O relógio digital visível no ecrã da inovação tecnológica, propriedade de Mariana Vilela, exibia um horário de alguns minutos posterior às seis e meia da manhã quando a própria deliberou abandonar o conforto proporcionado pelos frescos lençóis, adequados para o período atmosférico que o país vivenciava — e que era, progressivamente, encaminhado para a estação mais quente do ano —, uma vez que o estado de sonolência e, consequente, adormecimento, que durante escassas horas a envolvera, se havia dissipado na sua completude.
Conduziu a inovação tecnológica ao nível da sua retina, a fim de proceder ao desbloqueio facial, e não hesitou em pressionar o ícone das mensagens, na desalentada esperança de ser confrontada com uma comunicação textual remetida por Mia. Contudo, encarou uma caixa de entrada sem qualquer conteúdo recente e ainda por abrir. Um involuntário suspiro escapuliu por entre os seus lábios e a morena de Lisboa devolveu o objeto à superfície da mesa de cabeçeira, antes de elevar a sua esguia fisionomia e desocupar a cómoda peça revestida de esponja. Encaminhou-se para o seu closet, de cuja última gaveta resgatou um dos inúmeros conjuntos de biquínis que possuía, logo despojando-se do conforto do pijama e envergando o traje de banho, posteriormente o revestindo com uns curtos calções e o blusão, alusivo à instituição universitária inglesa de Oxford — aquele último pano que pertencia ao seu irmão mais novo e que o próprio havia adquirido aquando de uma viagem a Terras de Sua Majestade, na companhia de amizades, consideráveis anos volvidos.
— Onde está? — O seu prostrado bufar afigurou-se inevitável ao constatar que o seu par do modelo All-star, de uma tonalidade branca, alvo de produção e comercialização pela marca internacional de calçado e vestuário Converse, não se encontrava na sua localização atual. No imediato, os seus pensamentos ruminaram a possibilidade de haver sido Matilde a responsável pelo temporário desaparecimento dos seus ténis, uma vez que, apesar de a universitária possuir um par idêntico deles, ainda assim, e frequentemente, preferia usar os de Mariana, na medida em que, não obstante o número de anos que ela já os possuía, afiguravam-se conservados.
Antes de renunciar à procura das peças que lhe protegeriam os pés, optou por realizar uma breve visita à divisão da lavandaria, com o intuito de averiguar a presença da coisa, desvendando-a sitas no cimo da máquina de secar, com um escrito breve na inteligível e agradável à vista caligrafia da irmã, que apresentava o seu remorso — que, na realidade, era inexistente —, sobre lhe ter retirado o calçado sem a avisar com antecipação, demonstrando a sua gratidão e asseverando que cada sapato encontrava-se na devida condição. Concedeu liberdade a uma risada e desconsiderou o facto de a mais nova não lhe ter solicitado por autorização, pois a sua resposta teria sido, indubitavelmente, afirmativa.
Mergulhou os pés no calçado e prosseguiu com o seu trajeto para a divisão idónea à confecção, e posterior degustação, de cada refeição, onde ingeriu um smoothie de frutas e legumes com uma barra de cereais, naquela que seria uma merenda rápida, uma vez que concedia predilecção a uma mais consistente refeição após a prática do surf, que se encontrava na iminência de materializar.Rematou o seu processo de prontidão com o resgatar a sua predileta prancha e da respetiva vestimenta do interior do escritório que era, esporadicamente, utilizado por qualquer um dos residentes da moradia e, uma vez, que o compartimento era portador do espaço para albergar os objetos náuticos, por vezes, a Vilela mais velha optava por arrumar as coisas móveis naquela lugar ao invés da garagem, de modo a tornar-se possível uma mais veloz apropriação. Recolheu o maço de chaves e o seu iPhone e acionou o sistema de segurança dos aposentos, encaminhando-se para o exterior dos mesmos.
— Bom dia, filha. Já vais para a tua habitual sessão de terapia? — O membro da força de autoridade pública não evitou um (sor)riso ao avistar a presença de José, o seu vizinho, que se aprontava para submeter à iniciação a sua normalizada caminhada de, aproximadamente, sessenta minutos, na companhia do seu fiel companheiro, o labrador retriever, Eusébio.
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Morena | Rúben Dias
FanfictionOnde Mariana reencontra o amor que nunca lhe souberam mostrar nos braços do rapaz que, de melhor, o soube dar. "Ela é sol, é verão É poema, é canção que alegra o meu coração Morena, me encantei com o seu jeito de olhar"