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*Christopher*

Não, aquilo foi somente alucinações devido a quantidade de álcool que eu havia ingerido. Por mais que eu desejasse que aquele momento fosse real, eu não poderia querer que o impossível acontecesse. Mas por mais estranho que possa parecer, mesmo depois de perceber que se tratava de Dulce a mulher que estava em minha frente, eu ainda sentia uma forte necessidade de tocá-la, eu queria poder continuar a abraçando, sentindo sua pele na minha.

Balancei minha cabeça na tentativa de afastar aqueles pensamentos. Eu não poderia pensar essas coisas sobre Dulce, ela era simplesmente um anjo, uma das poucas pessoas que ficaram ao meu lado nos meus dias de trevas, e que me ajudou a atravessar os obstáculos mais difíceis em minha vida. Mas será que ela fez tudo isso por ser uma pessoa boa ou algo além disso? É, essa era a pergunta que rondava minha mente a dias. Era admirável a maneira como Dulce tratava eu e Vitória, nos tratava como se fizéssemos parte de sua vida, talvez nós estivéssemos nos tornando quase isso.

Dulce frequentava minha casa diariamente, coisa que eu quase implorei para que ela fizesse. Sempre levava Vitória para passear e duas ou três vezes por semana jantava comigo em minha casa. Eu poderia até dizer que já éramos praticamente da mesma família. Muitas vezes me peguei observando o quão fofa ela fica quando ficava nervosa, ou quando morde o lábio inferior quando está concentrada. Esses pequenos detalhes a deixavam muito mais linda, charmosa e perfeitamente delicada como uma rosa.

Será que eu estaria começando a gostar de Dulce mais do que eu devia? Não, assim como ela mesma disse, eu só estava com muita saudade de Fernanda e carente por nunca mais ter ficado com nenhuma mulher. Mas será que está cedo demais para seguir em frente e encontrar outra pessoa para amar?

Duas semanas depois...

— Olá, Dulce. Tem compromisso para hoje a noite? — perguntei através da ligação.

Oi, Christopher. Não, não, hoje estou totalmente livre do plantão do hospital. — riu do outro lado da linha. — Jantar na sua casa?

Hoje eu quero sair da rotina. Uma balada talvez. — ouvi o som de sua respiração seguido de um completo silêncio. — Dulce? Ainda está aí?

Ah, sim, estou sim. — suspirou. — Só nós dois?

Não. Convidei Poncho, Annie, Christian e Maite para nos acompanharem. — falei. — Por favor, não me deixe segurando vela hoje a noite. — abafou o som de sua risada. — Eu estou falando sério, Dulce. Cansei de queimar minhas mãos quando estou perto deles.

— Tudo bem, tudo bem. Eu estou mesmo precisando dar uma relaxada, e nada melhor do que sair com os amigos. — falou.

— É.. amigos. — falei baixo para que ela não ouvisse. — Então, eu te pego as nove, ok?

Ok, bebê. — ela era a única que me chamava assim. — Agora tenho que desligar, Christopher. Tchauzinho.

— Tchau, Maria. — desliguei a chamada e tentei pegar novamente no sono.

Em plena quatro horas da manhã estava eu aqui, ligando para Dulce somente para saber se ela desejava sair comigo. Ela estava ficando cada vez mais perto de mim, não falo isso com maldade e sim com carinho. Dulce realmente estava se tornando uma amiga maravilhosa, que sempre me compreendia sem eu precisar falar nada e sempre me consolava quando algo acontecia.

Me levantei duas horas depois ouvindo o choro de Vitória através da babá eletrônica. Assim como Dulce havia me dito uma vez, eu devia ficar preparado para a fase chorona de Vitória, e essa fase era realmente muito difícil. Saí caminhando pelos corredores da nossa casa se batendo em alguns móveis, ir dormir muito tarde e acordar muito cedo nunca foi o meu forte. Entrei dentro do quarto da minha filha e a peguei no colo, sua temperatura estava muito alta afirmando a febre que ela estava sentindo.

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