25 -- Síndrome de Estocolmo

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“Seja sempre inquieto e vez por outra paciente,
parece contraditório soa meio diferente
mas às vezes pisar no freio
também é andar pra frente.”
— Bráulio Bessa.

Harry Carter narrando
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Ainda encostado na porta pôde ouvir um "Você é um idiota", confesso que a minha vontade era de sair do quarto e falar tudo que está preso na minha garganta, justificar-me por essa mudança repentina de comportamento, beija-lo como posso ou talvez fazer amor na minha cama. Mas não, eu não fiz nada disso porque a minha consciência me diz que eu vou sair ferido no meio de toda essa história, aí eu vou surtar e cometer uma atrocidade.

Na sala de jantar eu olhava de relance pra ele e não vou mentir que ele está muito mais bonito sem a barba e com o cabelo preso em um coque mal feito. Eu queria ter dito, Você está lindo, mas novamente eu me segurei e não deixei uma só palavra sair da minha boca, à não ser pela pergunta inusitada feita pelo Sebastian.

Solto um suspiro pesado e vou até ao closet, pego o meu remédio em uma das gavetas e tomo ela com ajuda d'água que estava em uma garrafinha. Tiro a roupa que estava usando e estando apenas de cueca boxer saio do closet e vou até a minha cama, me jogo nela e não demora eu pegar no sono.

[...]

Solto um resmungo ao que ouço o barulho estridente do despertador, tateio com a mão esquerda até o alcançar e quando consigo cancelo o alarme. Já não tendo vontade de dormir, sento-me na cama e sem querer solto um bocejo.

Como de costume, eu tenho o hábito de ver o nascer do sol então levanto-me da cama e vou em direção à sacada, mas paro quando vejo John na minha sacada, tendo ele de costa pra mim e usando apenas a minha camiseta verde que mais se parece à um vestido em seu corpo. Observo as suas coxas fartas que estão à mostra e sem querer sinto uma vontade de as tocar.

— O que faz aqui? — com um grande esforço eu pôde voltar a realidade e consegui falar. Ele se vira agora ficando de frente pra mim e pelo seu rosto eu vejo que não dormiu, tamanha olheiras que tinha.

— Você ficou chateado porque não respondi a sua questão lá na cachoeira. — ele diz se aproximando. — Pois bem, estou aqui e vou responder. — diz por fim.

— Você não precisa dizer nada. — digo seco, desviando os meus olhos dos dele.

— Eu preciso. — diz firme. — Eu tenho n motivos para não mais voltar para o Richard, não tem como eu voltar e reviver tudo que eu passei. — para e toma o fôlego para continuar. — Ele me estuprava sempre que podia, me agredia tanto física como verbalmente e traía bem nos meus olhos... E de jeito nenhum eu voltaria pra ele. À partir do momento que você me sequestrou, você me salvou sem nem mesmo sabendo. — diz agora deixando as lágrimas tomarem o seu próprio caminho.

Como eu poderia imaginar uma coisa dessas? Ele sofreu nas mãos daquele canalha e eu nem fazia a mínima ideia. Agora sabendo de tudo isso me dá uma certa cessação de imponência, pois eu não pôde e nem tive como impedir que isso acontecesse com ele.

— Mas nem só isso me impediu de responder à sua questão. — diz assim que recuperou.

— E o quê te impediu? — pergunto de imediato.

— Foi de ter percebido que estou apaixonado por você. — diz olhando fixamente nos meus olhos. Sinto o meu corpo todo arrepiar-se, paralisado, a palavra “Apaixonado” ecoa pela minha cabeça. Como isso é possível? Não, eu acho que é só um sonho que certamente vou acordar em breve.

Um psicólogo exótico (Romance Gay/Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora