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*Dulce Maria*

Tive que passar o dia inteiro no hospital ao lado da minha mãe. Pela manhã não comi nada, a não ser pelo pequeno pedacinho de pão que uma das enfermeiras me deu escondido. Eu não quis deixar mamãe sozinha em nenhum segundo, então fiquei dentro do quarto em todo momento.

Mamãe havia acordado no meio da noite anterior, começou a chorar desesperada querendo ver a Fuzz o mais rápido possível. Confesso que foi terrível ter que dizer para ela que Fernanda não está mais entre nós. Mas depois ela ficou feliz por saber que logo poderia conhecer Vitória, sua linda netinha.

Decidi sair de dentro do quarto no período da tarde. Ver todas as paredes e os móveis da mesma cor estava mexendo com a minha cabeça. Comecei a caminhar pelos corredores do hospital até observar Pablo atravessar a porta do elevador.

— Boneca! — falou no mesmo instante que me viu.

— O que você está fazendo aqui? — tentei ser o mais seca possível. Eu não estava nem um pouco feliz com o que ele havia feito comigo no dia anterior.

— Eu vim ver a minha bonequinha. Agora isso é proibido? — me encarou acariciando minha bochecha com as pontas dos dedos. — Responde, Dulce... — colocou sua mão em minha cintura, me puxando para mais perto dele e colou nossos lábios.

— Não... — respondi depois de sentir todo o meu corpo relaxar. Abri os meus olhos rapidamente e percebi que nós ainda estávamos no hospital. — Você está louco, Pablo? Nós estamos no hospital!

— Eu sei. — deu de ombros. — Vamos para casa, estou morrendo de saudade.

Antes que eu pudesse responder Pablo de forma fria, senti o meu celular vibrar no bolso de trás da minha calça. Peguei o aparelho rapidamente e atendi a chamada, levando o celular até a orelha.

Dulce! — ouvi a voz embargada, um tanto quanto desesperada, de Christopher do outro lado da linha.

— Dr. Uckermann! O que aconteceu? Vitória está bem? — tentei ficar o mais calma possível, mas confesso que eu estava bastante nervosa com a ligação.

Dulce, a Vitória não para de chorar. Eu já fiz de tudo... Dei leite, banhei ela, tentei colocar ela pra dormir... Dulce, me ajuda por favor... — pelo embargo de sua voz pudi perceber que ele estava chorando.

— Calma, só tenta manter a calma. Me passa o endereço da sua casa, eu vou até aí tentar resolver isso. — tentei acalmá-lo.

— Ok. Não precisa pegar táxi nem nada, meu motorista vai pegá-la. Você está no hospital ainda?

— Sim, estou sim. — assenti.

— Ok. Daqui a pouco ele chega aí. — falou somente e desligou a chamada.

Olhei para Pablo que me encarava com o semblante sério.

— Não vai falar nada? — perguntei quebrando o silêncio constrangedor que havia entre nós.

— Não, Dulce. Você faz o que você quiser. Eu vou procurar outra coisa pra eu fazer enquanto você estiver cuidando do seu "cunhadinho"! — fez sinal de aspas com as mãos. — Faça um bom proveito, prometo fazer um bom proveito também. — beijou minha testa e adentrou cada vez mais dentro do hospital.

— Para onde você está indo? — falei alto o suficiente para que ele escutasse, mas ele simplesmente olhou para mim e deu de ombros. Decidi ignorar aquele teatrinho de Pablo e seguir com o que eu teria que fazer.

Saí de dentro do hospital e fiquei parada na calçada do prédio observando os carros passarem rapidamente por mim. De repente um lindo carro preto parou bem na minha frente, um senhor de mais ou menos setenta anos desceu do automóvel e me cumprimentou.

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