam, quero pedir desculpas aos meus filhos por ter desistido de viver. Essa foi a decisão mais dolorosa que eu já tomei em minha vida."

  Eu não conseguia acreditar que estava lendo a carta de suicido da minha própria mãe, ao mesmo tempo que ler aquilo era aterrorizante se tornava também um alívio, depois de anos eu finalmente iria saber o que levou a minha mãe a tirar sua própria vida.

  "Gideon, Gabriel e Tatiane quero que saibam que o que eu fiz não foi por causa de vocês, eu juro pelo anjo que a minha intensão nunca foi magoa-los, não pensem que eu lhes abandonei porque eu jamais faria isso. Eu os amo com todas as minhas forças, nunca deixem de sonhar e de sorrir. Onde quer que eu esteja estarei cuidando de cada um de vocês. Seria um tanto egoísta pedir que fiquem bem dado as circunstância, mas a única coisa que lhes peço é que fiquem o mais longe possível do seu pai, ele não é a pessoa boa que vocês pensam."

  Eu só sabia chorar e todas as cenas que levei anos pra esquecer tomaram conta dos meus pensamentos. Minha mãe jogada no meio daquela poça de sangue, eu desesperado a segurando com força em meus braços enquanto a mesma dava seus últimos suspiros e eu pedindo em meio as lagrimas que ela não me deixasse. Por favor mamãe, não me deixe... Mamãe... Ela já não respirava mais.