— Estás longe de ser uma má pessoa, Rúben Dias. — Quando confrontada com a prostrada afirmação do talento futebolístico, a polícia de segurança pública refutou, enquanto quebrava o contacto das suas costas com a areia arrefecida e, encontrando conforto da posição de índio, transladou o seu azul para o rapaz que, por sua vez, já escoltava a integralidade dos movimentos por parte da lisboeta. — Aliás, tu não és uma má pessoa. E acho que jamais o serás. — Com honestidade, a mais velha de três irmãos rematou, presenteando-lhe com um breve mas, igualmente, autêntico sorriso.
— Porque não me odeias quando tens todo o direito a isso?
— Porque eu descobri que gosto de ti. — Manifestamente incapaz de conter a revelação, Mariana verbalizou a confissão, plenamente, consciente da tonalidade distinta da sua característica e que lhe domava o rosto.
— Muito? — A satisfação que Rúben vivenciava evidenciava-se na interrogação colocada, o que provocou o aborrecimento do membro da força policial, não obstante o comedido sorriso que ornava os seus lábios.
— Demasiado. Mais do que merecias mas, sobretudo, o suficiente para perceber que ódio é o último sentimento que, alguma vez, te poderia oferecer. — A primogénita dos Vilela conhecia que as suas incessantes confidências e declarações não auxiliavam na situação, todavia, falava com o coração, num momento que requeria por isso mesmo.
Perante a inesperada, ainda que desejada aproximação do futebolista, a apaixonada pela modalidade do surf recuou, de modo a devolver a segurança distância que, antes, os apartava.
— Apenas porque não sou capaz de te dirigir o meu ódio e, sim, o meu perdão, não significação que quero estar contigo, numa relação. — Com simulada firmeza, com o intento de não sobressair o estremecer da sua voz, e que transpareceria a mentira, a neta dos brasileiros Isaac e Manoella articulou, conquistando como imediata reação o regresso do profissional de futebol à sua anterior posição. Observou-o engolir em seco e o lado esquerdo do seu peito comprimiu, por destruir as esperanças de uma possível relação que, no seu mais ínfimo ser, também ela, ambicionava construir.
— Tudo bem. Eu entendo. — De imediato, o irmão mais novo de Ivan ofertou-lhe a sua compreensão, no decorrer do tempo em que deslocava o seu castanho para o céu, coberto de estrelas, e concedia liberdade a um pesado suspiro — que a apreendeu. Mariana aprontava-se para intervir mas a questão apresentada pelo camisola seis a iria impedir. — Podemos, pelo menos, ser amigos? Se isso não te incomodar ou não for demais para ti...
— Sim, definitivamente, podemos ser amigos. — Ofertando-lhe o mais amplo dos seus sorrisos, ainda que camuflado pela melancolia que sentia, a primeira herdeira dos Vilela outorgou-lhe uma afirmativa réplica, no entanto, cativando a outra extremidade do espaço, de forma a escapar ao olhar do desportista, que lhe rogava pela verdade. Porque, ambos, sabiam que aquela era uma mentira e, mais do que isso, não era um desejo de qualquer um deles. Todavia, ainda que não fosse o que nenhum queria, era o que, naquele preciso momento, a relação deles pedia.
— Está agitado. — Após instantes de um desconfortável silêncio, o antigo capitão dos diversos escalões de formação do clube fundado por Cosme Damião murmurou, captando a atenção de Mariana, até então, disposta no oceano. De imediato, a rapariga vislumbrou o jogador, auferindo que ele mencionava o mar por, igualmente, encontrar-se a mirá-lo. — Recordo-me, perfeitamente, de me dizeres que ambos combinavam. Que ficava revolto quando tu, também, estavas. Estás?
— Estas últimas semanas, não tem sido fáceis para mim. — Num reduzido volume, a natural da cidade capital confidenciou, ciente da intensidade do castanho que, naquele instante, a focava. — Parece que, desta vez, a tempestade está a demorar mais tempo para passar. — Por um lapso de tempo muito curto, a morena pausou, a fim de conquistar a suficiente coragem para continuar. — No entanto, penso não ser a única que deseja ver o sol, novamente, brilhar. Não sou, pois não, Rúben?
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Morena | Rúben Dias
FanfictionOnde Mariana reencontra o amor que nunca lhe souberam mostrar nos braços do rapaz que, de melhor, o soube dar. "Ela é sol, é verão É poema, é canção que alegra o meu coração Morena, me encantei com o seu jeito de olhar"