25

289 44 12
                                    

*Dulce Maria*

Os dias iam se passando rapidamente. Christopher e eu estávamos cada vez mais próximos, mais apaixonados. Nem Poncho e nem meus pais me procuraram para reclamar que eu e Christopher estávamos juntos, e confesso que isto estava me matando a cada segundo mais, eu necessitava descobrir o que eles iriam fazer a cerca de nós dois.

Vitória já estava com cinco meses, segurava a mamadeira sozinha e já sabia falar algumas palavras como, água, leite e dormir. Quer dizer, ela tentava falar com toda a dificuldade do mundo. Christopher retirou os gessos na semana anterior, mas tinha que continuar fazendo as consultas com o fisioterapeuta e de sobra necessitava fazer alguns exercícios em casa. Eu por outro lado estava ocupada demais sendo babá de Vitória, não que eu esteja reclamando, mas eu estava muito feliz por saber que em breve voltaria para o hospital junto com Christopher.

— Apu. Apu. — Vitória murmurava sentada em sua cadeirinha, enquanto apontava para sua mamadeira em cima da mesa.

— Você quer água, meu amor? — sorri segurando a mamadeira em sua frente.

— Apu. — pediu novamente e eu a entreguei.

As vezes eu sentia vontade de estudar a linguagem dos bebês. Era incrível a forma como eles falam algo totalmente sem noção e que realmente tem um significado. Apu é água, gual é mingual, mimi é dormir. Incrível. Continuei sorrindo com o meu pensamento até me lembrar da minha outra pequena.

Fazia alguns dias desde a última vez que visitei Heloísa. Não consegui segurar o choro quando ela correu e pulou em meus braços assim que me viu. Mas eu não chorei por isso, eu chorei por perceber o quão ruim a humanidade é.

Helô não estava nem um pouco feliz naquele lugar, não depois de seus colegas fazerem bullying por causa de seus lindos cachos. Isso é algo tão banal e ultrapassado. Nós estamos vivendo no século vinte e um, em um país diversificado e completamente diferente. Era inacreditável que crianças pudessem ter esse tipo de comportamento.

— Bom dia, meus amores. — Christopher nos cumprimentou assim que adentrou as portas da cozinha. — Que cheirinho maravilhoso... mas não estou falando da comida. — veio por trás de mim, abraçou minha cintura e depositou um beijo em meu ombro.

— Bom dia, meu bem. — sorri. — Bacon com ovo frito, seu café da manhã favorito. — informei.

— Humm. — fez uma careta engraçada me arrancando uma risada sonora. — Esse sorriso.

— Deixa de ser bobo. — me virei ficando de frente para ele.

Christopher colocou sua mão em minha cintura e encostou seu corpo no meu. Não consegui falar nenhuma palavra em protesto pois seus lábios se colaram ao meu de uma forma um tanto violenta. Continuamos aquele beijo, as mãos de Christopher dançavam em minha cintura e desciam até o meu quadril vez ou outra.

— Apu. Apu. — Vitória murmurou nos fazendo se afastar bruscamente.

— Acho que ela quer a água dela. — apontei para a mamadeira que Vitória havia deixado cair. Christopher foi até lá, se abaixou com um pouco de dificuldade e depois levantou, levando suas duas mãos até sua perna. — Você está bem?

— Sim, estou sim. — forçou um sorriso. — Eu acho que não posso fazer esse tipo de coisa por enquanto.

— As vezes eu me esqueço disso. — fui até ele e lhe dei um selinho demorado. — Quero dar um passeio com a Vitória hoje, vou levá-la até o orfanato.

— Eu queria muito ir junto, mas com a dor na minha perna talvez eu não consiga. — fez uma careta de dor. — Se divirtam. — beijou minha testa.

PressentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora