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*Dulce Maria*

Depois que todos os convidados da festa já haviam ido embora, todos nós nos sentamos em volta do balcão da cozinha. Muitas pessoas dizem que em festa de aniversário de pessoas ricas os convidados não comem o bolo principal, e naquele momento eu tinha certeza que isso era verdade.

— Podem atacar o bolo, tios. — Helô falou fazendo todos nós rirmos.

— Você vai comer só isso, Barbie? — encarei o prato de Anahi, onde havia somente um salgado.

— Próxima semana irei voltar a ativa, fotos e mais fotos para capas de revistas. Não posso nem pensar em engordar. Mas não precisa ficar preocupada comigo, Dul, minha dieta foi receitada por um nutricionista. — informou.

— Tem certeza? — perguntei, não queria que minha cunhada passasse mal.

— Tenho sim, cunhadinha. — me abraçou de lado e beijou minha bochecha. — E aí, vocês realmente vão para o tal karaokê? — falou alto, ganhando a atenção de todos para si.

— Com certeza. — May respondeu de boca cheia.

— Eu também vou. — Lucas disse enquanto tomava um gole de seu refrigerante.

— Você não pode ir, garotão. — Christian bagunçou os cabelos do menino. — Com quem eles irão ficar, Dulce? A diretora do orfanato disse para mim que eles só precisavam voltar amanhã.

— Eles podem ficar com a minha mãe. Eu vou convencer meu marido a ir comigo, mamãe não terá nada pra fazer e aceitará cuidar deles. — Anahi falou.

— Ok. Você fala com ele enquanto eu coloco Vitória para dormir.

Enquanto todos continuavam seus assuntos na cozinha, dei um banho em Vitória, vesti sua roupa e comecei a balançá-la em frente a janela de seu quarto.

Está naquele lugar, com aquelas pessoas e principalmente, me sentir parte daquele ambiente era algo surreal para mim. A garotinha que vivia isolada na escola, abandonada por seus pais, que sempre deu duro para conseguir as coisas com o seu próprio suor, ela finalmente estava conseguindo se sentir encaixada em algo. Eu tinha muita sorte de ter aqueles anjos comigo.

— Tia, Dul. — Helô abriu a porta do quarto e sentou-se na poltrona. — A senhora estava falando sério aquele dia?

— Que dia, meu amor? — deitei Vitória no berço e sentei ao lado de Heloísa.

— Quando disse que eu posso contar tudo pra você. — abaixou o olhar.

— Eu já disse que sim. O que aconteceu?

— Uma das cuidadoras do orfanato me bateu. — arregalei meus olhos. — Eu pedi para ela pentear meus cabelos, mas ao invés disso, ela puxou eles e me chamou de vários nomes. — começou a chorar.

— Eu irei resolver isso pra você, meu amor. — a puxei para um abraço. — Eu juro que isso não irá ficar assim.

O sangue estava fervendo dentro de minhas veias. Minha vontade era de colocar Heloísa dentro de uma caixinha e cuidar dela como se fosse minha própria vida. Como pode existir pessoas tão ruins a esse ponto? Mas eu não iria deixar aquilo por isso mesmo, na manhã seguinte eu iria prestar uma queixa por agressão contra menor e solicitar a transferência de Helô para outro orfanato.

— Um suco de laranja por favor. — falei para o garçon que estava ao meu lado na mesa.

— Um whisky com muito, muito gelo. — Christopher respondeu depois que todos os outros pediram a mesma coisa. — O que aconteceu com você, amor?

— Não foi nada. — eu balançada a perna impaciente. — Minha vontade é de estrangular aquela desgraçada.

— Calminha, minha Leoa feroz. — fez cócegas na minha barriga fazendo eu rir. — Amanhã nós daremos um jeito nisso, ok?

— Ok, bebê. — dei um selinho demorado em seus lábios.

Nós comemos algumas batatas fritas enquanto observávamos duas mulheres catarem uma música no karaokê. Essa é a graça de um lugar assim, não precisa cantar bem para se divertir.

— Oi? — Senti uma mão pesar em meu ombro, levantei o olhar e percebi que era Alfonso. — Posso? — apontou para a cadeira ao lado.

— Claro. — sorri.

Christopher havia saído da mesa minutos antes, deixando eu sozinha com May, que também saíu depois que avistou Alfonso ao meu lado. Ótimos amigos esses, não? Nós dois encarávamos a mesa enquanto um silêncio constrangedor reinava entre nós dois.

— Hum... lugar legal. — puxou assunto. — Dul, eu quero... é... — passou a mão na cabeça e sorriu envergonhado. — Eu quero te pedir desculpas.

— Prossiga.

— Eu me comportei como um idiota. Eu quase transformei sua vida em um inferno. Quero que você saiba que eu estou arrependido por ter feito isso, maninha. Eu só quero ver a sua felicidade. — deu um peteleco na minha testa.

— Então você está dizendo que...? — fiz menção para ele continuar.

— Sim, eu estou dizendo que eu aceito o namoro de você e Christopher. — deu de ombros.

— Apesar de nós dois não precisarmos da sua permissão para namorar, eu fico muito feliz por isso. — o abracei de lado. — Mas isso não quer dizer que eu esqueci o que você fez comigo.

— Pelo visto não vai ser nada fácil você me perdoar, não é? — me encarou com um sorriso divertido em seu rosto.

— Claro que não.

Nós continuamos conversando de forma amigável, sem nenhuma discussão ou briga — algo extremamente raro de acontecer —. Era muito bom ver o meu irmão feliz, e o melhor, aquela felicidade era sincera. Christian e Maite começaram a cantar uma música romântica no Karaokê, enquanto eu fiquei na mesa com o restante do pessoal. Anahi insistia para eu cantar com ela, mas eu não iria fazer isso.

Alfonso e Christopher também tiveram uma conversa. Eu não consegui escutar nada, mas por suas expressões faciais o assunto era muito sério.

— O que ele falou pra você? — falei ao me aproximar do ouvido de Christopher.

— Disse que não era pra eu te machucar ou então ele quebraria a minha cara. — ele riu. — Aquele típico discurso de irmão mais velho.

— Alfonso sendo Alfonso. — dei de ombros.

Christopher me beijou e se levantou de sua cadeira, indo em direção ao pequeno palco do local. Escolheu uma música que conheci somente pela melodia, segurou o microfone e começou a cantar.

– música da mídia –

— I love your, Baby! — depois de terminar a música ele apontou para mim e eu senti o meu rosto queimar. — Boa noite, pessoal. A cinco meses atrás eu passei pelo momento mais difícil da minha vida, perdi minha esposa e tive que criar minha filha recém nascida sozinho. — encarou o teto lembrando do acontecido. — Muitas vezes eu pensei em desistir, e em uma dessas vezes, essa ruiva maravilhosa me salvou. Sim, eu estava a ponto de me jogar de uma ponte e ela me resgatou. — todas as pessoas escutavam em completo silêncio. — Dulce, eu serei eternamente grato por tudo o que você já fez e faz por mim. Foi impossível não me apaixonar por você. Nós dois estamos juntos a dois meses e eu ainda não te pedi em namoro, né? Então, Dulce, meu amor, você quer namorar comigo?

— Sim, sim, sim. — corri até o palco e subi em seus braços. Meu rosto já estava cheio de lágrimas. Todas as pessoas começaram a aplaudir, inclusive Poncho que realmente parecia estar feliz por aquilo. — Eu te amo.

— Eu também te amo.

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Notas do autor:

Talvez vocês não tenham percebido, mas eu mudei de user. Aquele não estava de meu agrado, então, pensando nisso, resolvi mudar um pouco. E para não confundir vocês, estou deixando avisado ♡

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