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*Dulce Maria*

Acordei às duas horas da tarde. A noite de ontem foi bem agitada, Pablo não me deixou dormir em nenhum momento. Começamos a noite indo para um restaurante no centro da cidade, e depois fomos pra uma das boates mais badaladas do país.

Pablo e eu temos um relacionamento de quase quatro meses. Nos conhecemos assim que saí da faculdade de enfermagem e comecei meu primeiro trabalho no ABC Medical Center, um dos maiores hospitais da Cidade Do México. Nós dois combinamos muito, desde nossa personalidade até mesmo o jeito de nos vestir.

— Boa tarde, meu bem. — acordei Pablo com um selinho demorado em seus lábios. — Está na hora de você ir pra casa.

— Só mais cinco minutinhos. — me puxou para deitar ao seu lado novamente.

— Nada disso, garoto. Já está muito tarde. — me levantei e vesti meu vestido que estava jogado no chão.

— Tá bom, tá bom. — falou irritado. — Você está muito chata ultimamente, sabia?

— Deixa de ser idiota, Pablo. Eu não quero brigar com você. — ele se aproximou e me beijou. — Vai pra casa. Você ainda tem que trabalhar hoje.

— Ok. Tchau, princesa. — ele vestiu sua roupa e saiu da casa.

Por mais que eu ame o Pablo, ultimamente ele está meio distante. Dificilmente a gente sai, não me manda mensagem como antigamente. Já imaginei diversas vezes que ele esteja com outra pessoa, mas prefiro não pensar nisso.

Tomei um banho rápido, peguei a chave do meu carro e fui para o hospital. Meu plantão começa a partir das quatro da tarde e eu não posso me atrasar, afinal não faz muito tempo que eu trabalho lá. Antes de parar o carro no estacionamento do prédio, meu celular começou a tocar e eu fui obrigada a atender quando vi o nome do Alfonso, meu irmão mais velho.

Dulce! — ele gritou do outro lado da linha.

— O que aconteceu? — perguntei saindo de dentro do carro. — Você está bem?

Sim, eu estou bem. A Fernanda sofreu um acidente grave! Ela está na mesa de cirurgia nesse exato momento. — ele falou tudo muito rápido, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas. — Dulce, o bebê! Será que ela vai perder o bebê?

— Calma, Poncho. Vai ficar tudo bem. — tentei acalmá-lo. — Eu vou pegar o primeiro avião amanhã de manhã.

Por favor, mana. A mamãe está desesperada!

Eu vou ter que trabalhar agora. Me mantêm informada, por favor. — pedi entrando no elevador do prédio.

Ok. Vou te pegar no aeroporto amanhã.

Desliguei a chamada e fui até a sala dos enfermeiros. Meu coração estava quebrado depois da notícia que acabei de receber, mas tive que manter um sorriso no rosto para não preocupar meus pacientes e os meus colegas.

Fuzz e eu nunca fomos boas irmãs. Nós duas sempre brigamos, desde muito pequena nos consideramos duas inimigas mortais. Mas tudo piorou no ensino médio, quando ela disse na frente de toda a escola que eu era apaixonada pelo capitão do time de futebol. Ela sempre gostou de me colocar pra baixo, me fazer sofrer, sempre pisou em mim como se eu fosse lixo. Mas o que posso fazer? Fernanda continua sendo minha irmã, e eu a amo com todas as minhas forças. Ela não me convidou pro seu casamento, e muito menos me quis por perto durante a gravidez. Eu nunca fiz parte de nenhuma etapa da vida dela, nem ao menos me deixou conhecer o meu cunhado.

[...]

O plantão foi tranquilo, nada de emergência e nenhum caso grave. Saí do hospital duas horas da manhã e encontrei Pablo no meio da rua. Sinceramente, eu estranhei muito ele estar no centro da cidade a essa hora da noite.

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