Pressentimento

22

*Dulce Maria*

Continuei ali com a cabeça sobre o peito de Christopher, imaginando o quão maravilhoso seria viver com ele e Vitória, sem nenhum empecilho para nos separar. Não consegui conter o cansaço e acabei cochilando ali mesmo.

Acordei pouco tempo depois, sentindo uma mão fazer carinho em meu cabelo. Não ousei me mexer, acho até que parei de respirar por um instante, mas criei coragem, levantei minha cabeça e o encarei. Christopher estava me olhando com um lindo sorriso em seu rosto.

— Oi, Maria. — falou com brilho nos olhos.

— Oi. — sorri. — Você me assustou, sabia?

— Eu sei, mas não precisava falar isso novamente. — tocou meu rosto de forma carinhosa com sua mão que não estava machucada. — Eu ouvi tudo o que você falou, Maria. Eu só não quis te atrapalhar. Foi tão bom ouvir você dizer que também está apaixonada por mim.

— Ouviu exatamente tudo? — Ele assentiu com a cabeça e eu senti o meu rosto queimar.

— Eu ouvi tudo, mas isso não significa que eu não queira ouvir novamente. — insinuou enrolando uma mecha do meu cabelo em seu dedo. — Se declara pra mim de novo, vai. Mas dessa vez olhando dentro dos meus olhos.

— Assim eu fico com vergonha. — cobri meu rosto com uma das mãos. — Ok. Christopher Von Uckermann. — comecei. — Eu sei que eu fui uma completa babaca com você, te tratei como se você não fosse nada e eu confesso que estou muito arrependida por ter feito tudo isso com você. — acariciei seu rosto. — Quando eu soube que você sofreu esse acidente senti como se o meu mundo tivesse parado de girar. Eu não consegui impedir as lágrimas que molhavam o meu rosto, e também não consegui afastar do meu pensamento a possibilidade de estar nesse planeta sem você. — deixei uma lágrima solitária escorrer por minha bochecha. — Você é muito importante pra mim, Chris, e eu sei disso desde a primeira vez que a gente se viu. Seu jeito de ser, sua voz, sua mania de piscar os olhos várias vezes como está fazendo agora. — ele sorriu. — Eu estou apaixonada por você, Christopher. E por mais que eu tenha lutado para afastar esse sentimento de mim, eu não consegui pois é muito mais forte que eu.

— Diz de novo. — pediu.

— Eu estou apaixonada por você. — falei novamente.

— Mais uma vez. — sorriu de orelha a orelha.

— Você quer que eu suba até a sacada desse prédio com um microfone e uma caixa de som e grite para todos ouvirem? Seria melhor, não? — cheguei mais perto dele e beijei seus lábios de forma lenta e carinhosa.

Eu não conseguia expressar o tamanho da felicidade que eu estava sentindo naquele momento. Abrir o meu coração para Christopher me fez sentir uma alegria imensurável. Tudo estava simplesmente maravilhoso, e o meu desejo era que aquele momento nunca tivesse fim. Continuamos com aquele beijo até eu me lembrar que havia algumas coisas que eu devia deixar claro para ele.

— Eu preciso falar uma coisa, Chris. — falei ao me afastar do seu rosto. Ele me encarava atentamente, e eu pude perceber uma pitada de preocupação em sua expressão. — Você sabe que o Alfonso não quer ver a gente junto de jeito nenhum, não é?

— E quem liga pro Alfonso, Dulce? — me puxou para mais perto e me beijou novamente. — A única coisa que me importa agora é você e Vitória. — disse ao se afastar.

— Vocês também são as únicas coisas que me importam nesse momento. — sorri, mas logo meu sorriso se desfez ao me lembrar de Heloísa, e que em breve ela seria levada para um orfanato.

— O que houve? — perguntou ao perceber a minha expressão.

— Não foi nada. — forcei um sorriso. — O Dr. Gregório informou que você receberá alta daqui a dois dias, e em breve começará as sessões de fisioterapia. — mudei de assunto.