4

377 68 5
                                    

*Dulce Maria*

Depois da breve conversa que tive com aquele moço na ponte, segui de táxi até a casa dos meus pais. Minha cabeça estava latejando, me informando que eu iria ser contemplada com uma forte crise de enxaqueca.

— Mamãe, tem café? — gritei assim que adentrei a porta da casa dos meus pais. Olhei em todos os cômodos e não havia ninguém em casa.

Fui até a cozinha e abri a geladeira pra pegar um pouco de água. Assim que encostei na porta, um adesivo com a foto de Fuzz caiu sobre os meus pés. Peguei e comecei a observar aquela imagem. Fernanda estava vestida com um vestido branco magnífico, segurando uma taça de champanhe ao lado de Alfonso e de nossos pais. Inevitavelmente as lágrimas começaram a inundar meu rosto.

— Ela estava perfeita nesse dia. — ouvi a voz de papai soar atrás de mim. — Sinto muito que vocês nunca tenham se dado bem.

— Nós tínhamos as nossas diferenças, mas eu sempre amei ela, papai.

— Disso eu tenho certeza. Eu levei suas malas para o quarto de hóspedes. — informou. — Posso pedir um abraço, querida?

— Claro, papai. — fui até ele e o abraçei. — Eu estava com tanta saudade de vocês.

— Eu também, querida.

— Eu irei ficar só alguns dias por aqui, papai. Vou tentar arranjar trabalho em algum hospital e alugar um apartamento no centro. — falei e ele apertou cada vez mais o abraço.

[...]

Os dias se passaram rápido demais. No decorrer daquelas duas semanas  liguei para o meu chefe e pedi a minha transferência para o hospital onde Fuzz estava internada, por sorte o processo não seria tão demorado. Passei cerca de três dias na casa dos meus pais, Alfonso me visitou várias vezes e me levou para passear pelas ruas de Nova York. Aluguei um apartamento no centro da cidade, nunca gostei de ser sustentada por meus pais e não seria agora que eu iria começar.

Eu já aceitei o fato de que Fuzz não irá acordar e que daqui pra frente teremos uma vida pequeninha pra cuidar. Já estava chegando o dia da minha sobrinha nascer, e toda a nossa família estava preocupada com o que poderia ocorrer durante a cesariana.

— Bom dia, ruiva. — Christian me cumprimentou assim que eu saí do meu apartamento.

— Bom dia, Christian. — fui até ele e lhe dei um abraço rápido. — Está indo pro hospital?

— Sim. Quer carona? — sorriu.

— Sim, por favor.

Christian é o chefe do setor enfermagem do hospital. Desde o dia em que eu coloquei os pés para dentro do prédio onde nós moramos, foi inevitável não criar uma forte amizade com Christian.

Fazia cerca de quatro dias que o elevador do nosso prédio estava interditado, então descemos pelas escadas. Chegando no seu carro, entramos e seguimos até o hospital.

Hoje eu iria fazer uma entrevista para trabalhar no hospital do meu cunhado. Confesso que eu estava bastante nervosa com tudo isso, mas mantive a minha postura de mulher forte intacta. Chegamos no hospital em menos de dez minutos, a recepcionista pediu para que eu subisse até o último andar e conversasse com a secretária de Christopher.

— Então você é a tal Dulce Maria? — a secretária me olhou dos pés a cabeça. — É.. Até que não é tão acabadinha.

— O que você quis dizer com isso? — a encarei com as sobrancelhas erguidas.

— Você sabe. Sua irmã se vestia como uma mendiga, e você é diferente dela. — deu de ombros e voltou a olhar para o seu notebook. Cheguei mais perto dela e puxei seu cabelo fazendo ela olhar pra mim.

PressentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora