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*Christopher*

— Senhorita Dulce. — Lúcia, uma das empregadas falava do outro lado da porta.

— Hum? — Dulce sussurrou com as mãos no zíper do meu short.

— O motorista trouxe uma garota chama Heloísa. Ela está lá embaixo. — falou.

— Peça para que ela espere um pouquinho, ok?

— Ok. — a mulher assentiu e eu ouvi seus passos se afastando da porta.

— Você pode descer. Nós continuamos  a noite. — falei. — Isso já cortou o clima mesmo. — passei a mão sobre o rosto.

— Tem certeza? — perguntou enquanto me encarava.

— Sim. — puxei seu corpo para mais perto e tomei seus lábios em um beijo apaixonado.

Enquanto Dulce pegava suas roupas jogadas pelo chão, tomei um banho rápido e também me vesti. Não consegui conter a frustração em minha face, afinal, eu estava excitado e tudo foi pro ralo depois que fomos interrompidos.

Descemos as escadas de mãos dadas e ficamos parados durante alguns estantes, observando Heloísa brincar calmamente com uma boneca da barbie. Ao seu lado havia um garoto, aparentemente os dois tinham a mesma idade.

— Helô. — Dulce falou e correu até ela.

— Dul. — a menina pulou em seus braços. — Aqui é onde você mora?

— Não, eu não moro aqui. — Dulce disse e olhou para mim.

— Quem é esse garotinho? — cheguei perto do menino e baguncei seus cabelos lisos.

— Meu nome é Lucas. — ele sorriu. — Desculpa aparecer sem avisar, a Helô me convidou.

— Está tudo bem, campeão. Meu nome é Christopher, mas pode me chamar de Chris se você quiser. — estendi minha mão e ele apertou com força.

— O Lucas é novato lá no orfanato. Seus papais também morreram assim como os meus. — Heloísa explicou.

— Eu sinto muito, Lucas. — me sentei ao seu lado. — Sabe, eu tenho uma sala de jogos enorme, vocês podem jogar se quiserem. — os dois assentiram animados. Chamei uma das empregadas e ela levou os dois até lá.

Ajudei Christian a pendurar os últimos balões que faltavam. May e Dulce se empenharam em montar a enorme mesa de doces e salgados, e cá entre nós, aquela festa estava muito linda.

Apesar de ainda estar um pouco irritado com o que havia acontecido no início daquela manhã, não consegui tirar o sorriso do meu rosto depois que todas as crianças chegaram. Heloísa brincava na cama elástica com Lucas e outras crianças, um sorriso sincero iluminada seu rosto e aquilo me deixou cada vez mais feliz. Vitória estava no colo de Dulce do outro lado do pátio, caminhei até lá e abracei sua cintura.

— Eu estou tão feliz. — ela sussurrou enquanto beijava minha bochecha. — Obrigada por nos proporcionar isso, meu amor.

— Não precisa agradecer, minha linda. Eu também estou muito feliz. — ela deu um beijo carinhoso em meus lábios, mas Vitória tratou logo de nos afastar.

— Vamos parar de pegação e começar logo essa festa. — ouvi uma voz feminina conhecida atrás de mim.

— Barbie! — Dulce abriu os braços e recebeu Anahi em um abraço apertado. Olhei em volta procurando Poncho, eu não iria deixar que ele acabasse com nossa alegria insistindo em assuntos passados.

— Não se preocupe, Chris. Meu querido marido não veio, quer dizer, eu não deixei ele vir. — suspirou pesadamente. — Mas eu estou tratando em convencê-lo a aceitar vocês dois. — sorriu de lado.

Eu assenti sorrindo e caminhei até onde Christian estava, deixando as duas conversarem sozinhas. Montar aquela mesa de som não estava sendo uma tarefa muito fácil para Christian, ele mexia e remexia naqueles botões sem nenhum sucesso.

— Deixa comigo. — peguei um dos aparelhos de sua mão, apertei um único botão e logo funcionou.

— Eu iria morrer sem saber que esse era o botão. — passou a mão no cabelo envergonhado. — A May está tão feliz, não é? — apontou para a morena que brincava com Lucas, o amigo da Helô. — Você viu como aquele garotinho é esperto?

— Não só esperto, ele é bastante educado também. — dei dois tapinhas em seu braço e ele sorriu.

— Eu e a May queremos construir uma família. Nós já estamos morando na mesma casa, somos completamente apaixonados um pelo outro, seria incrível adotar um garotinho tão incrível como o Lucas. — voltou a encará-los. — O que você acha, Christopher?

— Acho que você está certo. Qualquer pessoa em sã conciência consegue ver o tamanho do amor que vocês sentem um pelo outro. Construir uma família é algo lindo e o principal, é eterno. — coloquei minha mão em seu ombro. — Se você acha que está preparado para isso, vá em frente e seja feliz, irmão.

— Obrigado, cara. — sorriu e eu sorri de volta.

*Dulce Maria*

Era incrível a total facilidade de Anahi para falar. Sério, podia ser qualquer tipo de assunto, mas ela sempre falava demais.

— Em quase seis anos de relacionamento Alfonso nunca me deu tanto trabalho como agora. — ela reclamava a todo momento. — Ele se joga sobre a cama sem tomar banho, suja toda a casa depois que chega do futebol, deixa a louça suja em cima da pia. Acredita que ele deixou uma cueca em cima do sofá? E o pior, a minha mãe viu.

— Ele só faz isso para te deixar irritada. — falei. — Mas não reclame tanto, Anahi. Lembre-se que eu convivo com ele a quase vinte e seis anos. — dei de ombros.

— Você lembra que eu disse que ele ia ter o que merecia por ter feito aquilo com você, né? — assenti com a cabeça. — Eu fiz um mês inteiro de greve de sexo, até ele prometer que ia pensar.

— Meu Deus! — exclamei. — Ele deve ter ficado com muita, muita raiva.

— Muita raiva é pouco comparado ao jeito que ele ficou. — sorriu de lado. — Mas no fim deu certo. Ele disse que vai conversar com você, tentar arrumar as coisas.

— Sério? — ela assentiu. Aquilo me deixava extremamente feliz. — Hoje nós iremos até um Karaokê no centro da cidade, seria incrível se vocês dois fossem com a gente.

— Prometo que vou pensar, Dul. Afinal, nós duas estamos falando de Alfonso Herrera Saviñón.

Continuamos ali conversando. Christian, May e Christopher também se juntaram á nós na mesa. Entre risos, fofocas e muitos assuntos sem sentido, chegou a tão esperar hora de cantar os parabéns para a Heloísa.

Todos nós cantamos e batemos palmas animados. Aquele sorriso sincero no rosto daquela menina inocente encheu o meu coração de amor e felicidade. Confesso ter deixado algumas lágrimas saírem de meu rosto naquele momento. Ela olhou para mim e para Christopher algumas vezes, fechou seus olhinhos e apagou todas as seis velinhas.

— Helô! Helô! Helô! — todos nós gritamos em uma só voz. Depois que todos se afastaram, fomos até lá.

— Qual foi o seu pedido, meu amor? — me aproximei dela, Christopher estava ao meu lado com Vitória em seu colo.

— Eu não posso contar, Dul. — deu um sorriso divertido.

— Tudo bem. — me dei por vencida enquanto arrumava sua roupa da Moana. — Eu posso te dizer uma coisa?

— Sim. — me aproximei de seu ouvido.

— Eu te amo bem muitão.

— Eu também te amo bem muitão. — ela pulou em meus braços e me abraçou forte.

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