21 -- Indeciso

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"Citar Deus a cada dois minutos não concede ao falante um atestado automático de honestidade e boa índole! Psicopatas costumam fazer isso, como uma premeditada tática de sedução e engano, para depois abusar de quem acredita neles" — Adriana Razia.

Harry Carter narrando
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Meu Deus! Como isso é possível? Ainda custa acreditar de que Carolinne Beka é a mãe de John, essa safada teve coragem de abandonar um ser tão pequeno e frágil em troca de dinheiro, enquanto ela vivia em uma mansão o seu filho estava em um orfanato.

Eu até posso ser um monstro psicopata que mata as pessoas, mas abandonar o meu próprio filho, sangue do meu sangue, isso jamais faria.

Por incrível que pareça a história dessa mulher tem muita coincidência com a de Sebastian, pois, ele foi trocado por um bilionário. E por uma curiosidade eu penso em perguntar o nome do seu "ex-namorado", mas antes disso eu bebo um pouco d'água por conta da minha garganta que está seca de mais. Olho pra Carolinne e vejo que tem lágrimas descendo pelo seu rosto.

— Posso saber o nome do seu antigo namorado? — pergunto e respiro fundo, me preparando pela sua resposta. Ela me olha e limpa algumas lágrimas que ainda insistiam em cair, tomando fôlego e falando em seguida:

— Sebastian... Sebastian Mahonne.

Puta que pariu! Então os meus palpites estavam certos, essa é a filha da puta que partiu o coração de Sebastian. Levanto-me de imediato e vou até a gaveta da minha escrivaninha, pegando dois do meu remédio e as tomando de uma só vez. Eu tenho que me controlar antes que faça uma burrada, não quero surtar bem no meio do meu consultório.

Volto a sentar na minha poltrona, agora mais calmo para continuar com a nossa conversa.

— Você está bem? — ela pergunta.

— Sim, estou. — falo tentando parecer o mais normal possível. — Podes continuar. — falo por fim.

— Depois de ter abandonado o meu filho eu fui direito pra Rússia, lá eu iniciei uma nova vida. Com o passar do tempo eu me apaixonei pelo bilionário e já não estava com ele somente pelo seu dinheiro. Nos casamos e tivemos um filho, Albert o seu nome. — ela diz por fim.

Ficamos em silêncio, cada um com os seus pensamentos. Eu ainda estou tentando digerir toda essa informação, tudo isso é de mais pra mim.

— E porquê regressou a Nova Iorque? — pergunto, pois, se ela é tão ambiciosa pelo dinheiro tinha que permanecer na Rússia, ao lado do seu amado "Bilionário".

— Como já tinha contado na primeira sessão de terapia, à um ano atrás o Albert suicidou-se e isso abalou-me tão profundamente que entrei em depressão e consequentemente pedi o divórcio, eu já não ía conseguir permanecer naquele casamento. Eu vi tudo aquilo como um castigo de Deus pelo que eu tinha feito ao John. — ela diz agora chorando com mais intensidade.

Deixo ela chorar como bem entender até que ela se calma.

— Arrependeu-se? — pergunto depois de longos minutos em silêncio.

— Bastante, agora tudo o que eu mais quero é me redimir das maldades que fiz. — diz com a voz embargada.

Já não sei o que falar, essa, com certeza é a sessão mais tensa que já tive. Checo as horas no meu relógio de pulso e percebo que o nosso tempo já terminou, o que me faz agradecer mentalmente.

Um psicólogo exótico (Romance Gay/Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora