Pressentimento

19

*Dulce Maria*

Meu coração estava quebrado, machucado, ferido, ele estava doendo muito para ser mais exata. Christopher não merecia nada disso, e eu me culpava a todo momento por ter metido ele no meio dessa história.

Alguns minutos antes...

— Já chega, Alfonso!! — eu gritava com meu irmão através da ligação. — Eu já estou cansada das suas paranóias. Sim, eu gosto do Christopher. Está satisfeito agora?

— Sim, estou muito satisfeito. Agora a mamãe sabe dos seus sentimentos pelo nosso cunhado. — ouvi o som abafado de sua risada.

— Você não fez isso, SEU DESGRAÇADO!! — exclamei sentindo o meu sangue fever.

— Dulce! — ouvi a voz doce de Blanca Saviñón do outro lado da linha. — Até onde você queria chegar com essa história? Ela era sua irmã, filha! Fernanda não merecia isso.

— Agora todos vocês se voltaram contra mim? Eu também sou sua filha, lembra? — perguntei ainda irritada. — Eu não tenho culpa de me sentir atraída por ele, mãe. Christopher é um homem maravilhoso, gentil e sempre me tratou bem. Ele sempre me tratou melhor do que a minha própria família!

— Chega, Dulce María Espinosa Saviñón! — ela gritou. — Eu irei falar uma única vez. Se afaste do Christopher, pelo menos enquanto isso que você sente por ele acabe. Ou então eu serei obrigada a te desconsiderar como minha filha!

Não! Não era possível que minha própria mãe estivesse falando aquilo. Meus olhos queimavam pelas lágrimas que insistiam em rolar rapidamente, deixando o meu rosto completamente inundado em poucos de segundos. Eu não consegui falar nada, fazer nada e nem ao menos me mexer, e aquilo durou bastante tempo. A única coisa que eu conseguia ouvir era o meu próprio choro.

— Ok, mamãe, você venceu... de novo. — assenti tristemente e desliguei a chamada jogando o celular longe.

Aquele assunto não iria acabar assim. Alfonso iria me pagar por colocar minha própria mãe contra mim, logo eu que era a única que lhe ajudava em tudo o que precisasse.

Eu continuei sentada no chão, chorando compulsivamente até não ter mais lágrimas para derramar. Christopher era muito importante pra mim, e minutos antes de receber a ligação de Alfonso eu o vi no supermercado falando com uma moça. Quando eu vi ele a abraçando senti uma coisa estranha no meu peito, uma total necessidade de tê-lo só pra mim, e então eu percebi que eu necessitava de Christopher para me sentir feliz. Eu estava completamente apaixonada por ele, mas acho que descobri isso tarde demais.

Depois de me despedir de Christopher e dizer que nós precisávamos nos afastar, eu desci as escadas de sua casa aos prantos de choro, olhando cada detalhe daquele lugar. Eu olhei para o sofá e lembrei das nossas guerras pelo controle remoto da televisão, olhei para a cozinha e lembrei das tantas vezes que o ajudei a fazer o jantar. É... o sentimento que eu estava sentindo naquele momento foi mais terrível do que quando Pablo me traiu. Eu sentia como se estivesse perdendo uma parte importante de mim, e talvez isso realmente tenha acontecido.

Dirigi o mais rápido que pude até chegar no ateliê do estilista de Anahi. Atravessei as portas do estabelecimento e dei de cara com ela que já me esperava. Por mais que eu tentasse, era impossível me concentrar em qualquer coisa. A lembrança do rosto de Christopher cheio de lágrimas não saía da minha mente.

— Dulce? Você está aí? — Anahi estalou os dedos na frente do meu rosto.

— Ah, sim. Estou sim. — forcei um sorriso. Hoje era a prova final de seu vestido de noiva, e como eu sou a madrinha de casamento, fui literalmente obrigada a acompanhá-la. — Você está simplesmente perfeita.